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Brasileiros se reinventam em tempos de pandemia para continuar a vender

Em todos os setores do varejo e da prestação de serviços os profissionais precisaram pensar em novas maneiras de chegar até os clientes

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Essa frase foi dita por inúmeras pessoas ao redor do mundo desde que a pandemia devido à COVID-19 começou: “Foi preciso me reinventar”. E a reinvenção aconteceu em diversas áreas da vida: na familiar, na pessoal, na empresarial, na profissional, na social. Pais precisaram adaptar seus horários de trabalho em home office para ajudar os filhos estudando por meio de vídeo, colaboradores passaram a ter o expediente em casa, as festas de aniversário se tornaram íntimas, apenas com as pessoas que moram na mesma casa, e mais.

“Enquanto a vacina não for disponibilizada a todos – ou pelo menos à grande parte da população – será preciso continuar se reinventando. Felizmente o brasileiro é um povo criativo em tempos de crise”, afirma a psicóloga Ana Karina Cunha. Ela mesma conta que precisou alterar sua maneira de trabalhar para que pudesse continuar atendendo aos pacientes em época de distanciamento social. “Passei a fazer consultas por videochamada. Sinto falta do atendimento presencial, mas é preciso nesse momento e muitos profissionais estão dando um jeito de se adaptar.”

Delivery

Caio Moraes, lojista do ramo da papelaria em shopping center, explica que assim que todos os estabelecimentos fecharam em março de 2020, começou a focar em delivery. “Era a única alternativa para que as vendas continuassem, mesmo que de forma muito mais lenta do que num dia normal no shopping”, comenta. Com o apoio da franquia com que trabalha, que foi rápida em criar diretrizes de entregas, atendimentos virtuais, logística e materiais para redes sociais, conseguiu fazer entregas por toda Brasília, cidade onde mora. “E mesmo depois que as lojas reabriram – pelo menos por um tempo -, o delivery continuou e não acho que vá parar tão cedo. Todos nos adaptamos ao que era necessário e vamos seguir em frente”, destaca.

E os clientes também se adaptaram. Carla Mendes, professora, sempre gostou de fazer compras presenciais, principalmente de roupas, mas passou para a modalidade virtual desde o ano passado. “Antes eu não gostava de comprar dessa maneira, mas várias lojas que gosto fizeram as vendas on-line de maneira criativa, segura e em alguns casos até mesmo divertida, então experimentei e adorei”.

De acordo com a Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado e consumidores, o Brasil foi destaque no segmento de delivery na América Latina em 2020. Sozinho, o país foi responsável por quase metade do mercado, chegando a 48,77%. Suas previsões apontam que o setor poderá movimentar aproximadamente US$ 6,3 trilhões de dólares em todo o mundo até o final de 2021.

Literatura

Um dos setores que cresceu nesse período de pandemia é o das artes, inclusive da literatura. Segundo a Nielsen, empresa de dados, informação e pesquisa de mercado, somente em fevereiro deste ano foram vendidos mais de 3,7 milhões de livros no Brasil. O número representa um crescimento de 18,69% no volume de exemplares vendidos em comparação com o mesmo período do ano passado, época pré-pandemia. Apesar do fechamento de inúmeras livrarias físicas, as vendas on-line e de e-books cresceram. Mas os autores precisaram se reinventar.

Priscila Lannes, de São Vicente do Sul, no Rio Grande do Sul, aproveitou a onda do drive-thru e fez um evento do tipo para lançar a obra infantil Três Irmãos e Um Felino, publicada pela Editora Albatroz, em novembro do ano passado. Segundo Priscila, o sistema drive-thru foi escolhido para possibilitar às pessoas um acesso ao livro de forma segura e respeitando as normas de distanciamento sem o público perder a oportunidade de adquirir um exemplar autografado. “Em tempos de distanciamento social é muito importante que a família influencie as crianças no gosto e hábito pela leitura. Vale estimular a sociedade a valorizar os livros e a leitura interativa em casa, pois o livro é alimento para o cérebro e impulsionador de sonhos”, acrescenta.

Já Rodrigo Lima recebeu 300 exemplares do seu primeiro livro de poesias, o Urgia, também publicado pela Editora Albatroz, no dia em que foi decretada no Rio de Janeiro a quarentena ano passado. Ele tinha uma estratégia de vendas focada principalmente em vendas presenciais e eventos. Sem alternativa, fez um lançamento on-line. Mas a pandemia, na verdade, aflorou outro lado do escritor. “Aqui na Baixada Fluminense teve um momento muito específico para mim, que me marcou muito. Um dia quando fui colocar o lixo na rua vi uma senhora catando e abrindo os sacos e recolhendo as sobras, os restos de comida, e ali pensei, ‘como pode alguém ler de barriga vazia? E essa pergunta ficou dentro de mim”. Ele havia guardado exemplares para vender quando puder ter eventos novamente, mas decidiu dar outro destino a eles. “A vida é agora. E agora tem gente passando fome, tem famílias que não têm o que comer. Então eu resolvi abrir a campanha: Poesia é alimento. A cada cinco livros vendidos uma cesta básica é gerada”, destaca.

Quem também focou no lado social foi Sofia Führ Molter, de apenas 15 anos, que já tem três obras publicadas, todas pela Editora Albatroz. Em uma das ações que fez, todos os livros comprados diretamente com ela tiveram 40% do seu valor revertido na campanha do garoto João Emanuel, que tem AME (atrofia muscular espinhal), uma doença genética rara, progressiva e muitas vezes letal. A sua família estava arrecadando dinheiro para poder dar ao garoto o remédio que precisava, o Zolgensma, conhecido como o remédio o mais caro do mundo. Além disso, Sofia divulga livros nacionais em suas páginas e faz lives sobre eles, para incentivar os leitores.

“O fato de muitas pessoas ficarem mais em casa incentivou o crescimento da leitura, não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. Tenho percebido entre meus pacientes que muitos pais estão lendo mais para os filhos ou instituindo um horário de leitura diário, o que é benéfico para todos”, finaliza Ana Karina Cunha.

 

 

Website: https://loja.editoraalbatroz.com.br/

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