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Fase vermelha no Ano Novo em SP é “tapar o sol com a peneira”, diz médico

O estado de São Paulo voltará à fase vermelha entre 1 e 3 de janeiro, período que cobre o Ano Novo

atualizado

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O retorno do estado de São Paulo à fase vermelha da quarentena pela Covid-19 no sábado (1º/1) é visto por especialistas como uma medida incompleta. Para o médico infectologista do hospital Emílio Ribas Jamal Suleiman o fechamento de serviços não essenciais deveria valer por pelo menos 14 dias corridos. 

“O governo de São Paulo está tapando o sol com a peneira. O ideal seria estabelecer uma restrição por período mais longo, no mínimo duas semanas, que é o período de incubação do vírus. Em resumo, não há impacto positivo entrar na fase vermelha por três dias, depois voltar para a laranja e retornar mais três dias no vermelho”, afirma. 

O estado regrediu à fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva, no período de Natal, entre 25 e 27 de dezembro. A medida voltará a valer no Ano Novo, de 1 a 3 de janeiro. Com isso, apenas serviços essenciais, como supermercados, serviços de saúde e de construção civil.

A ação foi tomada pelo governador João Doria (PSDB) para frear o avanço dos casos confirmados e de mortes pelo coronavírus. 

No feriado de Natal, a Vigilância Sanitária Estadual de São Paulo realizou mais de 3,3 mil fiscalizações e aplicou 90 multas em estabelecimentos. Esses locais fizeram, por exemplo, festas clandestinas e permitiram aglomeração de pessoas. Entretanto, 20 municípios descumpriram as normas do Plano São Paulo e serão notificados pelo Ministério Público. 

Em nota, o governo de São Paulo afirma que as prefeituras são responsáveis pela fiscalização, mas que reafirma o apoio para ações conjuntas. “O Estado alerta que a quarentena segue em vigor e que a conscientização da população é fundamental para a preservação de vidas […] O integral cumprimento das normas é fundamental para a contenção das taxas de contaminação da covid-19 em todo o estado”, informa ao Metrópoles. 

Preocupação em janeiro

O infectologista Leonardo Weissmann, que também é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBL), compartilha a mesma linha de pensamento de Suleiman. De acordo com ele, a fase vermelha temporária deveria servir para alertar a população para a gravidade da pandemia em São Paulo. Porém, o que se viu foi o contrário. No domingo (27), o índice de isolamento no estado foi de 49%. 

“O que deve acontecer, com mais pessoas agora em aglomerações e sem usar máscaras, é um novo aumento no número de casos. Infelizmente, muito mais gente vai perder a vida para a covid. Os efeitos serão vistos daqui a duas semanas, quando os sintomas começam a se manifestar. Existe a possibilidade de o sistema público de saúde entrar em colapso em São Paulo”, avalia. 

Até a manhã de quarta-feira (30), as taxas de ocupação dos leitos de UTI eram de 65,2% na Grande São Paulo e 61,4% no estado, informou o governo. 

Fase vermelha no réveillon 

Mas com a proximidade do réveillon, Suleiman reforça a necessidade de ficar em casa na virada para 2021. Portanto, as medidas restritivas devem ser vistas como proteção à vida, e não como “ações ditatoriais”. 

“Eu não entendo quando vejo pessoas que vão à praia e a festas. Não sei o que vão comemorar, eu não tenho nada a comemorar. É necessário que entendam que se você vai a uma festa, por exemplo, isso não é problema seu, é problema nosso”, diz o infectologista. 

Até quarta, São Paulo registrou 46.977 mortes e 1.452.078 casos confirmados de coronavírus. Por outro lado, em dezembro já foram totalizados mais de 4 mil óbitos, 57% a mais do que nos três primeiros meses de pandemia. 

 

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