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Por que impulsionar iniciativas transformadoras dentro das escolas? Para Marcela Paes, coordenadora da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), primeiramente, porque não se separa ensino, pesquisa, extensão e inovação.
Com o objetivo de debater o futuro do ensino e compartilhar iniciativas transformadoras, o Metrópoles reuniu grandes nomes da educação e tecnologia no encontro “Educação do amanhã 2024“.
Mediado por Jade Abreu, jornalista do Metrópoles, o segundo painel do dia, com o tema “A escola que queremos amanhã”, foi de reflexão para repensar a jornada educacional. Assim, Igor Rick, diretor do Instituto Hoje; Marcela Paes, do MEC; e Denise de Felice, diretora da One School, trouxeram exemplos práticos de implementação bem-sucedida de inovação na sala de aula.
Segundo Marcela, por exemplo, os institutos federais, hoje, têm mais de 600 promotores de inovação desde incubadora, passando por polo até aceleradora de empresa. Como consequência, impactarão no mercado de trabalho, pois os profissionais terão uma base moderna sob os pilares: pensamento crítico, colaboração e aprendizado ao longo da vida.
De acordo com o VII Estudo Global sobre o uso da tecnologia na educação – relatório Brasil 2022/2023, elaborado com o apoio do MEC, dos 43 mil professores entrevistados, 83% deles relataram usar algum tipo de material digital nas aulas.
Além disso, 80% deles acreditam que a tecnologia melhora a motivação dos estudantes, afinal, tornam os conteúdos mais atraentes a partir de recursos dinâmicos e interativos.
Ensino e tecnologia combinam
De acordo com a profissional de educação, Marcela Paes, os estudantes dos institutos tocam uma empresa dentro de cada curso que eles fazem. “Nós queremos que eles sejam protagonistas. E essa é a escola que eu quero para o amanhã: inovadora e com estudantes inovadores. Isso contribuirá para a transformação da sociedade”.
Quando se fala em inovação, é preciso trabalhá-la em nichos. Então, a ideia defendida por Marcela é trabalhar com inovação regional. “Em locais como Roraima e outros remotos, devemos nos perguntar se as escolas estão sendo preparadas para resolver problemas daquela região”, acentuou.
“Como exemplo, houve um caso de enchente, em que foi desenvolvido, no instituto de educação, um dispositivo que emite um alarme, para que a população saiba que o nível da água está subindo. Ele acorda todos da vizinhança. Inclusive, rendeu premiação nacional”, destacou.
Para Denise, toda inovação vem por meio da educação. E, antes de chegar à IA, existe um caminho longo de preparo, e isso começa desde a base. “Para obter uma escola do amanhã, é necessário olhar para o desenvolvimento da criança com cautela. Do que aquela criança precisa para ser capaz de contribuir dentro do ambiente ou comunidade, gerando inovação?”, destacou.
“A criança precisa do acolhimento, de brincar. E não é clichê. A escola deve proporcionar os momentos de brincar, porque a partir deles o aluno interage, desenvolve diferentes habilidades sociais, como a empatia. Devemos acolhê-la de forma natural que ela é”, reforçou a diretora da One School.
“É nesse processo (brincar) que se desenvolve criatividade, em que a criança descobre, testa, sente, analisa e levanta hipóteses, cria o mundo.”
Denise de Felice, diretora da One School
Complementando, Igor afirmou que é no processo de brincar que a criança quebra o gelo e, a partir disso, ela se torna apta para receber o conhecimento.
Dentro do Instituto Hoje, por exemplo, o teatro é levado como dinâmica disruptiva dentro de pequenas comunidades, em que a maioria dos alunos ainda não conhecem. “Primeiro, levamos o teatro para que eles conheçam, depois, a oficina. Nessa ordem, as crianças ficam mais abertas para aprender sobre o novo”, reforçou.
“Ansiedade e depressão iniciam, em 75% das vezes, na infância, então é importante desenvolver o lado emocional. Nesse sentido, o teatro faz toda a diferença.”
Igor Rick, diretor do Instituto Hoje
A escola ideal
De acordo com Marcela, a escola ideal é aquela ideal para cada região. Começar pelo saneamento básico é o foco para que todas consigam equiparar as mesmas oportunidades.
Nesse sentido, na visão de Igor, é importante buscar recursos para oferecer o melhor às crianças. Especialmente em regiões remotas, é preciso incentivar escolas para mais dinâmicas no dia a dia.
Já Denise apontou a união de outras áreas para ajudar as escolas também. O sistema educacional brasileiro precisa dar as mãos para que esse movimento cresça.
De acordo com os três speakers, a escola do futuro deve incluir uma bagagem de ações, como a redução da desigualdade, a partir da parceria público-privado, a base bem fundamentada e, também, a capacitação de professores. Afinal, de acordo com Igor, como eles passarão o conhecimento aos alunos sem a preparação adequada?
Nesse quesito, Denise tocou em um ponto sensível: “a geração atual não quer dar continuidade à profissão de professor. Então é preciso reestruturar o currículo dos professores. É necessária essa transformação para que ensinar seja mais atrativo”.
Marcela destacou que muitos professores ainda não estão preparados porque simplesmente não tiveram isso na formação. “Eles precisam ter essa vivência, mas que não vai acontecer com um curso rápido e on-line de 15h. É preciso capacitá-los de forma eficiente”, salientou.
Para fechar, cada palestrante destacou uma ideia julgada como transformadora para que se alcance a escola do amanhã. Para Denise, o lado humano, porque ele é a base. Na visão de Marcela, a redução da desigualdade, porque ela ainda é grande. Já para Igor, a capacitação, porque ela transforma.
O Educação do Amanhã 2024 é uma iniciativa do Metrópoles, com oferecimento da Maple Bear e da One School, e apoio do Ciman, La Salle Águas Claras e Sesc-DF.
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