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Em todo o mundo, a pandemia de Covid-19 promoveu o êxodo de milhões de pessoas do mercado de trabalho tradicional para a modalidade freelancer, sem vínculo empregatício. Segundo o estudo “The State of Freelancing”, elaborado pela GrowTal em parceria com a Opinium, 50% dos profissionais deixaram seus empregos para se tornarem autônomos.
Com o fenômeno, surgem iniciativas como a do LinkedIn – rede social de negócios, utilizada para buscar trabalhos e contatos profissionais – que lançou um serviço voltado para freelancers. O novo recurso, batizado como “Service Marketplace”, promete facilitar o contato entre empresas e profissionais que buscam trabalhos autônomos, possibilitando a criação e busca de perfis de usuários.
No país, o LinkedIn chegou a 51 milhões de participantes, segundo comunicado da própria empresa, que afirma que a comunidade brasileira é a quarta maior do mundo na rede, com um crescimento médio de 14% ao ano, logo atrás dos Estados Unidos, Índia e China.
Nos EUA, segundo a plataforma Upwork, 59 milhões de trabalhadores atuaram como freelancers apenas em 2020, o que representa 36% da força de trabalho norte-americana e gera uma economia de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,65 trilhões). Em 2028, estima-se que o número de profissionais nesta modalidade chegue a 90,1 milhões.
No Brasil, o setor de freelancers também está em alta, conforme indicativos da Workana, plataforma que atua no segmento. Segundo levantamento realizado pela empresa com 2.810 profissionais, 40% dos entrevistados se descreveram como profissionais freelancers, 22,7% como desempregados, 19,7% como funcionários de uma empresa no modelo tradicional em busca de projetos adicionais, e o restante como microempreendedores ou donos de PMEs (pequenas ou médias empresas).
Para Daniel Pereira, especialista em modelos de negócios digitais e autor do livro Tempo é o Melhor Negócio, o crescimento de freelancers no Brasil e no mundo se deve a uma série de fatores. “O trabalho remoto passou a ser uma realidade para a maioria das empresas após a pandemia. Com isso, ferramentas on-line de comunicação, de reunião e de gerenciamento de projetos passaram a ser adotadas em larga escala”.
Além disso, segundo Pereira, fazem parte do fenômeno os profissionais que perderam seus empregos durante a pandemia e migraram para o mercado digital, passando a oferecer serviços como freelancers, dentro de suas casas, sem precisar enfrentar o trânsito diário para se locomoverem até os escritórios.
“Muitas pessoas se mudaram para cidades menores, onde o custo de vida é enxuto e a qualidade de vida e a segurança são maiores. Outrossim, os millennials se encaixam menos no mercado de trabalho tradicional, e já vinham buscando a flexibilidade do mercado digital como um caminho viável para criarem suas próprias carreiras”, explica.
Modelo de trabalho freelancer é tendência em um mundo globalizado
Na visão do especialista em modelos de negócios digitais e fundador da Dropservicing Academy, o regime de trabalho autônomo é uma tendência em todo mundo, considerando fatores como a globalização e a revolução digital acelerada pela crise sanitária.
Pereira chama a atenção para uma pesquisa da McKinsey, que ouviu 800 executivos de negócios de diversos países. “Segundo o estudo, 70% das empresas planejam aumentar sua base de freelancers locais e 22% de freelancers remotos”, cita.
O especialista diz que, para as empresas, é interessante a contratação de freelancers, já que, ao contrário de funcionários tradicionais, estes são pagos por produtividade, com escopos de trabalho e entregas definidas. “Além do mais, as plataformas dão informações detalhadas dos profissionais, como avaliações, qualificações e resumos de projetos, o que torna o processo de seleção muito mais rápido, confiável e simples”.
Segundo Pereira, é possível que empresas passem a atuar somente com freelas. “Uma das vantagens é que, com freelancers, é possível aumentar ou encolher a demanda por especialidades sem ter que passar pelo estresse de contratação ou demissão. Outro ponto é que não é preciso ficar preso a talentos de uma única região geográfica ou investir em espaço físico, mobiliário e equipamentos, entre outros”.
Já para os profissionais, na análise do especialista, o modelo de trabalho autônomo oferece liberdade com mais ganhos. “Ao invés de um único empregador que oferece um salário fixo, o freelancer tem à disposição vários clientes que geram várias fontes de renda. Se você perder um, arruma outro e assim por diante. O risco é menor, a capacidade de gerar renda é uma habilidade que se aprende e se sobrepõe à capacidade de arrumar empregos fixos”.
Ademais, segundo a Upwork, 60% dos freelancers revelam que ganham mais dinheiro depois de deixar seu emprego em tempo integral. “Como autônomo, você passa a aprender a se relacionar com clientes, escolher com quem quer trabalhar e até mesmo ‘demitir’ um cliente se não gostar de trabalhar com ele. O mercado freelancer é descentralizado por si só e isso sempre será superior à concentração de regras e leis”, conclui Pereira.
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