Profissionais da saúde do DF fazem apelo: “Evitem aglomerações”
Internações de jovens cresceram 2.800% em três meses. Governo do Distrito Federal (GDF) promove ações para barrar festas clandestinas
atualizado
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Profissionais de saúde do Distrito Federal fazem um apelo à população e pedem que as pessoas evitem aglomerações. Com os altos índices de internações por Covid-19, trabalhadores da área afirmam que a única saída para evitar o contágio é o uso de máscara e o distanciamento social.
O pedido desses profissionais está alinhado com a campanha de conscientização iniciada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal nas redes sociais na última semana.
As publicações buscam incentivar que a população respeite as medidas restritivas decretadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF), como o toque de recolher, das 22h às 5h, e a proibição de festas e eventos que promovam aglomerações.
O clínico geral Guilherme Porfírio Lisboa é um dos profissionais que alertam a população. Ele atua na linha de frente contra a Covid-19 desde o início da pandemia. Agora, trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria.
Guilherme ressalta que o perfil de pacientes nas UTIs do DF tem mudado: diferentemente do início da pandemia, em que as internações de idosos eram mais comuns, agora, o número de jovens contaminados é cada vez mais alto.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, o índice de jovens de até 24 anos de idade internados em UTIs do DF cresceu 2.800% entre janeiro e março. No primeiro mês do ano, apenas uma pessoa dessa faixa etária estava internada. Em março, o número subiu para 30 pacientes.
“São jovens que não estão respeitando mais o distanciamento, a quarentena, o uso de máscaras. Jovens que estão se aglomerando em festas clandestinas. A taxa de mortalidade de jovens e jovens adultos aumentou muito por conta disso”, alerta o clínico.
No último fim de semana, entre 12 e 14 de março, profissionais do DF Legal e da Polícia Militar visitaram 38.383 estabelecimentos comerciais de todo o Distrito Federal para penalizar pessoas que descumpriram as medidas previstas nos decretos vigentes.
Outros órgãos, como a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o Departamento de Trânsito (Detran-DF), o Corpo de Bombeiros (CBMDF), a Vigilância Sanitária e as secretarias de Mobilidade e Economia também têm atuado para barrar aglomerações, festas clandestinas e outros tipos de ações que contribuem para a disseminação do vírus.
Cotidiano
O apelo do clínico Guilherme também chama atenção para o esforço e dedicação dos profissionais de saúde na rotina das unidades.
“A linha de frente é extremamente desgastante, exaustiva”, desabafa. Ele pede à sociedade a valorização não apenas dos médicos, mas de todos os profissionais que cuidam da saúde dos pacientes de Covid-19.
Além disso, o profissional pede que as pessoas não subestimem o vírus e sigam as medidas de distanciamento. “O alerta que faço é: cuidado, preservem seus amigos, familiares, pessoas que você ama. O vírus não respeita faixa etária, não respeita classe social. Seu corpo pode reagir de uma forma mais tranquila ou mais grave”, diz o especialista.
“Tem que pensar muito bem nessas coisas antes de se aglomerar. Por favor, tem que usar máscara, lavar as mãos, usar álcool em gel, evitar aglomeração social. Sem isso, nós não vamos conseguir vencer esse vírus”, conclui.
Combate à Covid-19
Com o elevado número de pessoas infectadas pelo vírus, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem trabalhado exaustivamente para planejar e dar o suporte necessário para conter a demanda e ainda levar atendimento de qualidade para a população.
Desde o agravamento da pandemia este ano, foram abertos 260 novos leitos no DF e, hoje, a UF conta com 550 leitos públicos. Além disso, o GDF anunciou que vai reativar outros 82 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento exclusivo de pacientes com covid-19 em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
A Secretaria de Saúde planeja ainda a montagem de um centro de recuperação de pacientes recuperados da covid-19 que tiveram sequelas. Estima-se que 25% dos pacientes que tiveram o novo coronavírus desenvolveram outras doenças seis meses depois da infecção.