Dicas básicas para quem quer exercitar o lado mais humano do consumo
Consumir com consciência não é sinônimo de comprar só produtos orgânicos, reciclados ou de pequeno produtores. Significa simplesmente pensar no impacto que sua compra causa em você mesma e no planeta
atualizado
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Tenho batido bastante na tecla do consumo consciente com minhas clientes (e – ainda bem! – isso é uma tendência que vem se mostrando no mundo).
Para quem torce o nariz e acha que isso é papo de eco-radical, vou esclarecer: consumir com consciência não é sinônimo de comprar só produtos orgânicos, reciclados ou de pequeno produtores. Para mim, essa expressão simplesmente significa pensar no impacto que sua compra causa em você mesma e no planeta.Para começar uma vida de lowsumerism, o primeiro passo é refletir antes de abrir a carteira. Aqui vão umas dicas básicas para quem está querendo exercitar um lado mais humano do consumo:
- Conheça a cadeia de produção e seu impacto no planeta. A marca que você escolheu tem histórico de abusar de mão de obra escrava, de utilizar trabalho infantil? Já sofreu punições/ multas por não cumprir regras ambientais?
- Normalmente, etiquetas que indicam produção em países como Índia, China e Marrocos não são bom indício. Estes são lugares com leis trabalhistas brandas, onde as grandes indústrias se firmam para aproveitar (leia-se explorar) o baixo custo do serviço. Também desconfie de tudo que é barato demais. Preço exageradamente baixo vem geralmente com custo humanitário embutido.
- O inimigo público número um do consumo consciente é a compra por impulso, aquela que você faz sem pensar. O vestido que você levou para casa só porque estava lindo na vitrine ou o sapato que veio para dar uma animada em um dia de baixo-astral. Compra a gente deve fazer analisando tudo timtim por timtim: se a peça vestiu bem, se vale o preço que está sendo cobrado, se é realmente necessária.
- Pense na possibilidade de organizar bazares de trocas com as amigas. Pode ser divertido, além de econômico. Chama a mulherada para tomar uns bons drinques, cada uma com sua malinha de roupas “encostadas” e passem uma tarde provando, negociando, fazendo a feira, literalmente. Eu tenho este hábito desde adolescente, antes mesmo de começar a estudar a problemática do consumo e – vou falar – o guarda-roupa das minhas primas já me rendeu muita coisa boa.
- Tente não gastar rios de dinheiro com vestidos de festa. Ter um ou dois no armário não faz mal nenhum. Mas não tem sentido a gente esquentar o cartão de crédito a cada nova ocasião especial. Alugue, pegue emprestado com as mesmas amigas do bazar, com as irmãs, primas. E tenha prazer em colocar os seus para jogo quando for a vez delas. Faça valer a pequena fortuna que essas roupas nos custam.
- Olhe com carinho para brechós e sites de segunda mão. Vale tanto para a hora de comprar quanto para o momento que você já não sabe o que fazer com as roupas que não usa mais. Tem muita coisa de qualidade, em ótimas condições, sendo vendida por aí. Adoro essa opção porque você economiza, aproveita uma peça que já existe (evitando desperdício de recursos que já foram utilizados) e ainda ganha na exclusividade.
Dá para ir treinando, não dá? Sei que não é simples abandonar os velhos hábitos que nos acompanham desde sempre. Mas ó, prometo, é um exercício gostoso. E mais gostoso ainda é a sensação de desempenhar um papel na construção de um mercado menos negativo para o mundo.