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Através do histórico de estudos realizados pelo UNODC, nos últimos 24 anos, a percepção do risco à saúde pelo consumo de cannabis diminuiu cerca de 40%, mesmo com evidências científicas de que o consumo deste tipo de droga, principalmente o consumo a longo prazo, causa danos para a saúde de seus consumidores.
Entre os analistas deste estudo, que é realizado anualmente, comenta-se que um dos fatores que podem ter levado ao aumento no consumo nos últimos anos é o fato de que a percepção da gravidade deste consumo ter diminuído entre jovens e adolescentes.
“A menor percepção dos riscos do uso de drogas tem sido associada a maiores taxas de consumo de drogas. As descobertas do Relatório Mundial sobre Drogas 2021 do UNODC destacam a necessidade de fechar a lacuna entre percepção e realidade para educar os jovens e salvaguardar a saúde pública”, disse a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.
O dado apresentado de 40% de diminuição da percepção do perigo para saúde que a cannabis pode causar refere-se ao estudo feito nos Estados Unidos da América. Outro número relevante para a discussão sobre o assunto é a queda da taxa da percepção de riscos na Europa, que ficou 25% menor no mesmo período de comparação.
Além disso, 43% dos profissionais de saúde entre 77 países que participaram de pesquisas sobre o assunto relataram alta no consumo de cannabis durante a pandemia.
Neste mesmo relatório, foi divulgado o aumento da porcentagem de Δ9-THC, principal componente psicoativo da cannabis na Europa e nos Estados Unidos. Essa maior potência da cannabis nos últimos anos está gerando a discussão entre os especialistas sobre como preencher a lacuna entre a percepção e a realidade de possíveis prejuízos à saúde causados pelo consumo desta droga entre jovens e adolescentes.
Conscientização
Um dos dias mais importantes do ano para o combate à dependência química e o uso abusivo de drogas é o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, que aconteceu em 20 de fevereiro de 2021.
Durante o evento, o psicólogo Guilherme Campanhã, do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps AD) disse que “uma campanha deste tipo chama a atenção para uma problemática recorrente, que nos acompanha todos os dias”. Além disso, Guilherme afirmou que a importância de ter um dia para conscientizar pessoas “possibilita repensar nossa relação com as substâncias psicoativas e promover maior consciência no papel que elas ocupam na vida de todos”.
Perguntado sobre o assunto, o Doutor Silvio Carneiro CRM-MT 10650, Clínico Geral da clínica de recuperação Vida Serena, afirmou que o reforço na conscientização das pessoas e também dos pais de jovens adolescentes pode frear a alta no consumo de drogas em todo mundo. “As pessoas precisam lembrar que as drogas continuam matando e destruindo famílias todos os anos”, disse Silvio Carneiro.
Ainda sobre o Dia Nacional do Combate às Drogas e Alcoolismo, Dorian Gomes, responsável pela clínica de reabilitação Grupo Novo Recomeço avaliou que ter apenas um dia no ano para falar sobre o assunto e alertar as pessoas ainda é pouco e muito mais precisa ser feito para ajudar pessoas que já são dependentes químicas e evitar que outras sigam por esse caminho.
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