Compartilhar notícia
Os 2 principais biomas do Brasil, o Pantanal e a Amazônia, fecharão setembro como o pior mês de suas histórias, por conta das queimadas que vêm devastando seus territórios e, com isso, toda a fauna encontrada neles.
Aliando as secas de agosto/setembro à ação humana, o resultado não poderia ser pior, uma tragédia ambiental sem precedentes. De acordo com o MapBiomas (parceria entre ONGs, institutos de territórios amazônicos e empresas de tecnologia), os alertas de desmatamento quadriplicaram em um ano, o que correspondeu a 11 mil hectares de áreas devastadas.
Apontada por alguns como a principal causa do desmatamento em ambas, a expansão do agronegócio que, entre outros sistemas, utiliza a queimada da vegetação nativa para o cultivo de pastos para a atividade pecuária. A área tem se tornado mais atrativa com a redução das inundações que ocorriam na região e que devem diminuir cada vez mais por conta das constantes queimadas que vem sofrendo.
Outra situação comum, é a devastação desses biomas para o cultivo de grãos, a atividade, de acordo com o biólogo André Luiz Siqueira, diretor da ONG ECOA (Ecologia & Ação), vem crescendo de forma descontrolada por conta da sensação de impunidade, uma vez que, por decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União, as queimadas foram proibidas desde 16 de julho, tornando assim o grande desafio, monitorar e controlar uma área dessa magnitude, em meio a fogo e fumaça.
O quadro ainda é agravado pela falta de monitoramento e controle desses incêndios, pois, fora a falta de controle e fiscalização que dão margem a essa prática criminosa, equipes de controle e contenção de fogo sofrem com a precariedade de pessoal e equipamentos, são muitos os focos e por diversas razões, em um território extenso, de difícil acesso e recheado de material orgânico seco e morto por conta do período de seca, natural dessa época.
Em seu discurso da última terça-feira (23/09), na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu parte das queimadas às comunidades indígenas e caboclas, sob alegação que esses povos agem dessa forma no entorno das florestas, em suas próprias pastagens, com propósitos de sobrevivência e subsistência. Ainda em seu discurso, diz adotar tolerância zero para casos criminosos, que serão punidos com rigor.
E não só a questão territorial de áreas verdes que foram comprometidas, com isso, toda a fauna da região sofrerá um desequilíbrio enorme que, apenas com a implantação de políticas sérias e incisivas, poderá se restaurar ao longo de anos, fazendo com que a fauna se reestabeleça e assim o reequilíbrio da cadeia alimentar, dado que uma das espécies ameaçadas é a onça pintada, que se encontra no topo da cadeia e é responsável pelo controle natural de espécies como capivaras e outros animais de nível inferior, para que não explodam em reprodução.
“Nossos negócios na região sempre foram de extrema complexidade não só pelo desafio estrutural em si, mas por tudo que envolve o desenvolvimento dessas áreas, ou seja, sempre houve uma preocupação muito grande em minimizarmos os impactos ambientais, visando equilibrar desenvolvimento com preservação e é com enorme tristeza que vemos que nem todos pensam dessa maneira”, relata o empresário manauara José de Moura Teixeira Lopes Junior, que atua principalmente na região norte do Brasil nas áreas de infraestrutura e logística. “Somos filhos dessa terra e como tal, aprendemos sua importância e grandeza desde pequenos, vivemos isso de perto, por essa razão, mesmo querendo o desenvolvimento da região, nós sempre priorizamos aquilo que nos foi dado como maior patrimônio, que são nossas florestas”, finaliza Mourinha, como é conhecido na região.
O depoimento do empresário vem de encontro com um grande movimento que vem se expandindo mundo afora com a preocupação ambiental. A sustentabilidade vem tomando cada vez mais força em reunião de líderes mundiais, em relações comerciais entre países e o Brasil, de certa forma, precisa assumir o protagonismo que lhe cabe, já que é detentor de um dos maiores patrimônios da humanidade.
Ambientalistas apontam a necessidade de que se estruture a atuação das autoridades nessas regiões de forma permanente, tanto para fiscalização, prevenção e contenção de queimadas desse tipo, mas também com punições mais severas dos responsáveis, endurecimento de leis, visto que a legislação brasileira abre muitas brechas para impunidades e possui penas muito brandas, que em muitos casos, baseiam-se apenas na aplicação de multas para dar o caso como encerrado.