Hábito da leitura deve ser incentivado desde a Primeira Infância
Estudos afirmam que cérebro de crianças que têm contato frequente com a leitura desenvolvem mais conexões neurais relacionadas ao entendimento da linguagem, são mais empáticas e trabalham melhor a atenção, concentração e memória.
atualizado
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Muito se fala sobre a importância da leitura para o desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Inúmeros estudos afirmam que, mesmo antes de aprender a ler, ter contato com livros é benéfico em inúmeros sentidos. Mais do que um treino para a alfabetização, essa atividade desenvolve a atenção, a concentração, o vocabulário, a memória e o raciocínio, estimula a curiosidade, a imaginação e a criatividade, ajuda a criança a perceber e a lidar com sentimentos e emoções, auxilia no desenvolvimento da empatia e desenvolve a linguagem oral, além de fortalecer o vínculo entre quem lê e quem escuta. Muitos esperam até que a criança “entenda” um pouco o mundo para começar a ler para ela, mas pesquisas cada vez mais afirmam que essa prática pode começar o mais cedo possível, até mesmo durante a gestação.
Segundo a psicopedagoga Karine Monteiro, que sempre estuda o tema e busca aprender sobre o assunto, a lógica de “ler para a barriga” é a mesma de quando os pais colocam música para o bebê ouvir: ele pode não entender o que é, mas essa não é a questão principal. “Ler para o feto a partir da 20ª semana de gestação, que é quando ele começa a escutar, é uma forma de criar conexão com a mãe e com quem conversa com ele e se acostumar com a cadência das palavras, entender que esse é um momento de paz e de relacionamento. Além disso, com o tempo ele vai se familiarizando com as palavras, com o ritmo de histórias e cria um ritual com a mãe”, explica.
Primeira Infância
A psicopedagoga acrescenta que o hábito deve ser estimulado durante toda a primeira infância. Esse período vai da gestação até os seis anos de idade. Esse conceito está registrado no Marco Legal da Primeira Infância, lei de 2016 que garante os direitos relacionados a essa etapa da vida. Segundo o site Todos Pela Educação, “há uma relação estreita entre cuidado, atenção e aprendizagem durante os primeiros anos de vida. É como o alicerce de uma construção: quanto mais robusto e bem fundamentado, mais peso e altura ele aguentará. Da mesma maneira, a qualidade dos vínculos que a criança estabelece com familiares, cuidadores, educadores e ambientes construirá a base sobre a qual um complexo processo de conhecimento do mundo se erguerá.
Assim, a Educação e a leitura são parte do conjunto de iniciativas que devem amparar a criança na Primeira Infância. Karine Monteiro comenta que ler para os jovens durante a Primeira Infância é importante para seu desenvolvimento educacional, e vem sendo cada vez mais incentivado pelas entidades da área e pelos próprios pais.
Efeito positivo
Um estudo da Academic Societies, dos Estados Unidos, mostra que quanto mais cedo os bebês têm contato com a leitura, mais seus cérebros desenvolverão conexões neurais relacionadas ao entendimento da linguagem. Segundo os pesquisadores, o efeito positivo da leitura para a compreensão da linguagem e expansão do vocabulário é equivalente ao ensino de regras de sintaxe em aulas de gramática.
Para realizar a pesquisa, os estudiosos analisaram entrevistas sobre rotina de leitura feita com famílias com filhos na pré-escola, sendo 40% delas de baixa renda. Os neurologistas analisaram o comportamento cerebral das crianças enquanto escutavam uma história. Os exames constataram que a atividade na parte do cérebro responsável pela compreensão da linguagem era mais intensa nas crianças que tiveram contato com a leitura mais cedo e com maior frequência.
Thainã Porto dos Santos, mãe de Lara Sophie, sabe da importância da leitura e incentivou a filha a entrar no universo dos livros. “Sophie e eu sempre tivemos uma conexão muito grande e a infância nos faz evoluir a ponto de acompanhar os filhos em suas construções das maneiras mais diversas. Com as brincadeiras e leituras de contos esse universo se torna inspirador e permite que as crianças explorem de maneira livre e desprendida seu processo de criação”, comenta. Esse convívio, rotina diária de leitura entre mãe e filha e seu envolvimento no mundo infantil ajudou muito Sophie a não ter medo de criar e ir além do que lhe era apresentado. “À noite eu observava que ao invés de ler contos de fadas conhecidos ou histórias repetidas, Sophie queria inventar, criar seu próprio mundo de fantasia. Isso sempre foi muito divertido. Eu me impressionava com tais habilidades e passei a registrar suas invenções”, conta.
Assim, incentivada pela literatura, com apenas nove anos Lara Sophie escreveu seu primeiro livro. “São muitas as histórias que ela produziu. No entanto, a ideia de trazer algumas dessas para fins de publicação se deu por causa de alguns trabalhos na escola que a motivaram a incrementar suas criações e realizar o sonho de ter seu livro”, explica Thainã. Além do apoio da mãe, a menina contou com o auxílio da sua professora de arte Larissa Negrão, que teve a sensibilidade de explorar esse potencial e despertar o desejo de aprimorar tais escritos. Em breve, a menina irá lançar um conto “Encantos Solares e Pingos D`água”, na Coletânea Contos Extraordinários, Volume II, que fala sobre a formação do arco-íris através da amizade entre o sol e a chuva, bem como o livro infantil Reino de Lilith, pela Editora Albatroz. Segundo Thainã, a obra mostra como a filha aprende com os livros. Na história, a personagem principal mesmo com muitos poderes e podendo fazer e ter o que quiser usa sua magia para o bem e não viola seus princípios, agindo sempre com lealdade.
Lara Sophie é um exemplo de como o contato com a literatura pode trazer benefícios à criança. “O que me emocionou muito nas histórias foi ver minha filha falar de virtudes e princípios de uma maneira criativa e muito espontânea, envolvendo aprendizados que não só ela, mas também os leitores levarão no coração por toda vida”, afirma. A psicopedagoga Karine Monteiro acrescenta que vê diariamente muitas provas de que a prática da leitura é benéfica, com crianças que têm contato com histórias e que leem muito desenvolvidas, criativas e até mesmo mais empáticas, como no caso de Lara Sophie. “Que tal exemplo estimule e inspire outras crianças, despertando também a atenção dos pais quanto à participação nesse desenvolvimento e experiências literárias que marcarão a vida desses pequenos”, finaliza Tainã.
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