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Com apenas 15 dias de nascido, o pequeno Ryann de Souza Callado foi diagnosticado com uma doença no coração chamada coarctação da aorta grave, ou seja, uma má-formação congênita em que há o estreitamento da artéria aorta que leva o sangue do coração para o corpo, impedindo a boa circulação. O tratamento necessário era cirúrgico, e começava aí uma verdadeira corrida contra o tempo para planejar o procedimento da melhor forma e salvar o recém-nascido. Foi então que a equipe da Cardiologia Pediátrica do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) – hospital onde o pequeno paciente foi operado – lançou mão de uma ideia inovadora: utilizar um molde impresso em 3D com as dimensões reais do coração do bebê.
Segundo a dra. Aurea Grippa, cardiopediatra e gerente médica do Serviço de Cardiologia Pediátrica do CHN, hospital que faz parte da Dasa, nessa má-formação, o sangue não é enviado suficientemente para o corpo, já que a artéria aorta possui um estreitamento, com isso, o coração aumenta de tamanho. Por causa da gravidade do quadro, o paciente começa a apresentar insuficiência cardíaca, dificuldade para respirar, má circulação e oxigenação do corpo, condições que podem levar à morte se não houver uma intervenção rápida e precisa.
A médica explica que, nesse caso, o tratamento indicado era essa cirurgia para ampliar a aorta com o implante de um enxerto e garantir a boa circulação do sangue. Para a realização da intervenção, o cirurgião precisa de muita informação anatômica para planejar o procedimento.
“A cirurgia tem que ser minuciosamente planejada, o que ocorre com a ajuda de exames como a angiotomografia, que, apesar da excelente visualização pelas imagens em terceira dimensão, não dá ao cirurgião a noção real de algumas medidas e do calibre das artérias, já que usa apenas imagens em tela. Assim, surgiu a ideia de imprimir as imagens do exame em um molde físico do tamanho fidedigno ao do pequeno coração de Ryann. Com o protótipo em mãos, o cirurgião conseguiu estudar melhor a anatomia cardíaca, já que a peça impressa amplia a capacidade de fazer a cirurgia com menos riscos de lesões, melhorando o resultado”, afirma a cardiopediatra.
Depois da cirurgia, considerada um sucesso, Ryann permaneceu internado na UTI Neonatal do CHN por 14 dias e recebeu alta no dia 4 de março. A dra. Aurea explica que o procedimento tem caráter curativo e que o pequeno paciente conseguirá levar uma vida normal e crescer sem sequelas.
A utilização de um molde impresso em 3D para cirurgia cardíaca pediátrica foi inédita na rede privada no estado do Rio de Janeiro. A operação aconteceu no dia 18 de fevereiro, 16 dias depois do nascimento de Ryann, durou cerca de três horas e foi realizada pelo dr. Denoel de Oliveira, cirurgião do CHN. A impressão do coração em 3D foi feita em parceria com o dr. Heron Werner, especialista em medicina fetal do Alta Excelência Diagnóstica, que também faz parte da Dasa.
Desde a sua criação, há dois anos, o Serviço de Cardiopediatria do CHN já realizou cem procedimentos como esse, de alta complexidade. “O nosso objetivo é utilizar os moldes em 3D para todos os casos graves, o que possibilita um planejamento cirúrgico ainda mais preciso e seguro para os nossos pacientes”, finaliza Aurea.