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A reforma do ensino médio e a ampliação da capacitação técnica fazem parte da agenda do mercado de trabalho. Porém, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em oferecer esse tipo de formação aos futuros trabalhadores.
O problema foi discutido nesta terça-feira (6/7) durante o webinar Educação para para o novo mundo do Trabalho, apresentado pelo Metrópoles e com oferecimento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI, diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, defendeu mudanças no ensino médio para melhorar a produtividade nas empresas e diminuir a evasão escolar.
“O modelo atual traz muita evasão e o custo social disso é imenso. Hoje, temos que adotar um conceito que se iniciou na Finlândia, mas que se espalhou por vários sistemas: ‘não podemos perder nenhum (jovem)'”, frisou.
Para Lucchesi, a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tende a causar uma grande fuga dos estudantes das escolas. “Teremos que recompor essas perdas”, frisou.
Durante o evento, o diretor-geral do Senai defendeu que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) seja aliada à capacitação com educação profissional. “As empresas terão pessoas melhor preparadas, o que traz maior produtividade e competitividade. Isso leva a ganho de lucros, aumento salarial e maior consumo”, citou, ao avaliar o aspecto econômico da mudança no ensino médio.
O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), declarou que reforma do ensino médio prepara o arcabouço legal para fazer essa transição. “Agora, precisamos fazer a conexão disso com a realidade”, salientou.
“Precisamos quebrar preconceitos e ressaltar o aspecto lúdico dessa mudança. A escola passará a ser um local mais encantador”, destacou ao frisar que esse tipo de formação aumenta a renda e a possibilidade de entrar no mercado de trabalho.
Participação empresarial
Simon Schwartzman, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e integrante da Academia Brasileira de Ciências, ponderou que, como se apresenta hoje, o ensino médio não é uma solução para parte dos jovens profissionais.
“O ensino médio não deve ser um beco sem saída, mas, sim, um caminho. Significa que devemos pensar nessa mudança profissional”, acrescentou. “A reforma é um primeiro momento que não sabemos bem como fazer, mas que traz possibilidades. Precisamos de um sistema robusto de formação tecnológica. A educação brasileira tem que avançar e se modernizar”, apontou.
Schwartzman acrescentou que as empresas devem participar desse processo de mudança. “É uma questão de aproximação, de oferecer parcerias, oferecer estágios para os alunos, por exemplo. Além do aspecto legal, que deve ser tratado, deve ser uma questão de iniciativa também”, finalizou.