Com o aumento do desemprego, mulheres investem em desenvolvimento profissional
Para acelerar o crescimento de carreiras femininas e aumentar o número de mulheres em cargos de liderança, o Mulheres no Comando promove eventos e mentorias com altas executivas de grandes empresas, obtendo resultados positivos apesar do desemprego gerado pela pandemia
atualizado
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Uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2019 comprova que o lucro das empresas comandadas por mulheres é 15% superior ao das empresas comandadas por homens. Porém, no Brasil, apenas 13% das empresas têm mulheres como CEO e 60% das empresas do mundo não possui nenhuma mulher em seu Conselho de Administração.
Especialistas apontam que a falta de referências femininas na liderança das grandes corporações é um dos fatores que mais dificultam que mulheres conquistem e se mantenham em cargos executivos. Com o objetivo de trazer referências femininas dispostas a abrir caminho para uma nova geração de mulheres na liderança, Jéssica Paraguassu fundou o Mulheres no Comando, uma comunidade de desenvolvimento profissional para mulheres. Em janeiro de 2020, ela passou a se dedicar integralmente à empresa, dois meses antes do início da pandemia de covid-19 chegar definitivamente ao Brasil.
Segundo dados do IPEA, devido à pandemia, a participação das mulheres no mercado de trabalho regrediu em 30 anos. No segundo trimestre de 2020, 46% das mulheres estavam em busca de trabalho e ainda mais sobrecarregadas com o trabalho doméstico não remunerado que recaiu integralmente sobre elas. Buscando reverter o cenário, a Comunidade Mulheres no Comando começou a promover uma série de programações gratuitas com executivas de grandes empresas, criando oportunidade de acesso a mulheres como: Claudia Woods (CEO da Uber), Flávia Bittencourt (CEO da Adidas), Juliana Azevedo (Presidente da P&G), Katia Vaskys (Presidente da IBM), Daniela Grelin (Diretora Executiva do Instituto Avon), Daniela Cachich (CMO da PepsiCo), Gisselle Lanza (CEO da Intel) e muitas outras.
A partir de maio de 2020, a empresa criou um plano de assinatura e hoje conta com uma rede fixa de quase 200 executivas que oferece mentorias individuais para mais de 300 assinantes. Além dos eventos gratuitos, o grupo organiza Eventos de Networking on-line periódicos com uma metodologia para fortalecimento do marketing pessoal para conexões estratégicas entre as participantes. Tem também uma plataforma com conteúdos sobre carreira disponível para guiar mulheres em busca de crescimento e destaque profissional.
Brunna Cândida é uma das assinantes e chegou à Comunidade num momento muito delicado: “durante toda a minha trajetória profissional, me deparei com empregos onde eu entregava muito e recebia pouco. Quando entrei na Comunidade, estava totalmente sem rumo. Na minha primeira mentoria individual, tive uma conversa esclarecedora e, a partir dela, comecei a estudar a mim mesma e desenvolvi um currículo que realmente me representava. Num dia especialmente difícil, com apenas R$ 250 na conta e sem ao menos um computador, deixei a vergonha de lado e desabafei no grupo da Comunidade. Para a minha surpresa, uma das integrantes me doou um notebook usado. Depois dessas experiências de apoio, eu fui ganhando fôlego para ir atrás do que eu queria. Hoje já recebi propostas de emprego com salário acima do que eu esperava, uma grande reviravolta na minha vida. Enxerguei o meu potencial e hoje posso decidir até mesmo o meu salário”.
Para a fundadora da empresa, Jéssica Paraguassu, o propósito do Mulheres no Comando é justamente ajudar mulheres a despertarem sua capacidade e se tornarem protagonistas das próprias histórias. Internacionalista de formação, ela é também especialista em Gestão de Negócios e Neurociência, trabalhou no mercado das startups de tecnologia por anos. Portanto, seu foco é o mercado corporativo: “existe força e vontade de fazer a diferença dentro das mulheres, mas ainda temos que batalhar por ambientes de trabalho aonde elas possam prosperar.” O Mulheres no Comando surgiu do incômodo de sempre ter mentores homens e estar entre as poucas mulheres sentadas à mesa nas reuniões de liderança. Ela sentia falta de referências femininas em cargos executivos para servir de exemplo: “precisamos valorizar mulheres de destaque não apenas para transmitir os conhecimentos técnicos necessários, mas também habilidades comportamentais fundamentais para a mudança dos paradigmas”. Jéssica acredita que a igualdade de gênero é o caminho para uma sociedade mais próspera e justa, e essa é a diferença que o Mulheres no Comando deseja fazer no mundo corporativo.
Website: https://www.mulheresnocomando.com/