Turismo pós-pandemia será impulsionado por viagens curtas e mais simples
Pesquisa aponta que 70% das pessoas vão passar a valorizar o hábito de viajar e desejam aumentar a frequência
atualizado
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A pandemia causada pela Covid-19 tem afetado diversos setores da economia e o turismo está entre os mais impactados. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o setor já perdeu mais de R$ 161 bilhões. Entretanto, com a retomada gradual dos países, cidades e negócios – e, consequentemente, das viagens –, a tendência é de que as pessoas optem por destinos próximos, em família e que prezam pela segurança.
De acordo com levantamento realizado pela plataforma Hoteis.com, 53% dos viajantes pretendem priorizar passeios com a família e 46% desejam destinos ao ar livre para evitar aglomerações, como cachoeiras e praias. Outro ponto interessante é que 70% dos entrevistados afirmaram que vão passar a valorizar o hábito de viajar e ambicionam aumentar a frequência, principalmente as internas, após o momento de crise. Essas informações corroboram o pensamento do professor da Universidade Victoria de Wellington (Nova Zelândia) e especialista cenários futuros de viagens, Ian Yeoman.
O impacto ocasionado pela Covid-19 apresenta um novo normal, um novo mundo, uma nova perspectiva. O turismo e os negócios estão mudando e isso continuará pelos próximos anos. O foco das viagens será voltado mais na simplicidade, na economia e para unir as pessoa.
Ian Yeoman, especialista em planejamento de cenários futuros e perspectivas de viagens e professor da Universidade Victoria de Wellington (Nova Zelândia)
O relato do especialista foi dado durante a conferência virtual sobre os cenários para o turismo global pós-pandemia, organizada pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), entidade que representa 90% das viagens de lazer vendidas no Brasil.
Tendências do turismo
O professor Ian Yeoman afirmou que o turismo irá se recuperar, mas dependerá de como o cenário deste ano terminará. “Em qualquer estratégia de recuperação do turismo deve-se analisar os sinais de segurança e os planos de viagem dos locais”, conta. Ele ressaltou, ainda, que a principal procura será mesmo as viagens dentro do mesmo país. O futurologista pontuou possíveis tendências para os próximos anos:
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- Prioridade nas viagens familiares.
- Viagens curtas e locais próximos.
- Viagens simples, sem ostentação.
- Procura por viagens com espaços abertos, como natureza e turismo rural.
- Mais atenção às normas de higiene das hospedagens.
Segurança e ansiedade
A Organização Mundial do Turismo (OMT) também aposta que as viagens internas serão inicialmente mais buscadas pelos turistas e afirmou, em comunicado, que é preciso agir de forma decisiva para resgatar a confiança dos viajantes. A OMT ainda criou um guia que destaca a importância do distanciamento social, checagem da temperatura, aumento de ações de limpeza e higiene e kits para viagens aéreas seguras, assim como hospedagens e eventos.
Já o Ministério do Turismo do Brasil criou o selo “Turismo Responsável”, visando mostrar ao público que as atividades estão sendo retomadas levando em consideração todas as orientações sanitárias. A ação identifica os locais que cumprem todas as especificações de prevenção contra o novo coronavírus.
A ansiedade e o desejo de viajar também tem feito com que muitos brasileiros pensem em roteiros, destinos e datas. De acordo com dados da Braztoa, 69% das operadoras já retomaram as vendas, o que facilita o planejamento dos turistas. Além disso, o levantamento da associação indica que a cada 10 pessoas que pretendem viajar até o Réveillon, oito irão preferir destinos domésticos.
Webinar
Para discutir o assunto, o Metrópoles e a Fecomércio-DF realizam na próxima quarta-feira (30/09) um webinar com especialistas no segmento do turismo que irão debater sobre a retomada do setor em Brasília. O acesso é gratuito, a partir das 15h, nos canais do Metrópoles, no Facebook e YouTube.