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Marcando o último dia da 79ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (SOEA), no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia, o Comitê Gestor do Programa Mulher apresentou o painel “Palco Mulher: Um Sistema mais Forte é um Projeto de Todas” na tarde desta quinta-feira (10/10).
Ao abrir o painel, Vinicius Marchese, atual presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), convidou a engenheira sanitarista Carmem Petralha, conselheira do Confea, para liderar as discussões sobre a participação das mulheres no setor.
Um vídeo do Confea abordou a disparidade entre homens e mulheres no setor de engenharia e agronomia, mas, segundo Carmem, esse cenário tem mudado, especialmente com as ações do Programa Mulher.
“Nosso programa é um sucesso. Está evoluindo. Precisamos alertar a sociedade sobre a urgência da inclusão. Temos que olhar para o futuro e atingir essas metas, mas o futuro não é longe, o futuro é agora”, afirmou sobre a iniciativa do Confea.
Representatividade negra
Entre as participantes do painel, a CEO do Movimento Black Money & D’Black Bank, Nina Silva, tratou da intersecção entre gênero e raça no Brasil.
Ela ressaltou que, apesar da maioria da população ser preta ou parda, a presença dessas pessoas nos espaços de poder ainda é escassa. “Estamos na Bahia, um estado com grande representatividade negra, mas ainda vemos pouca efetividade nos incentivos à inclusão da mulher em espaços de poder, tanto aqui como em todo o Brasil.”
Segundo Nina, as mulheres negras representam 28,7% da população brasileira, ou seja, uma parcela significativa da sociedade. “O país perde demais ao não dar protagonismo a essa parcela de mulheres. Ainda estamos muito atrasados”, observou.
Contrariando a ideia de que mulheres competem entre si, Nina destacou a colaboração entre elas nos espaços de poder. “Diversidade e performance caminham juntas e trazem mais resultados de forma lucrativa”, ressaltou, citando que empresas com mais diversidade étnica e de gênero têm lucros significativamente maiores.
Ela também mencionou o movimento “Zebras”, composto por mulheres que criam startups e se apoiam mutuamente.
Nina ainda enfatizou a necessidade de redesenhar os espaços de poder para garantir a inclusão e diversidade. “Falar de diversidade e inclusão é falar da não obsolescência deste planeta”, afirmou.
Ela destacou que o Movimento Black Money está conectado a 50 empresas no país e oferece cursos para introdução à aceleração de negócios e expansão no ambiente digital. “Ano que vem teremos um evento de hackathon na Bahia, focado em economia criativa, que tem tudo a ver com o estado”, revela.
Inclusão
Ainda no painel voltado para as mulheres, na palestra “Diversidade, Equidade e Inclusão”, a CEO e fundadora do Grupo Talento Incluir, Carol Ignarra, contou sobre o acidente de moto que teve, em 2001, que a deixou na condição de cadeirante.
“Achei que tivesse que parar de trabalhar. Meu corpo era minha ferramenta de trabalho, já que trabalhava com educação física. Tive uma gestora disposta e a fim de fazer inclusão. Ela quis me ajudar quando nem eu acreditava naquilo. Fui incluída e voltei a trabalhar em apenas três meses após o acidente”, lembrou.
“Embora não desse aulas, continuei na minha função. Não fui para uma área totalmente diferente, como ocorre muito. Mas, em 2003, voltei para as empresas ensinando ginástica laboral”, continuou. “Criei a Talento Incluir em 2008 e, em 2020, fui eleita pela Forbes como a mulher mais poderosa do Brasil por causa do programa ‘Talento Incluir’. Nosso valor não está nos títulos, mas na nossa jornada.”