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Os anos iniciais de uma criança são fundamentais para que ela assimile comportamentos de terceiros, absorva atitudes por meio da convivência e construa a própria personalidade. No entanto, infelizmente, a realidade nas comunidades mais vulneráveis é a presença constante da violência física e mental. Dentro desse contexto, os vínculos familiares acabam enfraquecidos e os pequenos viram alvos fáceis da criminalidade. Com o propósito de transformar positivamente esse cenário, o Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc-DF) lançou, nessa quarta-feira (11/8), o programa Voar – Família e Cidadania na unidade do Sesc Gama (Setor Leste Industrial, QI 1, Lotes 620, 640, 660 e 680).
O primeiro vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio e presidente do Conselho Regional do Sesc e Senac DF, Valdeci Cavalcante, destacou a importância do Sesc-DF para a comunidade. “O Sistema S é uma fonte de oportunidades para o poder público. O Sesc é educação, saúde, lazer, esporte e turismo. Por isso, essa instituição é vida e está dentro das comunidades todos os dias cuidando de mais de 160 mil famílias somente aqui no DF. O Sesc está permanentemente vigilante com relação ao atendimento não só ao trabalhador do comércio, mas para toda comunidade local”, afirmou.
Em janeiro de 2022, será aberto um novo edital para chamamento de 100 famílias. “Existem muitas pessoas na linha de pobreza e temos aproximadamente 308 mil desempregados. Um projeto como esse vai fazer a diferença. Se formos olhar o número de atendimentos que o Sesc e o Senac possuem, percebemos a capacidade de transformação. O Voar vai oferecer atendimento de forma multidisciplinar com assistência, esporte e lazer para as famílias que mais precisam. Vamos voar e alto”, ressaltou o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire.
Estiveram presentes na cerimônia de lançamento do Voar a subchefe de Políticas Sociais e Primeira Infância, Anucha Soares (representando a primeira-dama do DF, Mayara Noronha); o defensor público e diretor da Escola de Assistência Jurídica da Defensoria Pública do DF, Evenin Ávila; o assessor do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Rodrigo Moreira (representando a secretária Ângela Gandra); o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire; o diretor regional do Senac-DF, Augusto César Chablôz; o 2º Vice-Presidente do Sindivarejista-DF e embaixador do Mesa Brasil Sesc no DF, Sebastião Abritta; a presidente da Câmara de Mulheres Empreendedoras e Gestoras de Negócios da Fecomércio-DF, Beatriz Guimarães; a coordenadora do programa Vira Vida, Cida Lima; e membros dos Conselhos Regionais do Sesc e Senac.
Programa Voar
A partir da seleção de famílias de baixa renda – que passarão pelo crivo de equipe socioassistencial da entidade –, crianças entre 9 e 10 anos matriculadas na rede pública de ensino terão acesso, de forma gratuita, a atividades e serviços no contraturno escolar. Durante três vezes na semana poderão participar de diversas modalidades esportivas, além de receber assistência médica e odontológica, reforço nutricional, educação complementar, acompanhamento social e psicológico, e, ainda, participar de ações culturais.
Em outra frente, será feito um trabalho junto às famílias para que elas consigam construir novos projetos de vida e transformem as relações familiares. Além disso, por meio de parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), serão oferecidas vagas em cursos de qualificação profissional, com o objetivo de dar dignidade e ampliar as chances de inserção de pais e irmãos no mercado de trabalho.
“O Sesc já atende jovens carentes oferecendo aulas de esporte, porém, percebemos que essas crianças têm a atividade apenas como válvula de escape, pois existem outros problemas de dinâmica familiar que a gente não conseguia resolver. Por isso, era uma atuação apenas paliativa, que não resolve o problema. Agora com o Voar, vamos olhar a família de uma forma global”, explica o diretor do Sesc-DF, Moisés Brandão.
“Anteriormente, quando tratávamos de forma mais distante (os problemas familiares), tínhamos dificuldade de encaminhar os casos para os órgãos públicos. Agora, fechamos parcerias com a Defensoria Pública, com o Ministério Público e com a Secretaria de Governo, que têm acesso ao banco de organizações da sociedade civil, de modo que possamos criar uma rede comunitária para que essas famílias se integrem de forma positiva nas comunidades”, completa Brandão.
Cada ciclo terá duração de um ano e, neste primeiro, serão atendidas as famílias das crianças que já participam das modalidades esportivas gratuitas do Sesc. Futuramente, serão promovidas seleções para novas famílias. Além do Gama, as unidades do Sesc Taguatinga Sul e do Sesc Ceilândia receberão o programa Voar.
Metodologia
Uma vez por semana, durante um ano, as famílias percorrerão um caminho para o fortalecimento da unidade familiar, para que elas ganhem força para correr atrás dos projetos de vida. Tendo por base o Tangram – espécie de quebra-cabeça de origem chinesa composto por sete peças (cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo) em que se monta uma figura –, os participantes seguirão um percurso com sete pilares.
Cada pilar representa uma peça do Tangram e, ao concluir todos eles, as famílias formarão um pássaro, ganhando “asas para voar”. Os sete pilares do programa são:
- Identidade.
- Autoconhecimento e confiança.
- Fortalecimento de vínculos.
- Protagonismo.
- Participação social e autonomia.
- Proteção social e afetiva.
- Projeto de vida.
O caminho de cada pilar é um degrau para sair do individualismo e perceber a importância de manter um espaço saudável e de proteção enquanto família, além de ganhar voz para exercer um papel dentro da sociedade e ter autonomia de decisão.
“A partir desses pilares, eles estão prontos para idealizar projetos de vida a longo e curto prazos, trabalhando como uma família. Essa é a proposta inicial do projeto e, dentro dele, vamos trabalhar diversos eixos”, acrescenta a coordenadora de Assistência do Sesc-DF, Adriana Costa.
Entre eles, o programa Voar terá o de Cidadania e Psicossocial, que propõe ações educativas da psicologia em conjunto com serviço social voltadas para o fortalecimento de vínculos e para esclarecimentos sobre direitos sociais a que as famílias têm direito.
No eixo Saúde e Qualidade de vida, o projeto contará com médicos da família, nutricionistas, dentistas, entre outros profissionais da área de saúde, para atender às famílias participantes. Já o eixo Educação e Profissionalização atuará em duas frentes: enquanto as crianças receberão acompanhamento de pedagogos que trabalharão o desenvolvimento de habilidades nos pequenos, os pais receberão cursos profissionalizantes.
“Ter um acompanhamento maior, principalmente para ajudar na formação da minha filha, será muito bom. E temos que aproveitar essas oportunidades que são boas e gratuitas”, comemora Patrícia Oliveira Santos, de 39 anos, mãe da estudante Ana Clara, de 10 anos. Moradora do Gama, a menina fará aulas de natação e karatê, além das demais atividades complementares, no programa Voar.
