Compartilhar notícia
Com a decisão, o país espera migrar o desembaraço aduaneiro para um processo digital, sem papel, que vai oferecer às mercadorias importadas pelo Egito um sistema de rastreabilidade com padrão de segurança equivalente ao de criptomoedas. O anúncio foi feito na manhã de hoje (7) pelo gerente de inovação e tecnologia da Câmara Árabe, Marcus Bulgarelli, em fala no Global Halal Brazil Business Forum em São Paulo, promovido pela entidade e pela Fambras Halal.
De acordo com ele, as aduanas egípcias vão fazer despacho documental pelo módulo de blockchain Easy Trade, integrado à plataforma Ellos, da Câmara. O módulo já processa documentos de cargas brasileiras com destino à Jordânia. No caso do Egito, o processamento será válido não só para cargas com origem no Brasil, mas para todos os países que exportam para o país árabe.
“Isso [a adoção do Egito à plataforma] dá uma perspectiva muito grande. Temos a possibilidade de expandir para todos os 57 países islâmicos. A plataforma tem papel importante para garantir a credibilidade das certificações halal e sanitária dentro do processo comercial do Brasil”, afirmou Bulgarelli. No comércio com o mundo islâmico, a certificação halal atesta que alimentos, fármacos e medicamentos foram produzidos com respeito às tradições do islã, por exemplo, o abate no rito islâmico e a ausência de contaminação com álcool e carne suína, ambos proibidos.
Bulgarelli explicou que na plataforma da Câmara Árabe as certificações halal, de sanidade e origem serão confirmadas na blockchain pelas entidades emissoras, com compartilhamento automático para as autoridades dos países de origem e destino. Hoje esse processo é manual, feito em papel, envolve envios por correio, motoboy e até avião ao país de destino, num processo caro, nada sustentável e não livre de atrasos, que ocasionalmente resultam em custos com detention e demurrage em portos.
O executivo também disse que, em 2022, a Câmara Árabe vai agregar à plataforma Ellos um marketplace de comércio exterior. Ele também sinalizou a possível criação de um sistema de QR Code para dar ao consumidor informações sobre a origem dos alimentos.
“No caso de proteína animal, desde o nascimento do bezerrinho, como se alimentou, como foi seu abate, todo trajeto que fez para chegar até supermercado onde está comprando aquele produto”, disse Bulgarelli. No evento, também foi aventada a possível aplicação da blockchain no processo digital de certificação de produtos destinados a mercados islâmicos.
Uma das possibilidades foi, inclusive, utilizar a ferramenta para guardar imagens do abate linkadas com amostras de DNA para comprovar a origem do animal.
Website: http://www.ccab.org.br