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Inteligência Artificial no monitoramento da saúde mental

A importância da inteligência artificial em um mundo cada vez mais digital.

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A inteligência artificial (IA) é um campo de estudo acadêmico que simula inteligência humana através do uso de máquinas, especialmente, sistemas de software, possibilitando que as máquinas aprendam com a experiência, ajustem-se a novas entradas e realizem tarefas semelhantes às humanas. A maioria dos exemplos de IA de hoje, como computadores que jogam xadrez e carros autônomos, depende fortemente de aprendizado profundo e processamento de linguagem natural, onde os computadores podem ser treinados para realizar tarefas específicas, processando grandes quantidades de dados e reconhecendo padrões nesses dados.

O uso da inteligência artificial cresceu no Brasil nos últimos anos, sobretudo a partir de 2020 com a grande demanda digital devido à pandemia de Covid-19, de acordo com estudo realizado pela consultoria americana Frontier View, a pedido da Microsoft, conforme publicação no site TI Inside. Dados desse estudo apontam que a IA terá contribuído com um aumento de 4,2% no PIB do país até 2030.

Além de outros setores da economia, a IA vem sendo usada em grande escala na área da saúde, a qual tem sido palco de grandes inovações tecnológicas devido à corrida no combate ao novo coronavírus, apresentando um enorme crescimento ao longo desse período. De acordo com pesquisa realizada pela plataforma de busca e comparação de softwares Capterra, entre os dias 11 e 15 de dezembro de 2020, na qual foram ouvidos 1004 brasileiros, quatro em cada dez pacientes já interagiram com um chatbot de inteligência artificial ou um assistente virtual pelo site de um médico, plano de saúde ou centro de saúde, a maioria deles a partir do início da pandemia. A pesquisa também analisou o uso da telemedicina no país, mostrando que 55% dos entrevistados já fizeram uma consulta desse tipo. Na Medicina, a IA vem sendo aplicada com sucesso na telemedicina, além de desempenhar importante papel em softwares de gestão e em procedimentos cirúrgicos de menor invasão.

Considerando os enormes problemas enfrentados pela população devido aos efeitos da pandemia de Covid-19, a IA pode desempenhar também um papel fundamental no monitoramento da saúde mental dos brasileiros, unindo a tecnologia e a psicologia. A respeito da sua saúde mental, 53% dos brasileiros afirmam que houve mudança para pior desde o início da pandemia, de acordo com dados de uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos para o Fórum Econômico Mundial. A pesquisa foi feita em 30 países, dentre os quais, o Brasil foi 5º colocado a respeito dos efeitos negativos da pandemia no bem-estar emocional da população.

Além disso, dados de estudos discutidos e evidenciados por especialistas reunidos no evento “Depressão, Saúde Mental e Pandemia”, do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, promovido pelo Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ILP-ALESP) e pela FAPESP, realizado virtualmente no dia 26 de outubro e transmitido ao vivo pelo canal da ALESP no YouTube, mostram que 34% dos fumantes aumentaram o consumo diário de cigarros e 17,6% das pessoas aumentaram o consumo de álcool. O evento ainda aponta que o número de pessoas que realizavam atividades físicas semanais caiu de 30,4% para 12,6%, enquanto que houve um aumento médio diário de 1 hora e 45 minutos de consumo de TV e 1 hora e 30 minutos de consumo de computador e tablet durante a pandemia. Esses indicadores estão correlacionados a sentimentos associados à depressão, onde os adultos jovens, as mulheres e as pessoas com antecedente de depressão foram os maiores impactados em sua saúde mental. Dentre os entrevistados, 40,4% disseram ter sentimentos de tristeza ou depressão, e 52,6% afirmaram experimentar sentimentos de nervosismo ou ansiedade, segundo a especialista e participante do evento Marilisa Barros, professora titular de Epidemiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP).

Com base nesses dados, a Dra. Samira Alves da Silveira Caldeira, renomada psicóloga especialista em neurolinguística, acredita que, na área da psiquiatria, a IA pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento de projetos de combate a transtornos mentais, já havendo estudos e projetos em andamento para implantação da inteligência artificial com essa finalidade. Médicos do Laboratório de Neurociências do IPq – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram um estudo inédito que usa algoritmos de inteligência artificial com a finalidade de identificar jovens que apresentem risco de manifestar graves transtornos mentais, como esquizofrenia, depressão e ansiedade é passo importante para a prevenção e tratamento dessas condições. A pesquisa une o conhecimento clínico à capacidade de o software trabalhar com as informações de maneira a fornecer uma resposta, onde através de uma câmera, o paciente é estimulado a relatar seus problemas e sua análise será feita através de suas expressões e manifestações gravadas e processadas pelo software.

“Por mais eficientes que sejam os softwares desenvolvidos, é indispensável a presença do profissional de psiquiatria ou psicologia para determinar a análise feita pelo software, o qual irá assinar o diagnóstico”, afirma a Dra. Samira.

Segundo a especialista, a presença do psiquiatra ou do psicólogo é de extrema importância em todo o processo de desenvolvimento dos softwares. São esses profissionais que detém o conhecimento específico para a elaboração de uma estratégia digital de análise clínica. A inteligência artificial aplicada em uma determinada área profissional ou setor econômico necessita da operação de um profissional da área para que seus resultados sejam validados.

“Assim como na telemedicina é essencial a presença do médico envolvido em todo o processo dos softwares, incluindo em sua elaboração, na psiquiatria e psicologia não pode ser diferente assim como em qualquer área de atuação. O profissional da área, como o representante da inteligência humana, é quem determinará e validará os resultados obtidos com a inteligência artificial”, explica ela.

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