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Ansiedade, humor deprimido e entristecimento são as maiores queixas e motivos de acompanhamento psicológico entre os pacientes internados com Covid-19 no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) segundo mostra o levantamento realizado pela equipe de psicologia do hospital sobre os 320 atendimentos feitos de janeiro a julho deste ano de pacientes acometidos pelo Sars-CoV-2.
Segundo Marcely Quirino, coordenadora de Psicologia do CHN, esses transtornos mentais identificados estão associados à contaminação por Covid-19 e a internações longas. “Notamos que o padrão de comportamento ansioso, a tristeza e a depressão são detectados com recorrência nos pacientes internados com Covid-19. As pessoas, além do medo por terem sido infectadas, relatam também temor por seus entes queridos e sentem-se inseguras por conta da crise mundial. Tudo isso influencia o processo do desenvolvimento humano, desencadeando transtornos psicológicos que precisam de acompanhamento durante e depois da hospitalização”, afirma a psicóloga.
Ainda de acordo com o levantamento do hospital, a faixa etária média dos pacientes com Covid-19 atendidos pela equipe de psicologia em 2021 é de 50 a 65 anos, com maiores relatos de ansiedade, humor deprimido e tristeza. Os dados comprovam que essas queixas perduraram ao longo do último ano, já que 86% dos pacientes atendidos em 2020 no CHN apresentaram os mesmos padrões comportamentais de ansiedade e depressão.
Marcely reforça a importância de cuidar da saúde mental desses pacientes. “O acompanhamento psicológico durante e após a internação por Covid-19 é necessário e colabora para o bom prognóstico do paciente, além de evitar consequências maiores, como a desestrutura emocional na sociedade, já que os distúrbios apresentados podem gerar outras epidemias silenciosas, como de depressão, síndrome do pânico, ansiedade e suicídio.”
A psicóloga Marcely Quirino, do CHN, explica: “A depressão é uma doença psiquiátrica crônica que está relacionada com o lado emocional de uma pessoa. Ela provoca alteração de humor recorrente que, por sua vez, faz com que o paciente se sinta profundamente triste, desesperançoso, pessimista, apático, sem vitalidade e com sua autoestima abalada.”
Segundo a especialista, a pandemia afeta não só os pacientes acometidos pela Covid-19, mas também aqueles que só acompanham as notícias.
“Algumas ações são capazes de aliviar a sensação de ansiedade e tristeza: evitar o excesso de informações; filtrar a quantidade e a qualidade das notícias que se lê ou ouve sobre a pandemia; fazer atividades físicas; utilizar o tempo de forma produtiva; fazer coisas de que gosta; manter a calma e buscar dentro de si o que ainda dá sentido à vida; manter o contato – mesmo que virtual – com os amigos e ter apoio familiar e, se preciso, buscar ajuda. Cada pessoa tem uma capacidade de resiliência, de lidar com situações adversas”, finaliza Marcely.