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Se o Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol, a Argentina deveria ser chamada de a terra dos treinadores. Segundo um estudo recente publicado pelo Centro Internacional de Estudos do Futebol, na Suíça, o país vizinho tem o maior número de técnicos em atividade do mundo, com cerca de 15 mil treinadores licenciados. No posto de maior exportador de profissionais da América do Sul, a Argentina conta com 68 representantes em 22 países, enquanto o Brasil soma apenas 16.
Celeiro de talentos como Diego Simeone, do Atlético Madrid, e Maurício Pochettino, que fez história no Tottenham, a Argentina tem de sobra o que falta no Brasil: cursos profissionalizantes acessíveis e de qualidade. Enquanto o curso completo da CBF Academy requer investimento total de cerca de R$ 40 mil, e quatro anos de duração, o curso organizado pela Associação de Treinadores do Futebol Argentino (ATFA, na sigla em espanhol) pode ser feito em 39 escolas espalhadas pelo país e inclui três licenças: B, A e Pro. A primeira dura 13 meses (R$ 700/mês); a segunda, 12 (R$ 700/mês); e a Pro, um semestre (R$ 1.400/mês).
Há também a possibilidade de se fazer a formação à distância, em português. Neste caso, por R$ 700 mensais o aluno acessa o conteúdo por um site e faz provas online. Apenas os exames finais são presenciais na Argentina. O currículo inclui disciplinas como neurociência, psicologia e gestão de recursos humanos, além de táticas de treinamento. Os pré-requisitos são ter mais de 18 anos e ensino médio completo. Já no Brasil, para ser admitido pela CBF Academy é preciso ter graduação em Educação Física ou uma carreira como jogador profissional.
O carioca Teo Jubé, de 24 anos, é aluno do curso online para a Licença B da ATFA. “A escola argentina tem prestígio e já revelou muitos treinadores no cenário internacional”, diz. Desde 2019, ele atua como Diretor de Treinamento do Decorah United Soccer Club, em Iowa, nos Estados Unidos. Determinado a elevar o seu passe no exterior, ele resolveu passar uma temporada em Portugal com o objetivo de aprender o método local de periodização tática. “O diferencial deles está no trabalho em bloco, progredindo de táticas simples para mais complexas” diz.
Se na América do Sul, a Argentina lidera na formação de técnicos, na Europa é Portugal quem leva o título de país dos treinadores. Com dois técnicos na elite inglesa e cinco treinadores que participaram da fase de grupos da Liga dos Campeões, atualmente Portugal soma mais de 2 mil profissionais com licenças obtidas no país.
“Para atingir excelência nessa profissão é preciso somar boas práticas de diferentes escolas”, diz Teo, que trabalha para unir a ginga do Brasil com a técnica de treinamento integrado portuguesa e a licença argentina. “Didática, psicologia e entendimento sobre diferentes culturas são elementos chave para o sucesso de um treinador de futebol de elite”, afirma.
Website: https://decorahunitedsoccerclub.myonlinecamp.com/director-of-coaching_teo-jube.cfm