Festival de lives debate cultura e empreendedorismo preto durante a pandemia
Festival Usina de Arte Cultura e Economia Criativa promove seis lives temáticas sobre expressões artísticas, atividades religiosas e empreendedorismo. O segundo encontro virtual será sobre “Empreendedorismo Preto”, hoje, às 21 horas, no canal do YouTube da UPA
atualizado
Compartilhar notícia
O “Festival Usina de Arte, Cultura e Economia Criativa” busca refletir a importância do reconhecimento das desigualdades sociais, políticas, econômicas e culturais e as consequências desse desequilíbrio nas relações sociais e na afirmação dos povos descendentes de africanos do Brasil. “Queremos revelar, através dessas lives, a importância do patrimônio imaterial identitário e a herança dos ancestrais que precisam ser preservadas e reconhecidas por toda a sociedade e pelas futuras gerações”, conta Régis Santos, idealizador do evento. As transmissões serão pelo canal do YouTube da Usina Paulistana de Artes e pela fan page oficial.
“Ser negro no Brasil é compactuar com um lugar de opressão. A luta é diária para ser um lugar de fala, um lugar de protagonismo. Por isso a importância do festival”, completa. O segundo assunto do festival será o “Empreendedorismo Preto”, com a participação da empresária autônoma Mariana Sancar como mediadora do debate. E com a presença dos convidados: Claudia Caetano, proprietária da Art Abanã, Vera Campos, produtora cultural, Danilo Gonçalves, tatuador e dono do estúdio Sauce Tatuaria e Gisele Barthar, dona da Clichêe Acessórios. Entre os assuntos os desafios de pretas e pretos em empreenderem no Brasil e o empreendedorismo como reação às desigualdades sociais ligadas ao trabalho, distribuição de renda, moradia, educação, violência e representação política.
Durante as lives serão apresentados trabalhos, projetos e novidades que os artistas e empreendedores estão realizando na literatura, no teatro e no cinema e as atividades comerciais dos que estão mergulhados no empreendedorismo usando a criatividade para driblar a crise ou mesmo aproveitando o momento para realizar um sonho.
Tudo isso inspirado na ancestralidade e religiosidade trazendo a raiz da herança familiar e o sagrado que também é um dos temas de rodas de conversa da live Afro-Religiosidade, reunindo yalorixás e babalorixás, como força inspiradora. Para encerrar a série de lives, o tema “Carnaval” trará a reflexão de uma das maiores heranças que os ancestrais negros nos deixaram e que esse ano esteve ausente. As lives acontecerão às terças e domingos, com duas horas de duração cada. O projeto ainda será contemplado com um documentário, assinado pelo cineasta Uilson França para eternizar o festival. O projeto tem o apoio da lei de incentivo Aldir Blanc.
A primeira live aconteceu na última terça-feira, dia 16, e teve como temas a marginalização dos escritores periféricos, suas próprias histórias como inspiração para as obras e a construção de narrativas no viés periférico. O debate recebeu o romancista Escritor Sacolinha, Ademiro Alves de Sousa, um dos fundadores do Sarau Elo da Corrente e atuante no movimento de literatura das periferias de São Paulo, Michel Yakini, o professor, produtor cultural de saraus e escritor, Monahyr Campos, professor, escritor, compositor e músico e a poeta “Dinha”, Maria Nilda de Carvalho Mota, doutoranda pela USP e autora dos livros “De passagem mas não a passeio” e poemas contra o “Genocídio da População Negra” entre outros. O professor, consultor educacional e pesquisador Salloma Salomão, Salomão Jovino, mediou a conversa.
Régis Santos
Criou a Usina Paulistana de Artes há 13 anos, em 2004. No espaço cultural acontecem oficinas de teatro, cursos de artes cênicas, debates sobre cultura em geral, saraus, exposições e ainda possui um local para ensaios teatrais. A sede da UPA está localizada no tradicional bairro da Bela Vista, coração cultural da capital, em um casarão do século XIX, construído em 1889 e tombado pelo Departamento de Patrimônio Histórico.
O artista traz em seu vasto currículo importantes peças teatrais como: “Cidadão de Papel”, “Prometeu Enjaulado” e “Torre de Babel”. Também atuou em musicais como “Casa de Brinquedo e Canção para os Direitos das Crianças”, de autoria do cantor e compositor Toquinho e “Os Possessos” com direção de Antônio Abujamra e produções cinematográficas como “Carandiru, o Filme”, entre outras.
Diretor teatral, Régis idealizou a ala teatral mais conceituada do carnaval no Brasil que coordena e dirige há 13 anos o grupo Samba-Cênico, ala teatralizada que por 7 anos desfilou na Sociedade Rosas de Ouro, 2 na Unidos do Peruche e 1 ano na Colorado do Brás com cases de sucesso em suas performances na passarela do samba.
Programação
18/03, às 21h – “Empreendedorismo Preto”
Mediador: Mariana Sancar
Convidados: Claudia Caetano, Danilo Gonçalves, Vera Campos e Gisele Barthar.
21/03, às 16h – “Afro-Religiosidade”
Mediador: Angelita Garcia
Convidados: Iya Denise T´Ogun Botelho, Baba Raphael Ty Odé, Iya Karen D´Osun e Baba Daniel de Oxaghian
23/03, às 21h – “Teatro Preto”
Mediador: Sidney Santiago
Convidados: Dirce Thomas, Jé Oliveira, Lucélia Sérgio e Mario Alves Chocolate
25/03, às 21h- “Cinema Preto”
Mediador: Janaina Refem
Convidados: Renato Candido, Uilson França, Tiély e Jéssica Queiroz
28/03, às 16h- “Carnaval”
Mediador: Régis Santos
Convidados: Solange Cruz Bichara, André Machado, Luciana Silva e Murilo Lobo