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Encarar o novo normal, fazer entregas dos produtos e migrar para a internet. Empreendedores e as equipes já executaram tudo o que podiam para se adaptarem às alterações bruscas e imediatas das realidades devido à pandemia de covid-19.
Nesse cenário, o “novo normal” é apenas normal, e as novas estratégias para lidar com ele viraram conselhos obsoletos. Essas abordagens serviram para conviver com a turbulência dos acontecimentos, mas o trabalho necessário para se adaptar e prosperar apenas começou – e essa prosperidade depende diretamente da capacidade das empresas em associar os produtos aos problemas que resolvem e fazer do uso um hábito.
Gatilhos e hábitos são inerentes à rotina. É por hábito que liga-se a luz quando está escuro ou escova-se os dentes logo após o almoço. Mas também é por hábito que se abre o portal de notícias favorito no início do dia e que procura-se determinado restaurante quando se sente fome.
Com a chegada do novo coronavírus, as prioridades mudaram bem como o valor percebido de todos os produtos e serviços foi impactado. Essa é uma forma de traduzir a realidade abstrata e incontrolável da pandemia para algo conhecido na realidade empreendedora: hábitos de consumo.
Por isso, a pergunta mais estratégica neste momento é: “quais novos hábitos emergiram e como eles se sustentarão ao longo do tempo?”. Nesse caso, o empreendedor pode considerar três respostas a esse questionamento:
1) O novo hábito é temporário. Este é o grupo que pode ser ativado e reconquistado com mais facilidade e, por isso, precisa ser priorizado. Empreendedores podem aumentar a comunicação, criar ofertas irresistíveis para o momento e engajar em conversas nos ambientes onde os clientes congregam.
2) O novo hábito é definitivo e o negócio pode aproveitá-lo. Muitas empresas poderão aproveitar os novos hábitos ao se adequarem. Portanto, além das alterações na oferta, empreendedores precisam se manter top of mind a fim de evitar a perda de clientes para as novas alternativas mais bem adaptadas ao cenário.
3) O novo hábito é definitivo e não é possível aproveitá-lo agora. Estes casos são provavelmente uma causa perdida. Para reconquistar esses clientes, pode ser necessário criar um novo produto ou reposicionar totalmente a oferta atual, atacando outro problema.
É preciso identificar em qual dos três cenários se situa a empresa e, principalmente, agir rapidamente. As mudanças estão acontecendo: levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) indica que sete em cada dez brasileiros pretende continuar comprando mais on-line do que antes, enquanto estudos mostram que uma pessoa leva 66 dias para adquirir um novo hábito e continuar a fazê-lo quando não coagido, segundo Paul Marsden, psicólogo especializado em consumo da Universidade de Artes de Londres. Assim, independentemente da resposta que mais reflete a realidade nos negócios, a única opção inviável é aguardar.
* Felipe Witt é CMO da Vee, HR tech de benefícios que proporciona flexibilidade e liberdade aos colaboradores das empresas - vee@nbpress.com