Músico reinventa a carreira após live desastrada e fatura em meio à crise
Depois de virar meme, o cantor sertanejo Flávio Brasil conseguiu reconstruir a imagem e ganhou grande projeção nas redes sociais
atualizado
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No século 21, o tradicional dito da sabedoria popular poderia ser reescrito em nova versão: há memes que vêm para o bem! A frase encaixa-se com perfeição na história do cantor Flávio Brasil, de 38 anos, morador de Planaltina, no Distrito Federal. Como muitos artistas brasileiros, ele vivia da realização de shows pequenos pelo interior do país, em festas populares, quermesses e aniversários dos municípios – bem diferente da realidade de nomes consagrados da música nacional. Desconhecido do público em geral, o cantor viu a trajetória mudar por conta da pandemia de Covid-19, de uma charrete e de um cavalo rebelde.
Flávio virou meme ao realizar uma live, que teve poucos minutos de duração. Isso porque, após entrar no cenário em uma charrete cantando a música Quem Me Colocou Para Beber, do Barões da Pisadinha, o cavalo se assustou com o alto som e saiu em disparada, dando fim à transmissão.
O que era para ser mais uma live espetaculosa nestes tempos de isolamento social acabou se tornando um meme hilário. O cantor Flávio Brasil chegou na sua apresentação em uma charrete. Só que o cavalo não colaborou e se mandou! 😂😂😂😂😂 pic.twitter.com/tI8iiW0hEr
— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) June 11, 2020
“Quando começou a pandemia, eu estava fazendo shows no interior do Maranhão e do Piauí. Ninguém avisou nada, só falaram que estava tudo cancelado. Eu nem tinha dinheiro para voltar, porque não nos pagaram. Pedi ajuda para os amigos aqui do DF”, lembra Flávio. “Fui direto para a roça, lá em São João da Aliança (Goiás). Um pessoal começou a me falar desse lance de live e resolvi arriscar para não ficar parado”, completa.
Flávio, então, peregrinou entre pequenos comerciantes de Planaltina pedindo patrocínio. Também ligou para conhecidos que trabalhavam com iluminação e som, todos eles parados pela ausência de espetáculos – estimativa da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) indica que 300 mil shows foram cancelados desde o início da pandemia.
“Rapaz, depois que o cavalo parou, no dia da live, eu só pensava em duas coisas. A primeira era desistir disso tudo, voltar para roça e começar outra carreira. A segunda foi em como me desculpar com todos os empresários que me ajudaram e amenizar o vexame”, conta Flávio.
Porém, o cantor, que admite não ser muito ligado em internet, enxergou no “mico” uma oportunidade. Rapidamente, o meme do cavalo disparando fez dele uma celebridade nas redes sociais. Famosos como os humoristas Marcelo Adnet e Tirulipa, além do músico Lulu Santos, gravaram vídeos sobre o episódio e o cantor foi convidado para dar entrevistas e conseguiu arrecadar 12 toneladas de alimentos para doação. Tudo isso fruto de em uma live de pouco mais de um minuto.
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Artista polivalente, Flávio já teve que se adaptar às várias ondas vividas pelo setor musical: cantou axé, funk, sertanejo clássico, forró… agora, está mergulhando no mundo digital. Com o mercado de entretenimento parado, ele tenta faturar dinheiro com as redes sociais. A saída tem ocorrido por meio de transmissões ao vivo. Segundo o relatório Consumo Global de Mídia, da consultoria Nielsen, desde a eclosão da pandemia, a demanda por live streaming e plataformas de vídeo aumentou 66%.
“Artista ganha dinheiro com show. É claro que (o episódio do cavalo) aumentou minha projeção e isso terá valor quando o mercado retornar. Mas, neste momento, estou focado em como monetizar as redes sociais. Isso vai garantindo a sobrevivência”, confessa. Flávio, atualmente, integra o Circuito Brahma de lives, que tem patrocinado apresentações de nomes do sertanejo. Outra aposta é o modelo drive-in que começa a se espalhar por todo o Brasil.
“Eu me reinventei nessa confusão. Se não fosse a pandemia, eu não tinha feito live e ainda estava na mesma. É claro que existe uma sinuca de bico. Entrei neste novo contexto em um situação complicada, no entanto, no fim, o resultado foi positivo”, finaliza.
Como fazer uma live de sucesso
Atualmente, é possível transmitir lives em redes como Youtube, Instagram e Facebook utilizando diretamente o celular ou o computador. A primeira opção é a mais simples e pode ser acionada diretamente pelos aplicativos. A segunda, porém, garante resultado mais profissionais, e é nela que iremos focar.
A primeira dica, é utilizar uma internet boa e estável – de preferência, fuja do Wi-Fi e prefira o bom e velho cabo para evitar oscilações. Aqui, vale a pena se atentar para a taxa de upload, que é a velocidade de envio de um arquivo para a internet, pois, caso ela seja baixa, pode resultar em travamentos. Segundo Diego Schueng, sócio-fundador da RecPlay, produtora especializada em live streaming, o ideal é optar por uma taxa de upload de, no mínimo, 3 Mbps. “O interessante é priorizar o Youtube, pois, ao contrário dos concorrentes, é uma plataforma pensada para vídeos, que entrega a melhor resolução e está disponível na maioria dos dispositivos”, explica.
Outros fatores como a utilização de um computador com boa configuração, placa de captura para transmitir as imagens gravadas pelas câmeras externas para o PC e uma interface de áudio (equipamento que transforma o som do microfone e de outros instrumentos em digital) ajudam a aumentar a qualidade de uma live.
“Para microfone, indico os modelos de mão (estilo sorvete) com fio, que captam os sons emitidos mais próximos do equipamento, evitando registros do ambiente em si”, pontua. Já quem não quiser investir alto em filmadoras, ele sugere fugir das câmeras dos notebook e apostar na aquisição de webcams. “Tem modelos interessantes que variam de R$ 300 a R$ 1 mil. A resolução de imagem faz toda diferença para uma live”, acrescenta.
Ele também ressalta a preocupação que se deve ter com a iluminação. “A compra de um LED pode ser interessante para ambientes com pouca claridade. Luzes de teto, por si só, não resolvem. O LED supre a falta de iluminação direcionada”, aponta. Segundo ele, os modelos tipo ring lights, que permitem colocar a câmera no centro do acessório, são bons e custam entre R$ 100 e R$ 200.
Por fim, Schueng lembra que é necessário utilizar um software para gerenciar tudo o que está sendo gravado e sincronizá-los com a plataforma de streaming. Uma sugestão é o OBS Studio, programa de código aberto e gratuito que permite fazer cortes de câmeras, acrescentar textos e imagens durante a transmissão e realizar uma série de configurações detalhadas que permitem deixar a live com aspecto mais profissional. “É um software intuitivo e que permite utilizar múltiplos recursos. Para quem quiser saber mais, há muitos vídeos na internet que ensinam a mexer e configurar o programa”, finaliza.