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Novembro Azul: especialista alerta que é preciso dar foco ao câncer de próstata em tempos de pandemia

Com as atenções voltadas para a Covid-19, 55% dos homens acima de 40 anos abandonaram os consultórios médicos, por isso, urologista enfatiza a importância de redobrar a conscientização e desmitifica tabus sobre a doença

atualizado

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Com o foco concentrado no coronavírus, os populares meses “coloridos” do calendário de Saúde ganham uma importância ainda maior: lembrar as pessoas de se prevenirem de outras doenças, que também podem ser muito nocivas.

É o caso do Novembro Azul, mês tradicionalmente voltado para a luta contra o câncer de próstata, o mais incidente entre homens. Em média, um em cada seis homens é acometido pela doença no Brasil. Em 2018, foram registradas 15 mil mortes em decorrência do câncer de próstata, de acordo com estatísticas do Atlas da Mortalidade. E, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de mais de 65 mil novos casos em 2020.

Diante desse cenário, campanhas de prevenção como a do Novembro Azul se tornam fundamentais, ainda mais em razão da pandemia no planeta. Normalmente, os homens procuram menos por consultas médicas e, em 2020, esse dado teve um agravante, cerca de 55% dos homens com mais de 40 anos deixaram de consultar um médico, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Este dado é mais preocupante se for levado em conta que é por volta dos 40 anos que se recomenda iniciar as consultas e exames de rotina, a fim de se detectar precocemente o câncer de próstata. A partir desta faixa etária é aconselhável realizar o “exame de toque” uma vez por ano, mas isso, costuma ser um tabu entre os homens. Porém, o exame, assim como a avaliação de um urologista são fundamentais na detecção precoce do câncer de próstata.

“O diagnóstico precoce permite a cura em mais de 95% dos casos com o tratamento adequado, porcentagem que reduz drasticamente quando o problema é identificado em uma fase mais avançada e acaba dificultando o tratamento”. Quem faz essa afirmação é o Dr. Willy Baccaglini, urologista especialista em uro-oncologia que atua em hospitais como Albert Einstein, Oswaldo Cruz e São Luiz.

A fala endossa a necessidade de procurar um médico mesmo quando parece que não há nada de errado, pois, deixar para se consultar quando notar algum problema pode acabar prejudicando o tratamento. Isso fica ainda mais explícito em época de pandemia e isolamento social.

No Brasil, há diversos exemplos de como a situação afetou as estatísticas sobre o câncer de próstata. Em Piracicaba, interior de São Paulo, por exemplo, houve uma queda de 20% nos exames de biópsia da próstata em 2020. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram realizados 225 exames desse tipo até o final de outubro. No mesmo período em 2019, foram 278 biópsias.

De um modo geral, cerca de 70 mil casos de câncer no Brasil ficaram sem diagnóstico nos quatro primeiros meses de pandemia, é o que afirma a estimativa da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

O urologista reforça que neste período também é fundamental para os pacientes diagnosticados com câncer redobrarem a atenção e não se descuidarem do isolamento social. “Pessoas com diagnóstico de câncer fazem parte do grupo de risco, por isso, é importantíssimo manter o isolamento e as medidas de segurança, para não agravar o quadro e acabar dificultando o tratamento, em razão de uma contaminação por coronavírus”, ressalta.

Dr. Baccaglini destaca que é de extrema importância desmistificar as informações que giram em torno do câncer de próstata, principalmente para não criar tabus ou medos desnecessários nos homens. Pensando nisso, ele esclarece algumas das principais dúvidas:

• Histórico familiar: assim como outros cânceres se os pais tiveram câncer, aumentam as chances de desenvolver a doença;

• Aumento da próstata: o inchaço na próstata não necessariamente indica câncer de próstata. Com o avanço da idade, a glândula prostática tende a aumentar e isso reflete em sintomas que podem confundir com sintomas de câncer de próstata em estágio mais avançado, já que no início a doença é mais silenciosa: dificuldade de esvaziar completamente a bexiga, necessidade de urinar com mais frequência e durante a noite e incontinência urinária;

• Diagnóstico: ainda é comum alguns homens evitarem o exame de toque retal e pedirem para fazer somente o exame de PSA, mas vale frisar que um não substitui o outro. Os dois juntos dão uma precisão maior aos resultados e avaliações que o médico necessita para o diagnóstico ser exato, pois o PSA sozinho não possibilita afirmar 100% se o paciente tem ou não câncer;

• Impotência sexual: um dos maiores medos dos homens, a disfunção erétil não aumenta a probabilidade de desenvolver câncer no futuro. E não costuma ser um risco para quem enfrenta o diagnóstico de câncer. A cirurgia não necessariamente causa disfunção erétil, e hoje com cirurgia robótica a função sexual costuma permanecer estável ou sofre alterações mínimas, na maior parte dos casos;

• Vasectomia: outro mito que o urologista desmente tem ligação com a vasectomia. O procedimento não é um fator que aumenta as chances de desenvolver câncer de próstata.

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