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Embora seja produtor de excelentes vinhos, o Brasil ainda não é um país com tradição de consumo. O consumo per capita de litros de vinho por ano ainda é muito menor do que outros países. De acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o consumo per capita no Brasil é de 2 litros por ano desde o início dos anos 2010. Para se ter uma ideia, na França, esse número chega a 40 litros por ano. Segundo uma outra pesquisa, a do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), apenas 66 milhões, dos 207 milhões de brasileiros bebem vinho regularmente. A cada 100 brasileiros, 20 têm entre 18 e 24 anos. Desse total, apenas 3 consomem vinho com regularidade.
“Esses dados mostram que existe um oceano azul de oportunidades para o crescimento de consumo, que exige pioneirismo, alcance e um projeto bem estruturado de marketing”, explica a especialista em marketing digital Ellien Saccaro.
A comunicação digital pode desmitificar o consumo de vinho no Brasil, trabalhando para captar o público mais jovem, ainda não habituado a beber vinho regularmente. Por exemplo: pouca gente sabe que o espumante brasileiro é reconhecido e premiado mundialmente.
Um bom trabalho nas redes sociais, em conjunto com site e plataformas como o YouTube podem estimular novas ideias de consumo, tornando os vinhos mais acessíveis, descomplicados, sem deixar de preservar tradições e valorizar a produção. “E o melhor: associar a sua marca a esse conceito”, afirma Saccaro.
Com as mudanças trazidas pela pandemia, a internet e os hábitos de consumo em casa ganharam ainda mais importância. Antes mesmo da pandemia, aconteceram algumas campanhas nesse sentido, inclusive envolvendo influenciadores digitais.
Durante o ano de 2020, marcado pela quarentena e mudanças trazidas com a pandemia, o vinho nacional teve um aumento de 66,4% nas vendas do primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul.
O vinho virou a bebida da quarentena, e teve as vendas alavancadas pela web e supermercados, já que o antigo principal canal de distribuição do vinho, os restaurantes, estiveram fechados. “Um dos fatores que contribuíram para a alta foi a visibilidade que os próprios supermercados deram ao vinho além da promoção massiva de canais como clubes de vinho online”, explica Ellien. A venda de vinhos estrangeiros aumentou apenas 8% no mesmo período. Foi o suficiente para o Brasil se tornar em 2020 o maior mercado consumidor de vinho chileno de todo mundo.
Mesmo assim, a maior parte dos rótulos vendidos no Brasil ainda são internacionais: 84% (Uvibra). Nesse contexto, o Brasil já é o terceiro maior mercado do mundo, em números absolutos, de compradores de vinho online, atrás apenas dos EUA e China.
“O mercado consumidor já mostrou que o jovem está aberto ao vinho e utiliza a internet como fonte de pesquisa e compra, no entanto a maior parte da indústria ainda trata o vinho como um produto elitizado, complexo, que exige conhecimento, criando uma barreira potencial para que as marcas sejam apreciadas”, afirma a profissional.
Segundo ela, o passo seguinte é mostrar que, concomitante à riqueza de detalhes da produção de vinho. “Seu consumo é possível de maneira habitual e corriqueira: como a bebida deliciosa que é”, explica Ellien.
“As marcas nacionais de vinho merecem um trabalho de comunicação estratégico para deixar a bebida com um rosto mais moderno, sem desvalorizar sua história. Parece a oportunidade perfeita para a sua vinícola lançar um plano estratégico de comunicação”, conclui a especialista em marketing.
Website: http://www.nuvemmkt.com.br