Novo Ensino Médio: mudanças começam já em 2022
As mudanças no Ensino Médio vão muito além de alterações na carga horária e reestruturação do currículo. Nova metodologia — que viabiliza o protagonismo do estudante e preparação para um mercado cada vez mais competitivo — exige preparo das escolas.
atualizado
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Frequentemente, pessoas que já estão no mercado de trabalho há anos ou décadas relatam que não utilizam grande parte dos conhecimentos que aprenderam durante sua adolescência. Esta crítica, feita por diversas gerações, deve acabar a partir de 2022. O Novo Ensino Médio tem, como um de seus objetivos, solucionar este problema e dar aos estudantes a oportunidade de se aprofundarem em uma área de estudo, de acordo com seus interesses e preferências.
Porém, como em todas as mudanças, o Novo Ensino Médio ainda deixa suscita muitas dúvidas entre adolescentes e suas famílias. Afinal, o novo currículo reduzirá a quantidade de conteúdo e disciplinas? Como os alunos escolherão sua área de estudo? Que vantagens esta nova proposta tem em relação à anterior?
O que realmente muda no Novo Ensino Médio?
As duas primeiras grandes mudanças dizem respeito à carga horária e à reestruturação curricular. O estudante do Novo Ensino Médio terá pelo menos 3 mil horas de aulas ao longo dos três anos, ou seja, mil horas a cada ano letivo.
Porém, nem todos os estudantes terão as mesmas aulas. O Novo Ensino Médio prevê três núcleos de conteúdo: o núcleo obrigatório, o flexível e o opcional.
Núcleo obrigatório
Em 60% desta carga horária, o que equivale a 1.800 horas, o aluno aprenderá sobre as disciplinas da BNCC — a Base Nacional Comum Curricular. Esses serão os conteúdos que todos os alunos deverão aprender ao longo do Ensino Médio. Língua Portuguesa e Matemática fazem parte desta base comum e continuam sendo disciplinas obrigatórias.
Núcleo flexível
As outras 1.200 horas (ao longo dos três anos) serão destinadas ao aprendizado de conteúdos mais direcionados aos interesses dos próprios estudantes. Cada instituição de ensino pode propor dois ou mais itinerários formativos relacionados às perspectivas de futuro dos estudantes.
Na rede da Educação Adventista, por exemplo, o Novo Ensino Médio começará com dois itinerários formativos diferentes. Um deles é o itinerário de Ciências Humanas, com ênfase em Geografia, História e Debates Contemporâneos. O segundo é o itinerário de Ciências da Natureza, com ênfase em Química, Física e Biologia.
Portanto, em vez de ter poucas aulas de Química, Física, Biologia, Geografia e História, o aluno terá uma quantidade maior de aulas da área que ele escolher. Essa característica do Novo Ensino Médio permitirá que os estudantes se aprofundem nas matérias, evitando que eles construam apenas um conhecimento superficial.
O estudante pode mudar de itinerário ao final de um semestre de estudos. Assim, o aluno que não se identificou com a área escolhida tem uma nova oportunidade de encontrar sua verdadeira vocação.
Núcleo eletivo/opcional
No entanto, além dos itinerários formativos, que são flexíveis, as escolas podem ir além. O novo modelo de Ensino Médio permite que as escolas ofereçam disciplinas eletivas ou opcionais, com o objetivo de preparar melhor o aluno para seu ingresso no mercado de trabalho.
Na rede de Educação Adventista da região central de São Paulo, que abrange também unidades em Cotia, São Roque, Ibiúna e Osasco, o projeto prevê a oferta de disciplinas de Empreendedorismo, Ciências Aplicadas, Rumo ao Mundo do Trabalho, Oficina de Escrita e Infomatemática.
Uma das principais vantagens das disciplinas eletivas é a possibilidade de adaptação às necessidades observadas a partir do comportamento do mercado. Esse dinamismo permite que o aluno desenvolva habilidades baseadas em tendências atuais e acompanhe a evolução das profissões.
Como o Novo Ensino Médio muda o paradigma da formação do adolescente?
Porém, a mudança não se refere apenas às disciplinas e carga horária. Valdirene Dias, coordenadora pedagógica das 16 unidades da Educação Adventista na região central de São Paulo, destaca que o principal objetivo é preparar o estudante para se tornar o protagonista de sua vida.
Mais do que uma reestruturação curricular, o Novo Ensino Médio prevê uma mudança na abordagem do conteúdo. Cada itinerário será estruturado a partir dos eixos de Investigação Científica, Processos Criativos e Mediação e Intervenção Cultural. Portanto, em vez da avaliação tradicional, ele será instigado e estimulado a transformar conhecimento em projetos aplicáveis, em ação.
Como fazer com que o Novo Ensino Médio alcance esses objetivos?
No entanto, não adianta realizar essas mudanças no papel se elas não se transformarem em realidade na sala de aula. Um dos principais obstáculos para isso é o próprio material didático — um problema que grande parte das escolas de Ensino Médio está enfrentando, já que a maioria utiliza os livros e apostilas disponíveis no mercado, que nem sempre são condizentes com a nova proposta.
A coordenadora Valdirene destaca que, para que isso não acontecesse na rede adventista, todo o material foi reformulado pela editora da instituição. Tanto a abordagem das disciplinas quanto o sistema de avaliação foi reestruturado para viabilizar o Novo Ensino Médio e permitir o pleno desenvolvimento dos estudantes.
Para solucionar as dúvidas de pais e alunos, a instituição recebeu o Professor Rodrigo Padilha, Mestre em Educação, supervisor da área de Ciências da Natureza, formador de professores e coordenadores com foco em metodologias ativas, ensino híbrido e remoto, avaliação da aprendizagem e alinhamento do currículo à BNCC, autor de cursos e consultor de materiais produzidos pela Nova Escola para um bate-papo no Educast. O episódio completo está disponível em https://ea.org.br/novo-ensino-medio-podcast/
Website: https://ea.org.br/