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Podcast Crime da 113 Sul: as frágeis provas apontadas contra Adriana e Mairlon

Neste 6º episódio, o Revisão Criminal traz entrevista com Neilor, controverso personagem que passou a auxiliar a Corvida no caso

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Um controverso personagem citado no volumoso processo do Crime da 113 Sul conversou com a equipe de reportagem após quase uma década de silêncio. Neilor Teixeira da Mota, temido morador de Montalvânia, Minas Gerais, ainda hoje é conhecido na pequena cidade como o homem que fala aos quatro ventos que “matou um ministro em Brasília e ficou livre”.

Apesar de, inclusive, já ter revelado em depoimento que sabia dos planos do porteiro Leonardo Campos Alves de assaltar o apartamento da família Vilella, no Bloco C da 113 Sul, Neilor nunca chegou a ser tratado como suspeito pela Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), unidade da Polícia Civil do DF (PCDF) que comandou a última etapa da investigação do triplo assassinato – do ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, da mulher dele, a advogada Maria Villela, e da funcionária da casa, Francisca Nascimento Silva.

Neste sexto episódio do podcast Revisão Criminal, o Metrópoles mostra que Neilor, embora ciente de todos os planos de Leonardo e do sobrinho Paulo Cardoso Santana, foi arrolado no processo apenas como testemunha do caso – e de acusação. Ele depôs contra Adriana Villela, condenada a 67 anos de prisão por ter, segundo entendimento do Tribunal do Júri de Brasília, mandado matar os pais e a empregada da família.

A equipe do Metrópoles conseguiu localizar Neilor em Montalvânia. Durante a entrevista, o controverso personagem disse que a delegada Mabel de Faria, da Corvida, ofereceu-lhe, inclusive, um imóvel para que ele contribuísse com as investigações. “A doutora Mabel ofereceu proteção pra gente. A gente que não aceitou. Ofereceu um lugar pra gente ficar, um lugar mais tranquilo, uma casa com mais reforço. Ela perguntava se a gente queria”, afirmou.

É estranho notar que, nos primeiros dois depoimentos para a 8ª Delegacia de Polícia (SIA), responsável pela prisão de Leonardo e Paulo, Neilor em nenhum momento citou Adriana Villela. Depois, para a Corvida, começou a dizer que Leonardo teria lhe contado que Adriana seria a mandante da barbárie.

Neste episódio, também vamos mostrar o estranho surgimento de Francisco Mairlon no caso. Apontado como um dos executores do Crime da 113 Sul, ele acabou condenado a 55 anos de detenção. O que chama a atenção é o fato de a participação de Mairlon ser pouco detalhada, ao contrário do que ocorre com Leonardo e Paulo Cardoso.

Ouça:

Meses após o crime, o próprio Paulo Cardoso Santana revelou que Francisco Mairlon nunca esteve envolvido no triplo assassinato e que só havia acusado Mairlon após insistência de Leonardo. Durante seu julgamento, Paulo Cardoso chegou a sugerir que, na verdade, o terceiro elemento do crime seria Neilor, mas disse que foi convencido por Leonardo a mentir e dizer que teria sido Mairlon.

“A família dele [Neilor] é violenta. Eu acho que foi por medo que ele não falou do Neilor.” Ainda durante esse mesmo julgamento, Paulo Cardoso relatou que soube do arrependimento do tio por ter feito um inocente ser condenado. “Ele fica pedindo perdão, dizendo que se arrependeu por ter feito isso com o Mairlon.”

Prisão dos assassinos

No episódio anterior, Revisão Criminal mostrou como o surgimento repentino da 8ª Delegacia de Polícia (SIA) nas investigações do Crime da 113 Sul provocou uma crise profunda na Polícia Civil do Distrito Federal. Por outro lado, apesar de ter sido considerada uma interferência polêmica, foi a unidade policial responsável por prender os verdadeiros assassinos.

Trazido para Brasília, Leonardo respondeu algumas perguntas na delegacia. Aos repórteres, descartou veementemente a participação de mais pessoas na barbárie cometida no apartamento do Bloco C. “Não foi nada planejado. Não foi nada arranjado. Não foi nada encomendado nem mandado por ninguém”, disse Leonardo ao ser questionado por uma repórter se Adriana Villela seria a mandante do assassinato dos próprios pais.

Paulo Cardoso, nos seus primeiros depoimentos à polícia, também era enfático ao descartar qualquer participação de Adriana no crime. Nas oitivas iniciais prestadas à delegada Mabel de Faria, que dirigiu a última fase das investigações do caso, o acusado dizia que a intenção era roubar e que não agiram a mando de ninguém. “Foram só nós dois [Paulo e Leonardo]. Fomos para roubar.”

Mesmo estando presos em locais diferentes e, portanto, impossibilitados de combinar depoimentos, Leonardo e Paulo apresentaram essa versão nos primeiros três interrogatórios. A partir do quarto, começaram a apontar Adriana Villela como mandante do crime.

Para a defesa de Adriana, tal mudança tem explicação: a pena para quem mata a mando de alguém é menor. Advogados de Montalvânia que atuaram na defesa de Paulo Cardoso Santana também contaram ao Metrópoles terem estranhado a insistência de Mabel para que Paulinho dissesse que assassinou o trio porque recebeu para isso.

“Ela [Mabel] chegou e me pediu para conversar com o preso, o Paulinho, e explicar para ele que, no crime de mando, a pena seria menor do que a de latrocínio. Eu falei com o Paulinho sobre isso, e ele foi taxativo em dizer que não tinha mandante, que quem matou teriam sido só ele e o Leonardo. Não citou nome de outra pessoa”, afirmou o advogado Geraldo Flávio, que representava Paulinho à época.

72 facadas

No quarto episódio, o podcast Revisão Criminal – Crime da 113 Sul contou a dinâmica do triplo homicídio.

Nos primeiros depoimentos logo após sua prisão, Leonardo narrou como assassinou o ex-ministro, a advogada e a funcionária da família. Pontuou ainda que Francisca só morreu porque chegou poucos minutos antes de eles deixarem o imóvel.

Num dos relatos mais chocantes, Paulo Cardoso disse aos policiais que José Villela já aparentava estar morto, mas, ainda assim, ele resolveu desferir outros golpes para ter certeza de que o ex-ministro estava mesmo sem vida.

Os assassinos confessos também relataram que Maria Vilella tentou correr, mas foi alcançada e esfaqueada na costela. Já ferida, teve de juntar todo o dinheiro e as joias da casa e entregar aos bandidos. Depois, os criminosos golpearam a advogada mais vezes.

Já no terceiro episódio, foram apontadas as contradições de Leonardo em diferentes oitivas

Reviravoltas

Uma tragédia marcada por reviravoltas, erros, vaidades e mentiras. O crime da 113 Sul, um dos mais complexos e bárbaros ocorridos na capital do país, ainda desperta mais dúvidas do que certezas, mesmo após 11 anos do caso e de quatro pessoas terem sido condenadas pelo triplo assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, da esposa dele, a advogada Maria Villela, e da governanta do casal, Francisca Nascimento.

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A reportagem do Metrópoles, durante um ano, ouviu as 103 horas de áudios do julgamento de Adriana no Tribunal do Júri e conversou com importantes testemunhas que, até então, pouco foram exploradas na cobertura da mídia. O material coletado virou o podcast Revisão Criminal – Crime da 113 Sul.

Ouça o primeiro episódio aqui.

Ouça o segundo episódio aqui.

Ouça o terceiro episódio aqui.

Ouça ao quarto episódio aqui.

Ouça o quinto episódio aqui.

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