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Um estudo publicado no European Hearth Journal mostrou que metade dos 148 pacientes com estado grave de Covid-19 tratados em seis hospitais do NHS (sigla em inglês para Sistema Nacional de Saúde) em Londres tiveram sequelas no coração. Segundo o estudo, doenças como como miocardite (inflamação do músculo cardíaco), infarto, isquemia ou uma combinação das três foram detectadas por ressonância magnética feita ao menos um mês após os pacientes terem recebido alta.
As pessoas avaliadas no estudo mostravam níveis elevados de troponina – proteína liberada no sangue quando existe lesão no músculo cardíaco (quanto maior a lesão, maior a quantidade presente no sangue). A ressonância magnética pode identificar diferentes padrões de lesão, o que permite fazer diagnósticos mais precisos e adotar tratamentos mais eficazes.
A função global do ventrículo esquerdo do coração (responsável por bombear sangue oxigenado) era normal em 89% dos 148 pacientes que participaram do estudo, mas cicatrizes ou lesões localizadas do músculo cardíaco estavam presentes em 80 pacientes (54%). O padrão de cicatrização ou lesão tecidual originou-se de inflamação em 39 pacientes (26%), cardiopatia isquêmica, que inclui infarto ou isquemia, em 32 pacientes (22%) ou ambos em nove pacientes (6%).
No Brasil, um estudo publicado em outubro de 2020 mostrou que a ocorrência de injúria miocárdica (IM/lesão) não é incomum em pacientes com Covid-19, e que a elevação de troponina cardíaca (cTn) I comporta-se como preditor de mortalidade dentro de hospitais.
“Para os pacientes cardiopatas, esse achado pode ser extremamente relevante para explicar o aumento da mortalidade por Covid-19, uma vez que pequenas lesões adicionais podem ser relevantes quando somadas à disfunção do músculo cardíaco pré-existente”, afirma o cardiologista intervencionista dos hospitais Sírio-Libanês e InCor (Instituto do Coração), Fabio Brito Jr.
O estudo britânico, por sua vez, mostra que foram encontradas evidências de altas taxas de lesão do músculo cardíaco passados um ou dois meses da alta dos pacientes que participaram do trabalho, explicou a professora de cardiologia da University College London e líder da pesquisa, Marianna Fontana. Ela explicou ainda que “embora parte do achado possa ter sido pré-existente, a varredura de ressonância magnética mostra que algumas eram novas e provavelmente causadas por Covid-19”.
O Dr. Fabio Brito Jr. destaca que pacientes com doenças cardíacas não devem interromper tratamentos prévios, já que, pelo o medo de contrair Covid-19, muitas vezes deixem de ir a consultas com o cardiologista. “É fundamental manter e aprimorar os cuidados clínicos e cardiológicos durante a pandemia, para que outras doenças não atuem como complicadores da infecção por Covid-19”, ressalta.
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