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Ciências exatas: um desafio para as mulheres da América Latina em 2021

Criação de oportunidades iguais e inclusivas para as mulheres deve ser um ponto vital para a indústria de tecnologia

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Gradualmente, as mulheres abriram seu caminho no mundo da ciência, tanto em posições de pesquisa quanto em posições de liderança e inovação que beneficiaram o avanço científico. Mas isto levou bastante tempo e ainda há uma longa jornada a percorrer.

Para Yadira Suárez, diretora de marketing na Vertiv LATAM, o crescimento da economia latino-americana depende do aumento da participação das mulheres nas ciências exatas. “Precisamos desenvolver competências de liderança entre as meninas desde uma tenra idade. A meta é ajudá-las a construir autoestima para desafiar os estereótipos e ousar explorar todas as oportunidades que surjam. Esse é o melhor conselho para as jovens mulheres interessadas em carreiras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM)”, enfatiza.

Depois de vinte anos trabalhando na área de tecnologia, a executiva está convencida de que a educação em STEM precisa ser encorajada. Segundo ela, agora, mais do que nunca, as mulheres precisam estar preparadas para enfrentar novos desafios e oportunidades. “Precisamos de profissionais com a habilidade para resolver problemas, para inovar e para explorar as possibilidades oferecidas por esse setor”, relata.

Yadira, conta que antes de trabalhar para a Vertiv, seus chefes diretos sempre foram homens, mas, em 2019, já na Vertiv e após uma reestruturação na organização, ela teve uma chefe mulher. “No início, achei que seria difícil me adaptar a uma liderança feminina, mas foi ótimo, ela mostrou mais empatia ao tomar decisões e uma melhor compreensão em situações emocionais. Por exemplo, quando adoeci da Covid, ela acompanhou 100% a minha recuperação e me apoiou monitorando, durante minha ausência, das ações que eu estava liderando”.

Gradualmente, as mulheres abriram seu caminho no mundo da ciência, tanto em posições de pesquisa quanto em posições de liderança e inovação que beneficiaram o avanço científico. Mas isto levou bastante tempo e ainda há uma longa jornada a percorrer. Um exemplo disso é o que destaca a revista Muy Interesante, onde alguns dos primeiros sistemas de reconhecimento de voz foram calibrados para vozes masculinas, significando que vozes femininas não eram reconhecidas. “Isso mostra que as decisões técnicas foram baseadas exclusivamente sobre experiências, opiniões e julgamentos de homens, muitas vezes negligenciando as necessidades das mulheres”.

Yadira avisa que para que sejam feitas mudanças pervasivas e duradouras, é muito importante que a riqueza de possibilidades nas carreiras STEM seja mostrada e modelada desde uma tenra idade e ao longo de todo o sistema educacional. “Deve ser mostrado que essas oportunidades não são apenas para homens, apresentando histórias de sucesso como a de Diana Trujillo, uma engenheira aeroespacial colombiana líder da missão NASA Curiosity”.

Adriana Angarita, uma Engenheira de Sistemas e líder anterior da Associação das Universidades Privadas do Panamá, concorda que a educação a partir de uma tenra idade é crucial. “Precisamos encorajar meninos e meninas a compreender que cada um deles precisam tomar uma decisão e que é possível superar as adversidades e alcançar o resultado, uma carreira em STEM. Precisamos ajudar a empoderar as meninas para que se libertem de seus medos, percebam que não precisam ser perfeitas e que precisam escutar a elas próprias, investigar por qual área se sentem mais atraídas e, sobretudo, acreditar em suas habilidades”.

De acordo com o estudo Mulheres em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática na América Latina e no Caribe, por Alessandro Bello, apenas 30% das mulheres na região são estudantes de STEM. Em 2050, 75% dos empregos serão nesse setor e por isso é necessário que tanto as famílias quando os educadores encorajem jovens a se interessar por essas áreas de estudo.

María Noel Vaeza, Diretora Regional Feminina das Nações Unidas para as Américas e o Caribe menciona nesse estudo que as disciplinas de STEM são essenciais para endereçar alguns dos principais desafios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, desde melhorar a saúde e combater as mudanças climáticas até a igualdade de gênero em todos os níveis.

De acordo com os profissionais consultados, as mulheres algumas vezes passam muitos anos estudando em campos relacionados às ciências, especialmente engenharia, mas deixam o setor antes de alcançar posições de gestão porque sentem que há menos oportunidades para desenvolvimento, salários mais baixos e menos exposição no trabalho.

Agora que as ferramentas tecnológicas passaram a ter um papel importante no novo normal, toda a sociedade, especialmente os envolvidos em desenvolver novos talentos, deveriam insistir na necessidade de despertar a curiosidade nos jovens para que continuem usando as ferramentas tecnológicas em benefício do seu desenvolvimento e obtenham as competências que o futuro exigirá.

“É vital que a indústria de tecnologia crie oportunidades iguais e inclusivas para as mulheres. A ciência não tem gênero e esses passos são necessários para o bem-estar e desenvolvimento da sociedade. Vamos criar uma conscientização entre os jovens para que eles acreditem em suas capacidades e desenvolvam todo o seu potencial”, enfatiza Yadira.

Ela destaca que além disso, é importante continuar a fortalecer as políticas públicas na área de ciência e tecnologia para reconhecer as questões de gênero e promover incentivos de forma que as mulheres não precisem decidir entre a maternidade e seu trabalho, bem como garantir oportunidades iguais e uma educação abrangente desde a infância.

* Yadira Suárez é Diretora de Marketing na Vertiv LATAM.

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