Conheci uma garota de regata verde que me deu uma lição de feminismo
Achei a moça simpática e fiquei prestando atenção. Estava sozinha no Samba. Com o litrão de Skol debaixo do braço, ela se divertia horrores
atualizado
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Domingo eu fui ao Samba. Na periferia. Foi bonito de ver a mistura. De raças, de idades, de estilos…Um oásis no deserto de festas classe média que estou acostumada a frequentar em São Paulo.
Mas, enfim, não é sobre isso que eu quero falar. Hoje eu estou aqui escrevendo uma espécie de Crônica da Garota do Maiô Verde ao contrário. É uma Ode à Garota da Regata Verde.
Achei a moça simpática e fiquei prestando atenção. Estava sozinha. Eu podia parar por aqui e já ter motivo suficiente pra ficar admirada. Adoro fazer programas sozinha – cinema, exposições… – mas jamais, digo, jamais tive coragem de ir a uma balada sem ninguém.Reparei nela na hora que esbarrei sem querer, na empolgação do samba. Armei uma expressão de “foi mal”, esperando um olhar atravessado de volta. Mas, ao contrário, me deparei com um sorrisão aberto e um “não foi nada” atropelando meu pedido de desculpas.
Mas foi mais que isso. Com o litrão de Skol debaixo do braço, a garota da regata verde se divertia horrores. Dançou todas as músicas, puxou assunto com várias pessoas e não desarmou o sorriso nunca.
Ela devia ter pouco mais de 1,50m de altura. Mas me pareceu uma gigante tirando de letra um ambiente lotado de desconhecidos. Me esfregou sua confiança na cara, deu uma rasteira na carência (ou solidão, ou como preferirem chamar) e foi sacudir as cadeiras. Ser feliz por conta própria. Porque sim.
Foi uma lição. Ela provavelmente nunca vai saber que fez isso. Mas fez. O Lollapalooza que me desculpe, mas domingo eu gostei mesmo foi de ir ao Samba do Trabalhador ver a garota da regata verde me dar uma aula de feminismo.