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De Londres − O médico Dráuzio Varella comentará em live gratuita nesta quinta-feira (10/12), às 14h, o fato de tanto as populações do Brasil como a do Reino Unido – que iniciou nesta terça-feira (8/12) a primeira vacinação em massa do mundo – estarem entre as que mais consideram necessária a vacina contra a Covid-19, mas também as que tiveram mais desistências entre as pessoas dispostas a se vacinar no período entre agosto e outubro.
Além de discutir como manter os níveis adequados de aceitação da vacina entre os brasileiros até que ela comece a ser distribuída no País, a live promovida pelo site MediaTalks by J&Cia, com apoio do Portal Comunique-se, discutirá também como jornalistas e agências de fact-checking podem colaborar no esforço contra a desinformação. Participarão junto com Drauzio Varella o diretor para a América Latina da organização Repórteres Sem Fronteiras, Emmanuel Colombié, e Natália Leal, diretora de conteúdo da Lupa, uma das maiores agências verificadoras de notícias do Brasil.
A ameaça da desinformação
Em outubro, enquanto 83% dos britânicos consideravam a vacina necessária e 79% se diziam dispostos a tomar a vacina, 82% dos brasileiros admitiam a mesma necessidade e 81% se diziam dispostos a se vacinar. O problema é que os dois países estão entre os cinco de maior queda no número de pessoas dispostas a tomar a vacina em relação a agosto, com diminuição de sete pontos percentuais no Brasil e menos seis pontos percentuais no Reino Unido, quase o dobro da queda global no período, que foi de menos 4 pontos percentuais entre os quinze países pesquisados.
Os dados são da pesquisa Global Attitudes on a Covid-19 Vaccine, realizada entre 8 e 13 de outubro pela consultoria Ipsos por meio de entrevistas online com mais de 18.000 adultos de 15 países, conduzida em parceria com o Fórum Econômico Mundial. Foram ouvidas 1.000 pessoas no Brasil.
Fatores econômicos, políticos e culturais influenciam essa tendência, mas a desinformação nas mídias sociais é uma das causas mais importantes para o fenômeno no Brasil. Segundo a pesquisa do Instituto Ipsos, todos os medos externados pelos brasileiros para não tomar a vacina estão abaixo das médias mundiais, à exceção de acharem que os testes clínicos avançaram rápido demais. O Brasil é o país com o maior percentual do mundo (48%) com esse temor entre as pessoas sem disposição para tomar a vacina, fato que não representa qualquer evidência científica para evitar a sua aprovação, como aconteceu no Reino Unido.
Os brasileiros se preocupam menos do que a média global com efeitos colaterais (27%, contra a média de 34%) e a eficácia da vacina (7%, contra a média de 10%). Também estão abaixo da média dos países pesquisados os brasileiros que se posicionam contra vacinas de modo geral (6%, contra a média de 10%) e os que consideram baixo o risco de contrair a doença (7%, contra a média de 8%). Segundo pesquisa do instituto britânico YouGov, 56% dos brasileiros tinham medo de contrair a Covid-19 em setembro, contra 51% dos britânicos. No Reino Unido, mesmo depois do anúncio da aprovação da vacina, esse percentual permanecia em 49% em 4 de dezembro.