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Um estudo recente conduzido pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas (Dieese), a pedido do SindSaúde, revelou uma realidade alarmante: os servidores da gestão e assistência pública à Saúde (GAPS) enfrentaram uma redução salarial, em sete anos, de 35,75%; os especialistas em Saúde quase 30%; enquanto os técnicos de enfermagem viram os ganhos diminuírem em 35,75%.
Mais preocupante ainda é o cenário dos médicos, que sofreram uma perda salarial de mais de 41%.
Essa situação tem levado muitos profissionais a buscarem oportunidades na área privada, exacerbando a terceirização e agravando a escassez de pessoal nas unidades de saúde. O resultado é uma sobrecarga insustentável sobre os profissionais remanescentes, contribuindo para o adoecimento mental e físico, tanto dos trabalhadores quanto dos usuários do sistema de saúde.
A crise na saúde do Distrito Federal é exacerbada pela negligência do governo, que, segundo uma pesquisa do Metrópoles entre 2022 e 2023, deixou de investir mais de R$ 1 bilhão de recursos próprios no Sistema Único de Saúde (SUS).
Como resultado desse descaso, mais de 300 vidas foram perdidas devido à dengue, colocando o DF como líder em incidência. Essa falta de comprometimento financeiro compromete gravemente a capacidade do sistema de fornecer serviços de saúde adequados à população, agravando a crise enfrentada pelos profissionais da saúde e pelos cidadãos que dependem do SUS para atendimento médico.
Segundo Marcos Rogério, diretor do SindSaúde, as perdas salariais impactam diretamente no poder de compra dos servidores: “O servidor da saúde vê seu poder de compra diminuído em todas as áreas, desde as necessidades básicas como alimentação e combustível até as despesas do dia a dia, lazer e educação própria e de seus dependentes. Isso gera grande preocupação e interfere diretamente na saúde e na vida profissional, especialmente para aqueles que lidam diretamente com a assistência ao paciente. A falta de qualidade de vida resultante dessas perdas pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, problemas psiquiátricos, infarto, ansiedade e outros. Essas perdas impactam muito além do poder de compra; elas comprometem a possibilidade de uma vida digna”.
No entanto, o impacto vai além das estatísticas salariais e financeiras.
Profissionais da saúde enfrentam não apenas desafios físicos, mas também emocionais, somados à falta de reconhecimento e à ausência de reajustes salariais condizentes. É crucial ressaltar que essa desvalorização não é apenas uma questão interna da categoria; ela tem repercussões diretas na qualidade dos serviços de saúde prestados à população. Afastamento das atividades é uma das consequências da vida de um servidor desmotivado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e ansiedade, custando à economia global quase US$ 1 trilhão. Em setembro de 2022, a OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fizeram um chamado a ações concretas para atender às preocupações sobre a saúde mental da população trabalhadora. As instituições apontam como um dos principais riscos ao bem-estar o endividamento financeiro.
Motivados pela desvalorização, muitos se encontram financeiramente instáveis e emocionalmente desgastados, o que os torna mais propensos a faltar ao trabalho. Essa realidade não apenas sobrecarrega aqueles que permanecem, mas também prejudica diretamente o acesso da população aos cuidados de saúde necessários.
Portanto, é essencial que essa questão receba a devida atenção. Os servidores da saúde não estão apenas clamando por reconhecimento, mas também por condições dignas de trabalho. Em um momento de crise na saúde, como o enfrentado pelo Distrito Federal, é imperativo que medidas sejam tomadas para garantir que esses profissionais não sejam deixados à mercê da própria sorte.
Com isso, o SindSaúde convoca toda a categoria a participar da assembleia geral que será promovida no dia 21 de maio, às 10h, no Clube da Saúde. Una-se a essa luta!