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Março é o Mês Nacional de Conscientização da Endometriose, momento para aumentar o conhecimento sobre a condição, que afeta mais de 6 milhões de mulheres no Brasil e mais de 170 milhões no mundo, segundo pesquisas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
De acordo com o Dr. Luis Ronan Marquez Ferreira de Souza, radiologista, membro do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e diretor da Associação Brasileira das Clínicas de Diagnóstico por Imagem (ABCDI), a endometriose acontece quando o tecido endometrial, que reveste o útero, cresce fora do órgão e em outras áreas do corpo, como nos ovários, nas tubas uterinas, na vagina e no colo do útero.
“A causa exata da endometriose é desconhecida, mas seus sintomas são facilmente identificáveis, como cólicas menstruais dolorosas, dor lombar e pélvica crônica, dor durante e após as relações sexuais e sangramento, além de problemas digestivos (diarreia, constipação), inchaço e náusea – todos mais frequentemente experimentados durante a menstruação. Além disso, um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres que sofrem da condição é a dificuldade para engravidar”, explica o médico.
Qualquer menina ou mulher que tem períodos menstruais é vulnerável à endometriose. A patologia é mais comumente identificada, no entanto, em mulheres na faixa dos 30 e 40 anos. Para o diagnóstico, além da ultrassonografia transvaginal, a ressonância magnética também pode ser solicitada quando há suspeita de aumento do ovário e para a avalição da endometriose profunda, que afeta também o intestino. “O exame mostra, de forma mais ampla, o quão comprometido pode estar o sistema reprodutor feminino, bem como outras áreas do organismo, como o intestino, se há presença de fibroses e alterações na pelve e em toda a região abdominal”, afirma Ronan.
Segundo a radiologista e membro do CBR Dra. Patrícia Prando, os exames de imagem devem estar inseridos na rotina de cuidados da mulher. “A endometriose é uma doença enigmática. Pode levar a intensos sintomas com piora da qualidade de vida, mas também pode ser uma doença silenciosa em pacientes em uso contínuo de anticoncepcional oral. Dessa forma, os exames clínicos de rotina e os exames de imagem são essenciais para detectá-la. Do ponto de vista da radiologia, o que a literatura mostra é que, na maioria das vezes, quando os métodos são feitos por especialistas, são equivalentes em eficácia – tanto a ultrassonografia com preparo intestinal quanto a ressonância magnética são capazes de mapear a doença, a depender apenas de particularidades da paciente”, explica a médica.
A Dra. Patrícia afirma que, dessa forma, os exames de imagem são fundamentais, uma vez que a detecção tardia é um problema comum – em alguns casos, pode levar até oito anos para que a paciente seja diagnosticada, algumas vezes com a doença avançada. “Por isso é preciso que estejamos atentos a queixas de cólica quando associadas a um quadro clínico com piora progressiva ao longo das menstruações.”
Além da infertilidade, o diagnóstico tardio da endometriose pode impactar negativamente, de diversas formas, o cotidiano das mulheres. “A dor crônica pode interferir na capacidade de concentração e aprendizado e na prática de atividades físicas e até mesmo levar à dependência de narcóticos. Como a doença pode progredir ao longo do tempo, essas consequências podem se tornar piores”, explica Ronan.
Não há cura conhecida para a endometriose, mas existem várias opções de tratamento, incluindo medicamentos e a cirurgia de excisão laparoscópica, em que os médicos removem o tecido da cicatriz e seu crescimento.
“As mulheres não devem sofrer em silêncio”, alerta a Dra. Patrícia. Para tanto, ela compartilha seis sintomas que as mulheres devem observar, que são mais comumente encontrados durante a menstruação, quando o tecido está mais inflamado, mas que podem ser sinais de alerta para algo mais sério.
1 – Qualquer dor que dure mais de dois dias.
2 – Qualquer dor intensa e aguda que impeça a realização de atividades do dia a dia.
3 – Qualquer dor associada a vômitos ou distúrbio gastrointestinal grave.
4 – Dor durante as relações sexuais nas quais a mulher se sente estimulada.
5 – Dor ao redor dos movimentos intestinais ou constipação durante a menstruação.
6 – Aumento de gases e inchaço associados à menstruação.