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Voos cancelados “prendem” brasilienses em Portugal e Peru

Um grupo de 23 pessoas – 20 delas idosas – está preso em Lisboa. Um dos integrantes desabafa: “Estamos desesperados para voltar ao Brasil”

atualizado

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Grupo de idosos presos em Lisboa
1 de 1 Grupo de idosos presos em Lisboa - Foto: null

A pandemia do novo coronavírus atingiu diretamente um grupo de turistas brasileiros no exterior. São 23 pessoas (foto em destaque), das quais 20 são idosas, que estão presas em Lisboa, depois de a companhia aérea TAP Air Portugal cancelar voos.

O grupo havia partido em um cruzeiro de Recife no dia 4 de março. Atracaram em Portugal no dia 15, em plena crise do Covid-19 na Europa. Desde então, os turistas sofrem sem poder voltar ao Brasil.

Elma Janara, 39 anos, é dona da agência de turismo e acompanha o grupo desde o início da viagem. A mulher conta que a companhia aérea portuguesa cancelou as passagens compradas, porém, não remarcou nem reembolsou os turistas.

“Estamos bem, mas desesperados para voltar ao Brasil. A TAP cancelou as passagens e ficou por isso. Já fui ao aeroporto, fiquei durante seis horas lá e não resolveram nada. Estamos desesperados porque nosso pacote vai até dia 22 de março com um empresa que está nos auxiliando. Depois disso, não sabemos o que vamos fazer”, desabafou Elma.

A empresária destacou que 20 pessoas do grupo são estão no grupo de risco por causa da idade. Além disso, eles passam por situações humilhantes porque saíram de um cruzeiro.

“Nesses dias, chegamos a um estabelecimento onde os responsáveis fecharam os banheiros para não usarmos. Acham que, por termos vindo de um cruzeiro, estamos infectados. Só queremos voltar para o nosso país”, completou.

Inicialmente, os brasileiros eram 63. Entretanto, muitos pagaram por outra passagem para voltar antes. Para isso, desembolsaram valores altos, na casa de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Alguns permaneceram em Lisboa e tentaram comprar bilhetes, mas todos os voos estão sendo cancelados.

Eles deveriam ter desembarcado em Lisboa no dia 14 de março, mas até isso não aconteceu como esperado. O grupo desceu em Cádiz, na Espanha. De lá, pegou um ônibus e foi para a capital portuguesa.

Respostas

Em resposta à reportagem, a companhia aérea TAP aconselhou o grupo de brasileiros a entrar em contato com a agência de turismo para que o contato seja feito com a empresa.

A TAP garantiu que pensa em alternativas para que os turistas voltem ao Brasil. Também foi explicado que, caso necessário, o dinheiro das pessoas que tiveram voos cancelados será reembolsado.

Confira os voos cancelados para o Brasil pela TAP:

Porto – São Paulo: até 16 de junho
Porto – Rio de Janeiro: até 16 de junho
Lisboa – Salvador: até 28 de abril
Lisboa – Natal: até 28 de abril
Lisboa – Belém: até 28 de abril
Lisboa – Fortaleza: até 28 de abril
Lisboa – Recife: até 28 de abril
Lisboa – Brasília: até 28 de abril
Lisboa – Belo Horizonte: até 28 de abril
Lisboa – Porto Alegre: até 30 de junho

Em nota à reportagem, a CVC afirma que tem acompanhado de perto e atuado para remarcar e embarcar os passageiros de volta ao Brasil.

“Esse trabalho está sendo realizado em cooperação com as companhias parceiras, com o objetivo de atender nossos clientes com brevidade e segurança, considerando o cenário de reduções de voos internacionais e restrições de trânsito impostos por diversos governos ao redor do mundo”, afirma o comunicado.

Caos no Peru 

Turistas brasileiros que estão no Peru também vêm sofrendo os impactos do Covid-19. Lauane de Oliveira, 25, viajou para Cusco no dia 12 de março. A brasiliense foi pega de surpresa com o decreto do governo peruano que fez com que os turistas não conseguissem deixar o país.

“O governo peruano soltou um decreto no domingo falando que os turistas tinham 24 horas para sair do país. O problema foi que não tivemos meios para sair daqui. Minha passagem da Latam foi cancelada. Fui ao aeroporto e nada foi resolvido. A situação aqui é caótica. Não temos apoio do governo brasileiro nem do peruano”, reclamou a enfermeira.

Ainda segundo a brasiliense, a situação piora a cada dia. Hotéis estão expulsando turistas e se negando a acolhê-los, pois, pelo decreto, os funcionários não podem trabalhar nas redes. A falta de dinheiro também é um problema grave. Lauane e o namorado só terão recursos para ficar mais cinco dias no país.

“Tivemos que correr para arrumar um hotel. A maioria não aceita nenhum turista. Por sorte, encontramos uma mulher que cobra US$ 23 por dia para ficarmos. A comida está acabando nos mercados. Isso porque a entrada em mercados é limitada”, completou.

A situação de Lauane não é a única no Peru. Vários turistas passam por necessidade. Um grupo no WhatsApp foi criado para que haja interação entre as pessoas que estão lá. Existem relatos de escassez de comida, que chega a ser preparada com água de chuveiro.

A Latam enviou nota à reportagem afirmando que trabalha para resolver o caso. “A Latam informa que está em contato com as autoridades do Brasil e do Peru para analisar a viabilidade da repatriação de seus clientes que não conseguiram retornar aos seus países de origem por conta do recente fechamento das fronteiras peruanas”, diz o comunicado.

O que diz o Itamaraty

O Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Lima está acompanhando a delicada situação dos turistas brasileiros após a decretação do estado de emergência por parte do governo peruano. De acordo com o serviço de migrações do Peru, há atualmente 3.770 turistas brasileiros naquele país.

A embaixada brasileira conseguiu a autorização para a saída dos turistas brasileiros. No momento, continuam as conversas com companhias aéreas, com o objetivo de mobilizá-las a viabilizar o rápido regressos dessas pessoas.

“Além disso, a Embaixada em Lima está solicitando às autoridades peruanas que atuem junto a associações de hotéis em Cusco para que assegurem a necessária hospedagem aos turistas brasileiros durante a estada no Peru”, diz nota do ministério.

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