metropoles.com

Reforma Tributária vai afetar milhões de clientes da saúde suplementar

Substitutivo ao PLP 68/2024 altera tributação dos planos de saúde, podendo comprometer toda a cadeia do setor

Morsa Images
Fotografia colorida mostrando consultório médico com médica atendendo paciente mulher-Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida mostrando consultório médico com médica atendendo paciente mulher-Metrópoles - Foto: Morsa Images

atualizado

Previsto para ser votado pela Câmara dos Deputados nesta semana, o substitutivo ao Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, que regulamenta a Reforma Tributária, tende a aumentar o custo dos planos de saúde para empresas que oferecem o benefício aos colaboradores. O texto da proposta prevê que as empresas não poderão aproveitar o crédito tributário gerado na contratação de planos de saúde para os funcionários.

Marca líder no setor de saúde suplementar, com mais de 20 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares e odontológicos, a Unimed alerta que o dispositivo da regulamentação pode fazer com que milhões de brasileiros percam o plano de saúde. Isso porque o plano coletivo empresarial é uma modalidade que concentra 71% dos beneficiários, o que representa 36 milhões de pessoas, segundo dados até maio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Fotografia colorida mostrando homem de terno sentado em mesa-Metrópoles
Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed do Brasil

“O plano coletivo empresarial é a principal porta de acesso das pessoas aos serviços de saúde privados. Ao aumentar o custo para as empresas com as mudanças na tributação, o projeto de lei restringirá o acesso à saúde, deixando o SUS como única opção para atendê-las, o que poderá levar a uma sobrecarga do sistema público, considerando o aumento de demanda em potencial”, avalia o presidente da Unimed do Brasil, Omar Abujamra Júnior. “Está nas mãos do Congresso Nacional afastar essa ameaça”, completa.

O advogado João Caetano Muzzi Filho, consultor jurídico da Unimed do Brasil sobre o tema, explica que o projeto torna a tributação sobre os planos de saúde essencialmente cumulativa para quem contrata o benefício, contrariando toda a essência da neutralidade e da não cumulatividade que sustenta os pilares da reforma. “Isso traz uma tributação essencialmente cumulativa, ao contrário do que preconiza a essência da reforma em relação à neutralidade, além de não estimular um setor extremamente sensível e essencial, como a saúde. Cuidar da saúde suplementar é cuidar do cidadão e desonerar o próprio Estado”, destaca.

O PLP 68/2024 também aumenta a carga tributária para as operadoras ao determinar a tributação das receitas financeiras das reservas técnicas, aplicações obrigatórias instituídas pela ANS como garantia da operação, e não prever a dedução, da base de cálculo do imposto, dos valores destinados a essas reservas.

“A reforma deveria assegurar as deduções do montante destinado à formação das provisões técnicas, tal qual previsto atualmente para o PIS/Cofins, na base de cálculo do IBS, o Imposto sobre Bens e Serviços, e da CBS, a Contribuição Social sobre Bens e Serviços, reconhecendo a importância desses recursos para a estabilidade do setor e garantindo uma tributação mais justa e equilibrada”, explica Muzzi.

Os planos de saúde possuem participação expressiva no financiamento da saúde do país, atendendo a aproximadamente 51 milhões de pessoas, o que representa 25% da população. A edição mais recente da Conta-Satélite de Saúde – estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Fiocruz, Ipea, ANS e Ministério da Saúde – aponta que os serviços privados, incluindo os pagamentos a planos de saúde, responderam em 2021 por 63,7% de todo o gasto das famílias com saúde.

“A Reforma Tributária afeta toda a cadeia de serviços da saúde, mexe no bolso das famílias brasileiras e restringe o acesso a planos de saúde às parcelas da população de maior poder aquisitivo. Temos dialogado com os parlamentares para sensibilizá-los sobre a necessidade de alteração do substitutivo, defendendo mudanças no texto que possibilitem que os planos sejam mais inclusivos e possam atender a um número cada vez maior de pessoas”, defende o presidente da Unimed do Brasil.

Distorção concorrencial

O substitutivo ainda veda que cooperativas médicas que operam planos de saúde, como é o caso da Unimed, deduzam da base de cálculo do imposto os repasses de honorários aos médicos cooperados, caso optem também pelo regime das sociedades cooperativas, que é próprio do modelo – uma diferenciação injustificada, uma vez que o texto permite a dedução dos custos médicos para as demais operadoras.

O dispositivo cria um custo significativo para compatibilizar o regime econômico de operadora com o regime próprio das cooperativas. Como reflexo, a proposta tornaria os planos das cooperativas mais caros que os das operadoras comerciais.

“Na saúde suplementar, o modelo cooperativista contribuiu, de forma decisiva, para a interiorização do acesso à saúde, complementando os serviços prestados pelo SUS. Hoje, as cooperativas do Sistema Unimed estão presentes em 92% dos municípios brasileiros, em todas as regiões do país, e são responsáveis por cerca de 40% do mercado de planos de saúde, com mais de 20 milhões de beneficiários. Além disso, participam ativamente do dia a dia das comunidades por meio de iniciativas para o desenvolvimento socioeconômico. Tudo isso demonstra que o cooperativismo de saúde deve ser fortalecido, entrando na agenda de políticas públicas para a saúde no país”, aponta o presidente da Unimed do Brasil, Omar Abujamra Junior.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?