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O ponto fundamental da Reforma Administrativa, que está em planejamento no Brasil, é que o poder público não precisa fazer investimentos em setores onde a iniciativa privada tem mais capacidade de gestão e controle. Esta é a visão do professor Marcos Traad, que tem formação e experiência em Gestão Pública. E que já ocupou várias funções, como a Direção do Detran do Paraná em duas gestões, modernizando o atendimento, e também a carreira de professor da PUC, Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Para Traad, se a máquina estatal não atrapalhar, já estará prestando um bom serviço à nação. E ele alerta para a situação do momento: “A chegada da pandemia de Covid-19 mostrou a importância de contar com um serviço público ágil, qualificado, ético e bem remunerado. E que realmente atenda a todos, nas áreas essenciais. O Brasil agora se deu conta do número impressionante de pessoas que dependem do apoio governamental. E isso mostra que não podem mais ser permitidas atrocidades com o serviço público, setor que é indispensável no atendimento da população. Em momentos de crise é urgente estabelecer estratégias, definir o que é justo, e fazer a reforma que realmente é necessária no momento.
Para Traad, a reforma é urgente para levar resultados à sociedade: “Parte-se do princípio de que o problema se concentra na falta de eficiência, burocracia, alto contingente de servidores públicos, ou nos seus supostos altos vencimentos. E a partir destas hipóteses, a ação de muitos políticos tem sido a de desqualificar a importância dos serviços públicos, na busca de um “Estado Ausente”.
O professor relaciona outros desafios para realizar a Reforma Administrativa no Brasil: “Chegar a uma reforma eficaz no poder público, sem desencadear o justo sentimento de perda de direitos, é uma tarefa das mais difíceis. Primeiro porque hoje só há desconfiança e expectativa de manobras políticas, levando a sacrifícios e objetivos que não resolvem, ou não são cumpridos. E mais uma vez a política vai seguir culpando os servidores públicos como os vilões da história”, acrescenta o professor.
Outro desafio para realizar esta reforma é definir o que realmente é atribuição do Estado, e o que não é, acrescenta Marcos Traad: “O mais comum é não discutir o assunto com consciência, procurando apenas buscar o equilíbrio das contas, através do aumento dos tributos, para financiar o aparato estatal. Mas hoje a questão está no limite, e não há mais como transferir o ônus da crise para a população. É urgente agir sem subterfúgios, que servem somente para enganar o público”.