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As mais de 5 milhões de micros e pequenas empresas em atividade no Brasil já contrataram 300 mil novos funcionários neste ano, ou seja, 63,5% de todas as vagas abertas no Brasil em 2022. Com essa reação positiva, os pequenos negócios contribuem para minimizar o desemprego no país, o qual permanece elevado – 11,2% em fevereiro, ou seja, 12 milhões de trabalhadores ainda sem carteira assinada, conforme o IBGE. Os dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados em fevereiro, indicam que o número de pessoas em idade de trabalhar efetivamente ocupadas está em torno de 95 milhões.
De acordo com o Sebrae, um dos motivos do bom desempenho das micro e pequenas empresas na abertura de novos postos de trabalho é a profissionalização. Segundo a entidade, o volume de pequenos negócios abertos por necessidade vem caindo e o empreendedorismo despertado pela oportunidade de mercado vem crescendo. Isso significa que, antes de investir, os micro e pequenos empresários estão analisando com mais atenção o potencial de mercado para o negócio escolhido, e estão se capacitando em cursos e consultorias, alguns fornecidos pelo Sebrae, procurando se preparar para gerenciar com eficiência as áreas operacionais e administrativas.
Permanecer de portas abertas ainda é um desafio para as micro e pequenas empresas brasileiras. Uma em cada cinco quebram no primeiro ano de atividade. Esse número é 50% maior no caso de MEI (microempresário individual). Ao comparar os setores, o Sebrae constatou que as maiores taxas de mortalidade, pela ordem, são: comércio, indústria de transformação e serviços.
Recentemente, em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, disse que a entidade vem trabalhando para reverter esse quadro porque, segundo ele, todo micro e pequeno empresário que administra de forma profissional pode obter sucesso comercial e longevidade para sua empresa. E já existem bons exemplos no Brasil.
Longevidade
Um dos casos mais antigos de longevidade empresarial são os micro e pequenos empresários que trabalham com pátios para guardar veículos para órgãos fiscalizadores de trânsito no estado de São Paulo. Noventa por cento das 400 micro e pequenas empresas do setor estão em atividade há mais de 50 anos.
Fernando Carvalho, presidente da Associação dos Proprietários de Guinchos e Pátios do Estado de São Paulo – Appagesp, observa que “de acordo com a pesquisa Global Family Business, realizada pela PwC, apenas 12% das empresas do mundo chegam à terceira geração, e os indicadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que setenta por cento (70%) encerram suas atividades após a morte do fundador, mas no setor de pátios acontece exatamente o contrário, os dados coletados pela Apagesp confirmam que 78% das micro e pequenas empresas estão indo para a terceira e a quarta geração. Além de prover o sustento dos proprietários e de suas famílias há várias décadas, atualmente os pátios geram mais de 20 mil empregos diretos e indiretos no Estado de São Paulo. Só de guinchos, são quase 15 mil que dependem dos serviços prestados aos pátios. Além de prover o sustento dos proprietários e de suas famílias há várias décadas, atualmente os pátios geram mais de 20 mil empregos diretos e indiretos no Estado de São Paulo. Só de guinchos, são quase 15 mil que dependem dos serviços prestados aos pátios”.
Carvalho diz que “o fato de ser a única fonte de renda, por si só, já é motivo de dedicação integral por parte das famílias a essas micro e pequenas empresas, mas o que faz a diferença é a atualização contínua”. Ele acrescenta que “é frequente a atualização dos micro e pequenos empreendedores em cursos e treinamentos para entender os novos conceitos de gestão, as novas tecnologias, somando-se a isso o reinvestimento de maior parte do faturamento em melhoria da estrutura operacional e de atendimento ao cliente. Hoje a administração é moderna, os pátios estão avançados em tecnologia e processos”.
O presidente da Associação está otimista para os próximos anos. Ele diz que, em 2022, o setor vai investir e ampliar o volume de postos de trabalho entre 10% a 20%. “Deverão ser criados de 2 a 4 mil novos empregos. Como muitos pátios estão em pequenas cidades, as contratações geram impacto no comércio local. É um círculo virtuoso. Todos são beneficiados.”
Empresas mais competitivas
Tendo em vista a relevância das micro e pequenas empresas na geração de empregos, neste mês de abril, o Sebrae assinou acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA) para implementar a metodologia Small Business Development Center (SBDC) no Brasil. O presidente do Sebrae, Carlos Melles, explicou que essa parceria vai disponibilizar capacitação avançada para os micro e pequenos empresários, tornando os pequenos negócios mais fortes.
Ao anunciar o acordo, Melles enfatizou que “as pequenas e médias empresas já respondem por mais de 30% do PIB e mais de 44% da massa salarial. Esses números podem crescer porque estamos firmando parcerias para aumentar a competividade, promover a capacitação, abrir acesso às linhas de crédito e, consequentemente, gerar mais empregos”.
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