Covid-19: DF pode ter até 24 mil pessoas que testaram falso negativo
A estimativa é baseada na taxa de falsos negativos prevista pelo fabricante dos testes aplicados no DF
atualizado
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Na pandemia do novo coronavírus no Brasil, testagem em massa nem sempre significa notificação precisa do número de casos. O teste rápido utilizado pelo governo do Distrito Federal nos postos itinerantes e de drive-thru, por exemplo, identificou, até a última terça-feira (02/06), 11,3 mil infectados. O valor, no entanto, pode ser bem maior.
Segundo informação da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a tecnologia utilizada em pelo menos 177,4 mil testes feitos desde o dia 22 de abril, quando os primeiros foram disponibilizados, tem uma taxa de falso negativo de 13,6%. Ou seja, é possível que mais de 24 mil pessoas na capital do país tenham tido contato com o Sar-CoV-2 sem saber.
O cálculo, feito pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, tem como base os balanços diários da testagem itinerante e dos postos de drive-thru.
Alexandre Cunha, infectologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, aponta que a taxa de falsos negativos nos testes utilizados no DF “é alta, mas está dentro do que os exames atuais oferecem”. O problema decorrente disso, prosseguiu ele, é que “uma estimativa mais baixa do que a real pode levar a medidas inadequadas de liberação ou restrição de distanciamento”.
Testes rápidos e taxa de erro
Os exames feitos nos postos do DF, os chamados testes rápidos, são usados para detectar anticorpos do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Ou seja, não identificam a presença do vírus, mas sim se a pessoa já teve contato com ele e se desenvolveu algum tipo de defesa.
Por causa da taxa de falsos negativos, a própria nota da Anvisa sobre a liberação do uso no Brasil advertiu para as limitações do procedimento.
“O diagnóstico de Covid-19 não deve ser feito por uma avaliação isolada dos resultados dos testes rápidos. No estágio inicial da infecção, falsos negativos são esperados em razão da ausência ou de baixos níveis dos anticorpos e dos antígenos de Sars-CoV-2 na amostra. E o resultado do teste positivo indica a presença de anticorpos contra o Sars-CoV-2, o que significa que houve exposição ao vírus, não sendo possível definir apenas pelo resultado do teste se há ou não infecção ativa no momento da testagem.”