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Pandemia de Covid-19 faz crescer busca por hospitais de transição

Médicos têm indicado este tipo de instituição para continuidade do tratamento e reabilitação; até 4% dos pacientes necessitarão de reabilitação intensiva sob regime de internação

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Entre os diversos serviços que ganharam destaque durante a pandemia, os hospitais de transição passaram a ser reconhecidos pelo seu importante trabalho de reabilitação de pacientes que se infectaram com o coronavírus, passaram por longos períodos de internação e ficaram com sequelas graves, como perda de funcionalidades e fraqueza.

Estas instituições são destinadas aos pacientes dependentes de cuidados médicos complexos, mas que não precisam estar em um hospital geral. Nelas, eles recebem cuidados multidisciplinares e podem completar o período de recuperação antes de voltar para casa.

Especialistas britânicos estimam que cerca de 45% dos pacientes que recebem alta hospitalar necessitam de algum nível de reabilitação e assistência médica e 4% necessitarão de reabilitação intensiva sob regime de internação (British Journal of Sports Medicine, junho de 2020).

O processo de recuperação do paciente após a Covid-19 vai além dos testes negativos sobre a presença do vírus no organismo. Aqueles que apresentam a forma grave da Covid-19 necessitam de internação em UTI e ventilação mecânica, ficando por semanas acamados. “Por conta disso, podem ser acometidos por fraqueza muscular e respiratória, fadiga, alterações de sensibilidade e importante perda da independência para realização de atividades básicas da vida diária, tais como andar, comer ou tomar banho sem auxílio”, explica o médico intensivista Dr. João Gabriel Ramos, Gerente Médico da Clínica Florence – hospital de transição localizado em Salvador (BA) e especializado no atendimento a pacientes que necessitam de reabilitação intensiva ou cuidados paliativos.

De acordo com Dr. João, que também é membro da Sociedade de Terapia Intensiva da Bahia / Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Clínica Florence já recebeu mais de 80 pacientes neste perfil. Conforme dados preliminares referentes ao ano de 2020, os pacientes admitidos para reabilitação pós-Covid-19, provenientes de hospitais gerais, tinham em média 64 anos: 87% eram completamente independentes antes da doença. Estes pacientes foram transferidos para a Florence após internação prolongada (média de 35 dias no hospital de origem), com 9 em cada 10 pacientes tendo tido passagem por UTI, 78% necessitado de ventilação mecânica invasiva e 53% de traqueostomia.

No momento da admissão na Florence, apenas 37% dos pacientes apresentavam dependência funcional leve ou independência, sendo que 63% apresentavam dependência grave ou total. Após uma média de 35 dias de internação, 48% receberam alta com independência funcional e 38% com dependência leve, embora 14% ainda tenham sido desospitalizados com dependência grave ou total.

O Dr. Fernando Mendonça, médico e cirurgião, se viu do outro lado, como paciente, ao desenvolver a forma grave da Covid-19. Após 45 dias internado na UTI e submetido à intubação, ainda em uso de sonda gástrica, traqueostomizado e com nível elevado de dependência, ele deu entrada na Florence para reabilitação. “Tinha tudo ali, médico 24 horas, exames e equipe completa de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, além de acompanhamento psicológico. E o principal foi a possibilidade de ter minha família por perto, acompanhando minha evolução”, conta Mendonça, que já teve alta e voltou para o domicílio completamente independente.

O tratamento multiprofissional com equipe integrada envolve a participação de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos. Segundo a fisioterapeuta Flaviane Ribeiro, coordenadora de Reabilitação na Clínica Florence, “o protocolo de exercícios, assim como definição de objetivos e metas a serem alcançadas, é desenvolvido especificamente para cada paciente, garantindo uma internação segura e humanizada”. Ainda de acordo com a especialista, o início precoce do tratamento garante melhores resultados.

Para o Dr. Douglas Crispim, CEO da consultoria ASAS Health, que é especializada na implantação e gestão de serviços de cuidados paliativos, é importante destacar que as ações de reabilitação estão alinhadas com os princípios e recomendações dos cuidados paliativos. “Tenho atendido pacientes com sequelas das mais diferentes gravidades e com as consequências tardias da Covid-19. Muitas vezes me pergunto como estaria este paciente caso tivesse acesso à reabilitação precoce de alto nível”, pontua.

Douglas ainda reforça, em especial, a fragilidade causada pelas grandes internações aos idosos. “Temos que lembrar que 25 a 35% dos idosos admitidos em hospitais irão perder sua independência depois da internação, caso sobrevivam. Todos os profissionais são responsáveis por esse número ser menor, indicando reabilitação precoce. Quando isso não ocorre, não é raro que as consequências sejam uma piora progressiva levando o paciente a maior morbidade e mortalidade”, conclui o especialista.

Website: https://www.asashealth.com

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