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As medidas de distanciamento físico impostas pela pandemia da Covid-19 mudaram o formato da entrega do troféu Darcy Ribeiro que será enviado ao Cacique Raoni Metuktire, personalidade homenageada este ano, símbolo da luta para a preservação do meio ambiente, essencial para a qualidade de vida de toda a humanidade.
O Cacique há mais de quatro décadas é uma das vozes mais ativas da Amazônia. É amigo de expoentes da luta ambiental e respeitado por grandes personalidades do cenário político e artístico mundial. Líder dos povos ameaçados de extinção, defendeu a floresta na ONU e o mundo parou para ouvi-lo.
Reconhecer a importância de Raoni neste contexto é reconhecer e apoiar a luta, que não é só dele, mas de todos aqueles que querem preservar o planeta. A entrega do troféu não será uma cerimônia formal com a pompa que o Cacique merece, já que Raoni é um dos mais de 5 milhões de brasileiros infectados pelo coronavírus e ainda está se recuperando da doença.
A celebração não é anual. Ela acontece apenas quando o Conselho Curador da FUNDAR – Fundação Darcy Ribeiro avalia alguém merecedor da homenagem. “A premiação é uma forma de prestigiar e reconhecer homens e mulheres que comungam dos ideais do professor Darcy Ribeiro. Pessoas que perseguem o sonho de um Brasil autônomo, solidário, vocacionado para a alegria e beleza, modelo que deveria inspirar o mundo a experimentar o que o visionário Darcy chamava de socialismo moreno”, explica o presidente da instituição José Ronaldo Alves da Cunha.
O Cacique Raoni é a quinta personalidade a receber a homenagem. O troféu, criado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, amigo de Darcy, foi concedido anteriormente ao deputado e ex-governador Leonel Brizola, ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, à antropóloga e professora Carmem Junqueira e ao cantor e compositor, e também ex-ministro da cultura Gilberto Gil, ele também um ativista das causas ambientais.
A decisão da Fundação Darcy Ribeiro de premiar, em 2020, o Cacique Raoni, deve-se à sua destacada atuação nos últimos 50 anos em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos indígenas. Este ano o Cacique também concorreu ao prêmio Nobel da Paz, por sua histórica oposição aos ataques territoriais e à crescente pressão e ameaça sobre terras indígenas e unidades de conservação da floresta.
“A luta de Raoni Metuktire remonta à ação indigenista do antropólogo Darcy Ribeiro que, a convite do Marechal Rondon, trabalhou durante dez anos (1947-1957) no antigo SPI – Serviço de Proteção aos Índios, a atual FUNAI, onde fundou o Museu do Índio e realizou diversos estudos etnográficos junto às comunidades indígenas do Brasil. Em 1961, juntamente com o antropólogo Eduardo Galvão e os irmãos Villas-Boas, Darcy Ribeiro redigiu o projeto de lei que deu origem ao Parque Indígena do Xingu, criado no governo Jânio Quadros”, relembra José Ronaldo.