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Alexandre Vidal Porto e seu “Sergio Y. vai à América” ganham a América

O segundo romance do escritor brasileiro ganha os holofotes nos EUA, onde foi lançado em nove cidades. Deve sair ainda em italiano, espanhol e
francês

atualizado

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1 de 1 Nova York - Foto: iStock

Em geral, quando o autor é reconhecido no exterior, ganha o direito de fazer sucesso em seu próprio país. E não é apenas no Brasil. Essa valorização do que já foi consagrado “lá fora” é muito comum. Trata-se de um fenômeno extensamente estudado, por exemplo, por Pierre Bourdieu.

Então, agora, você já pode começar a ler “Sergio Y. vai à América” de Alexandre Vidal Porto, porque o livro está ganhando os holofotes nos Estados Unidos e deve estourar também em italiano, francês e espanhol. A obra, que foi ganhadora do prêmio Paraná de Literatura, em 2012, foi publicada no Brasil pela Cia. das Letras, em 2014. Sua edição em língua inglesa, intitulada apenas “Sergio Y.”, foi lançada neste ano pela Europa Editions e contou com uma turnê americana digna de astro de rock.

Foram onze eventos de lançamento, em nove das maiores cidades dos Estados Unidos. Boston, Los Angeles, Nova York, Washington, Portland, Seattle, São Francisco, Miami e Chicago, onde participou da Book Expo America, o maior evento editorial dos EUA. Como comparação, no Brasil, o livro fora lançado em apenas quatro cidades: São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre.

O prêmio e o sucesso editorial se devem à qualidade literária. Linguagem precisa, imagens detalhadas e bem construídas, variação da linha temporal que prende a atenção, sem confundir o leitor. Mas o sucesso estrondoso no mercado americano é fruto da combinação de dois outros fatores.

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Alexandre Vidal Porto, autor de ‘Sergio Y. vai à América’

O primeiro é a familiaridade do autor com o país, onde viveu por dez anos – como diplomata, em Nova York e Washington, e, como estudante do mestrado em Direito pela Universidade de Harvard, em Massachusetts –, o que lhe confere muita propriedade na descrição de pequenos detalhes das cenas na América. O segundo é seu estilo da escrita, mesmo em português, organizada em estruturas típicas da língua inglesa, com frases curtas e diretas.

Alexandre havia lançado “Matias na Cidade”, em 2005, pela Record, onde já ostentava a linguagem ágil que marca o novo livro. A morte e a dificuldade de seus personagens em integrar a expectativa e a realidade também estão lá.

Divulgação/Cia das LetrasDivulgação/Cia das LetrasNarrada por Armando, um experiente psiquiatra de São Paulo, o fio condutor da obra é sua obsessão com o que ele avalia como um erro médico: “Imperícia médica. A mesma falta que comete o médico que não diagnostica a meningite… Eu falhara no meu trabalho…”. Trata-se, porém, de alguém muito vaidoso e racional para remoer-se em culpa. Ao invés disso, busca compreender exatamente onde falhou. Passa a investigar a história de seu paciente, Sergio Y. Os segredos e os passos de Sergio na América passam a ser os nossos.

Tema central na obra é a transexualidade. Sergio sofre do que é clinicamente chamado de disforia de gênero. A questão, entretanto, não é tratada como tabu. Nem poderia. Alexandre foi apontado como uma das 31 personalidades mais atuantes no Brasil em defesa dos direitos LGBT, como ativista dos Direitos Humanos, tema que aborda com alguma frequência em suas colunas semanais na Folha de São Paulo. Atualmente está licenciado do Itamaraty e vive em São Paulo.

A leitura vale cada uma das 181 páginas. Quase numa sentada. Destaque para o nome dos capítulos, quase uma síntese do que lhe espera nas páginas seguintes. O destaque negativo fica por conta da capa da edição brasileira. Monocromática. Pouco convidativa. Mas não se detenha por isso. Vá fundo. Vale a pena. Boa leitura!

Semanalmente, junto com a coluna, vou publicar um calendário de lançamentos literários em Brasília e uma lista com os livros mais vendidos nas livrarias da cidade. Para que possa divulgá-lo aqui, envie os dados do seu lançamento para o e-mail nevesromulo@yahoo.com.br.

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Erra uma vez

“nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez”

Paulo Leminski
La vie en close (1991)

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