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A tecnologia de blockchain, cujo uso mais comum é no registro de transações financeiras com criptomoedas, está se configurando numa alternativa altamente viável para um dos grandes desafios da humanidade neste século, que é a busca de formas sustentáveis para alimentar a população mundial. A Organização para Alimentos e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) aponta que o mundo precisará de 60% mais alimentos e 40% mais água em 2050, se mantido o atual ritmo de crescimento.
O blockchain é uma forma segura para registrar informações no âmbito das cadeias produtivas agrícolas ou qualquer processo agroindustrial, permitindo rastrear informações desde a origem dos insumos usados em sua produção, o uso de defensivos e de todas as etapas e intermediários. Ter o registro de um produto até chegar ao consumidor final é fundamental para saber sua procedência, verificando, por exemplo, se ele foi produzido em áreas desmatadas ilegalmente ou em condições sanitárias adequadas.
Blockchain, que em português seria “cadeia ou corrente de blocos”, é uma base de dados distribuída que contém um registro permanente de transações à prova de violação. Os primeiros registros de desenvolvimento da tecnologia são do início dos anos 1990, mas a definição se consolidou com a publicação do artigo Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico ponto-a-ponto (Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System, no título original). A identidade do autor, aliás, é desconhecida, pois o nome Satoshi Nakamoto, que consta na assinatura, é um pseudônimo.
Cada bloco de informações, contendo o histórico de cada etapa ou transação, possui uma identificação, como uma impressão digital, formada por uma sequência de caracteres que contém dados criptografados. Cada bloco possui a sua identificação e a do bloco anterior, formando uma corrente. Assim, se a informação em um bloco for modificada, essa corrente é quebrada, revelando a alteração.
Com essa tecnologia, qualquer alimento, grão ou carne animal pode ser rastreada desde o campo até a casa do consumidor final, independentemente da quantidade de etapas de produção, beneficiamento e comercialização e de intermediários que passar. Todo o processo, assim como as sucessivas transações de compra e venda e transporte, podem ser registradas, monitoradas e verificadas.
Corrente de gigantes
A tecnologia de blockchain reuniu as maiores empresas do agronegócio mundial numa iniciativa batizada Convantis. Archer Daniels Midland (ADM), Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, COFCO e Glencore estão desenvolvendo conjuntamente uma plataforma digital que conectará os diversos processos e transações do setor com informações de todos os participantes.
O primeiro teste da plataforma foi realizado no Brasil, com a participação de 11 empresas, entre tradings, originadores e produtores de grãos. Somente as duas grandes produtoras de grãos e oleaginosas, Bunge e Cargill, realizam cerca de 500 mil contratos de compra e venda por ano no País.
O blockchain traz mais segurança para as transações do início ao fim do processo, aumentando a transparência e a confiabilidade dos alimentos, assim como garantir o cumprimento de normas ambientais e condições sanitárias, contribuindo com a sustentabilidade do planeta.
Website: http://www.ariehalpern.com.br/blockchain-para-alimentar-a-populacao-mundial/