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Diante da maior crise sanitária de todos últimos tempos, há que se combater paralelamente outro mal que se dissemina com tanta ou maior velocidade que o próprio Coronavírus, as fakes news.
Com o alto consumo de conteúdo digital, via plataformas, mídias sociais e WhatsApp, a prática ganhou força e tem se mostrado extremamente perigosa, pois além de desinformação, acabam por causar alardes na população e falsos sentimentos, como medos excessivos ou mesmo confiança excessiva.
Chamada de pseudociência no meio científico, as fakes news em sua maioria são muito bem estruturadas, redigidas e disseminadas, com narrativas contundentes e arranjadas de formas atraentes, com elementos que convencem qualquer leigo de sua veracidade, pois trazem em si, em diversos casos, chancelas, logos oficiais, diagramação bem feita e até assinaturas falsas para iludir o interlocutor.
Esse conteúdo é produzido muitas vezes por grupos extremamente organizados, que contam com ex-jornalistas, profissionais de marketing, redatores, diagramadores, diretores de arte e profissionais de TI, são em sua grande parte financiados por pessoas, organizações e partidos, com motivações que podem ser políticas, comerciais entre tantas outras.
A parcela mais vulnerável a esse tipo de desinformação acaba sendo a classe menos instruída, por se alimentar de informação, em grande parte, de conteúdos compartilhados da internet, geralmente de aplicativos de mensagens.
A falta de informação clara, objetiva, massiva das autoridades, instituições e profissionais da área, também são um terreno fértil para a proliferação desse tipo de notícia, por outro lado, quanto mais informação oficial a população tiver, com fácil acesso, em diversas plataformas, o cerco se fecha e as possiblidades de alardes falsos acabam sendo minimizados.
Diversas frentes de combate têm aparecido mundialmente com o intuito de esclarecer aquilo que é falso e o que é notícia de fato, mas devido ao volume de propagações enganosas, nem sempre é possível desmentir tudo. Aqui vale o empenho também da sociedade, para que não dissemine essa pseudociência, vale checar a origem de qualquer notícia, em quais meios elas foram publicadas e na dúvida, não divulgar é sempre a melhor saída.
No Brasil não existem ainda mecanismos legais de combate às fakes news e propagadores de boatos, porém, vem se utilizando de um trecho da Lei de Contravenções Penais para coibir esse tipo de atitude. O artigo 41 da legislação qualifica como contravenção ‘provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto’, a pena pode causar até 6 meses de prisão e em alguns casos serviços comunitários.
Professor da Unicamp, Leandro Tessler, afirma que não apenas a informação massiva por meios oficiais resolve essa questão, pois há grupos de pessoas que acreditam nessas ideias pseudocientíficas veementemente, mesmo sabendo que contrariam as informações oficiais; essas pessoas acabam se organizando em grupos de disseminação e defensoras de teses mal-intencionadas.
“Há que se ter muita responsabilidade na hora de repassar qualquer tipo de notícia, se é tão importante assim e chegou a você, será que não será vista também pelas pessoas à sua volta?”, questiona José de Moura Teixeira Lopes Junior, empresário manauara, residente em São Paulo. “Particularmente eu não gosto de compartilhar praticamente nada que recebo de terceiros no meu círculo de amizades e até mesmo profissional, procuro minhas informações em canais que confio e possuem reputação a zelar, infelizmente nem todos pensam dessa maneira e por isso nos encontramos muitas vezes em uma histeria coletiva, causada por algum alguns mal intencionados”, conclui Mourinha, como o empresário é conhecido.
Outra iniciativa global partiu da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), para combater essa onda de desinformação e propaganda enganosa, produziu mensagens em diversas línguas, que podem ser compartilhadas gratuitamente inclusive pelos meios de comunicação, na tentativa de promover comportamentos mais saudáveis e interromper os danos causados pela infodemia.