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Anosmia: além de Covid-19, perda de olfato pode indicar outras doenças graves

Sintoma que ficou amplamente conhecido durante a pandemia também pode estar relacionado à rinossinusite crônica grave, rinite, gripe e até enfermidades neurodegenerativas

atualizado

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Anosmia é a definição médica para a perda completa do olfato. Apesar de o sintoma ter ficado amplamente conhecido durante a pandemia por se tratar de um dos indicativos de infecção pelo novo coronavírus, o otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP), Marcio Nakanishi, alerta que ficar sem sentir cheiros pode também estar relacionado à rinossinusite crônica com pólipo nasal (RSCcPN) e outras doenças, como rinite, gripe e enfermidades neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.

Segundo o especialista, a perda de olfato pode ocorrer por três mecanismos: condutivo, neurossensorial e central, presentes em conjunto ou isoladamente. “A rinossinusite é um exemplo de doença na qual temos duas dessas manifestações. Há a perda condutiva, por existir um bloqueio que impede a chegada do odor na região olfatória, e a neurossensorial, quando as células perdem suas funções decorrente da inflamação do sistema olfatório na cavidade nasal”, explica.

Para Marcio Nakanishi, é possível confundir as doenças por conta desse sintoma em comum. Por isso, além de um diagnóstico completo, estar atento para as diferenças entre a anosmia causada por elas é importante. “A anosmia causada pela Covid-19 acontece de forma súbita e pelo menos metade dos casos apresenta recuperação espontânea. Já a provocada pela rinossinusite crônica grave com pólipos nasais costuma ter início insidioso, progredir lentamente e a melhora está associada com uso de medicações que reduzam a obstrução do nariz e a inflamação na região do sistema olfatório”, alerta.

Além disso, um estudo recente avaliou mais de 52 mil voluntários com Covid-19 respondentes de um questionário em 23 países e demonstrou que a anosmia é o melhor preditor para detectar a infecção pelo novo coronavírus. Por isso, o otorrinolaringologista alerta para o fato de que os pacientes com rinossinusite crônica com pólipo nasal que ficam sem olfato perdem esse importante marcador. “A melhor maneira de você sinalizar que está com Covid-19 atualmente é a anosmia. Portanto, as pessoas que têm rinossinusite e estão com alteração do olfato acabam mais vulneráveis por não apresentarem esse sintoma que pode até ser de proteção”, explica.

Rinossinusite crônica com pólipo nasal

A rinossinusite crônica (RSC) é uma das condições médicas crônicas mais comuns, presente em 2% a 4% da população adulta e caracterizada pela inflamação das vias aéreas superiores, nariz e seios paranasais. A RSC é classificada em dois grupos: RSC com pólipo nasal (RSCcPN) e RSC sem pólipo nasal (RSCsPN).

A doença é uma das enfermidades causadas pela inflamação tipo 2, uma resposta exagerada do sistema imunológico do paciente contra um elemento irritante ou alérgeno, como antígenos, poluição, fumaça de cigarro ou até mesmo estresse emocional. Por isso, muitos pacientes com RSCcPN apresentam também outras enfermidades relacionadas a esse mesmo processo inflamatório. Aproximadamente 50% também têm asma, o que pode levar a um risco aumentado de crises de asma. De 15% a 50% dos pacientes com pólipos nasais apresentam também dermatite atópica.

Além da redução ou perda de olfato e paladar, outros sintomas caracterizam a RSCcPN, como nariz entupido ou congestionado, dor facial e secreção nasal. Estudos revelam que os pacientes com a doença têm sono ruim, com ronco e má respiração; alterações de humor, incluindo fadiga e tristeza; e baixa produtividade no trabalho e nas atividades diárias.

O tratamento para rinossinusite crônica com pólipo nasal é realizado de acordo com a gravidade da doença. Para os casos mais leves, indicam-se corticoides intranasais, que podem não fornecer o alívio adequado em situações mais graves. Em diagnósticos moderados, há a opção de ciclos curtos de corticoides via oral que não são recomendados para uso de longo prazo em função de seus efeitos colaterais. Nos casos mais graves, é realizada uma cirurgia de remoção dos pólipos. No entanto, até 40% de todos os pacientes apresentam recorrência do pólipo dentro de 6 meses após a intervenção.

O otorrinolaringologista chama atenção para a importância do diagnóstico e tratamento adequado. “O diagnóstico e tratamento precoces são importantes para evitar a progressão da inflamação, a perda definitiva do olfato e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, alerta.

Website: http://sanofi.com.br/

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