Velhofobia: mais um preconceito a ser combatido
Se Madonna, que é Madonna, sofre com isso, que dirão os reles mortais
atualizado
Compartilhar notícia
Não tenho assistido tanta TV. Então não sei se perdi muitos anúncios do dia das mães, mas do que vi, tive uma sensação meio agridoce.
Minha primeira impressão foi: hummm, realmente a diversidade virou pauta. Tem mãe branca, preta e ruiva, mãe gorda (nem tantas, mas uma ou outra, sim) Mas daí veio o incômodo: e mãe velha?
Já repararam, colegues, que a idade é uma das últimas barreiras do preconceito? Tem campanha pela aceitação das trans, das gordas, dos negros. Mas ninguém se importa muito com a “velhofobia” que a gente vive. Parece que se passou dos 50, acabou a vida.
Se Madonna, que é Madonna, sofre com isso, que dirão os reles mortais? Tempos atrás, depois de levar um tombo durante uma apresentação por causa de um figurino que não funcionou, a cantora foi atacada nas redes sociais. A maioria dos comentários sugeria que ela estava “velha demais” para se pirulitar no palco.Mas musa é musa, né, mores? E olha só como ela respondeu: “Todo mundo pode dizer algo degradante sobre a minha idade. E eu sempre me pergunto por que isso é aceito. Qual a diferença entre isso e o racismo ou qualquer outro tipo de preconceito? Estão me julgando pela minha idade, mas isso só acontece contra mulheres”.
Em outra ocasião, ela mandou essa: “Por acaso alguém chegou para Picasso e disse: ‘Ok, você tem 80 anos, já não pintou quadros demais?’ Não. Estou tão cansada dessa pergunta”.
Reparem que mais uma vez chegamos a ele: o sexismo de cada dia. Homens podem – e devem! – envelhecer. Ah, os fios grisalhos… Tão celebrados nos “coroas charmosos”. Para nós, restam as famigeradas horas no salão para disfarçar os efeitos do tempo.
Vamos repensar? Desconstruir esta barreira, aprender a valorizar experiência, vivência e sabedoria. Preconceitos existem sob as mais variadas peles. E reconhecer a presença da “velhofobia” é essencial para que ela seja combatida.