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As aulas começaram normalmente em 2020. Tinham calendário previsto, atividades, férias. De repente, em 11 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o coronavírus como pandemia. Com isso, uma doença que parecia distante se tornou realidade para milhões de brasileiros. Imediatamente o Governo do Distrito Federal publicou um decreto suspendendo o funcionamento das escolas e, em 16 de março, fechou os estabelecimentos de ensino por tempo indeterminado.
Mas, a educação não podia parar. Para manter em dia o ensino dos 165 mil estudantes da rede particular do DF, as instituições inovaram, quebraram velhos paradigmas e se adequaram à nova realidade que visa a prevenção à Covid-19. Nesse momento, as escolas passaram a contar com três aliadas: a tecnologia, a psicologia e a parceria com as famílias.
No lugar dos quadros negros e das disciplinas presenciais entraram os vídeos gravados, as aulas on-line, os arquivos em PDF e as fotos dos deveres de casa. As 567 escolas da capital tiveram que mudar, rapidamente, o jeito de ensinar. No Colégio Olimpo, que conta com unidades na Asa Sul e em Águas Claras, os estudantes ficaram somente uma semana sem atividades. O prazo de adaptação da nova realidade foi apenas o de adequação dos decretos certificando se aulas paravam de vez ou se seriam retomadas presencialmente.
“Nós já tínhamos condições de fazer o ensino à distância, por conta de nossa experiência e da plataforma utilizada pela instituição. Como já tínhamos a tecnologia, os professores, então, passaram a gravar vídeos e a realizar lives e aulas síncronas (on-line). As tarefas foram para o site e iniciamos a avaliação produtiva, com notas baseadas nas tarefas entregues por meio por e-mail em formato PDF”, conta o CEO do Olimpo, Rodrigo Bernardelli.
Para ele, a maior dificuldade foi a indefinição, a insegurança e a adequação dos pais com o novo modelo de aula. “Por mais que o Olimpo tivesse a aula on-line, os pais precisavam ajudar os filhos. No começo, todo mundo achava que não era preciso se adequar porque seria uma situação passageira, mas não foi. Tivemos que levar a sala de aula para o ambiente on-line e assim fizemos”, complementa.
Há quatro meses no “novo normal” das aulas na rede privada, o Olimpo já entra na segunda fase de ensino, com o mesmo modelo usado em Havard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Entramos com a plataforma EDX. Por meio dela, é possível assistir às aulas, responder questionários, escrever redações, tudo on-line”, contou o CEO do Olimpo.
Dentro da realidade das escolas particulares, a aprovação do Ensino à Distância foi bem aceito pelos pais e pela comunidade. “A maior parte estão satisfeitos com o trabalho das escolas. Em geral, mais de 70% aceitaram muito bem os estudos pelas plataformas on-line”, relata o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe), Álvaro Domingues.
Empréstimos, investimento e evasão
Um dos setores mais prejudicados no ramo das escolas é o da Educação Infantil. O desafio para manter a atenção de crianças com idade entre 4 meses e 5 anos é ainda mais desafiador. De acordo com o diretor Jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares do Distrito Federal (Sinproep), Rodrigo de Paula, somente entre março e julho, 700 professores de escolas privadas foram demitidos no DF, sendo a maioria de creches.
Além disso, pesquisa do Sinepe mostra que 70 instituições dessa etapa de ensino pediu auxílio bancário, empréstimos ou ajuda de programas governamentais para conseguir manter os negócios.
No Centro de Educação da Criança, localizado no Gama, o desafio para manter a escola funcionando foi conseguir reter a atenção dos pequenos estudantes de dois a 10 anos que a escola atende. Para isso, a diretora do estabelecimento, Priscila da Mata, criou uma estratégia de trabalho em conjunto com todas as outras escolas da região. Por meio de reuniões via Whatsapp foram discutiras ideias conjuntas e um plano de trabalho de conscientização diário. Ela e o marido, donos da escola, precisaram pedir um empréstimo bancário para investir em tecnologia, comprar equipamentos e tentar manter a instituição próxima dos estudantes.
“Gravamos vídeos, compramos kits de máscaras, álcool em gel para mandar para as mães no Dia das Mães, capacitamos professores e estabelecemos um método para cada tipo de ensino. Os menores, por exemplo, não conseguem ter mais de 1h30 de aula. Gravamos vídeos, fizemos interação para prender a atenção deles. Já para os alunos do ensino fundamental são três horas de aula, unindo com o ensino on-line”, relata Priscila.
Ela usa plataforma Única, da editora FTD, que é a responsável pelos livros da escola, além do Google Meet para a transmissão das aulas. À distância, os alunos chegaram ao segundo bimestre e com 90% de notas satisfatórias nas avaliações multidisciplinares.
Crédito para seguir em frente
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Priscila conta com o próprio filho, Lucas da Mata Cunha, de 5 anos, foi alfabetizado durante a quarentena e, desde o início do surto do novo coronavírus, tem contado com a ajuda da mãe para fazer os deveres e assistir as aulas on-line. “Ele aprendeu a ler na pandemia. Ele gosta das aulas on-line e tem evoluído bem”, ressalta.
Assista às primeiras palavras lidas por Lucas:
Na escola onde ele estuda, 10% dos pais cancelaram a matrícula dos filhos por causa da pandemia. Dos 505 estudantes, hoje o colégio, localizado no Gama tem 470. “Não foram muitos pais. Nós conseguimos inovar com um trabalho que chega a todos e tem agradado a comunidade, pais, professores e alunos”, completa Priscila.
Como gravar vídeos com aspecto profissional?
Os formatos de conteúdo audiovisuais se destacam há tempos. No entanto, com o distanciamento, “ver” e “ouvir” nunca foi tão importante, principalmente no que diz respeito à comunicação entre marcas, profissionais e consumidores. Percio Campos, imagemaker e storyteller pernambucano, dá algumas dicas para quem está começando agora.
1) Faça um roteiro!
Um script nada mais é do que colocar no papel um pequeno planejamento daquilo que você pretende gravar. “Ele deve trazer a essência do negócio, o que ele é, de forma transparente, verdadeira, e acrescenta uma chamada para ação, para provocar uma aproximação com o cliente. ‘Algo como gostou? Quer fazer? Fala comigo!’. Se o produto for realmente bom, isso vende”, explica Percio.
2) Use o smartphone
Segundo o videomaker, é possível fazer vídeos incríveis usando o próprio celular. Ele lembra que nomes que são referência do cinema há décadas, como Glauber Rocha, usavam câmeras muito inferiores às câmeras dos smartphones atuais. “O aspecto profissional está muito mais ligado a uma percepção completa, integral daquilo que é seu. É reproduzir com fidelidade aquilo que você faz isso gera segurança, confiança e, consequentemente, interesse”.
3) Atenção à estética
O cuidado estético, segundo Percio, envolve composição (fundo branco ou neutro) e luz, ainda que seja de uma janela ou abajour! “A luz mais bonita do mundo é a luz natural. Os melhores equipamentos do mundo tentam reproduzi-la. Não é preciso muito coisa. É comunicar de forma simples e com transparência aquilo que você faz”.
4) Áudio é para ser ouvido!
Quem precisa incluir sons e falas no conteúdo deve optar por distâncias curtas, de até um metro em relação ao aparelho. Se não for possível, é importante ter um equipamento adicional, como um microfone de lapela. “Há modelos simples e acessíveis, como o Boya. O headset do celular é muito bom e também pode ser usado”.
5) Apareça, se quiser
Você tem afinidade com a câmera? Se colocar a “cara” na tela não é um problema, vá em frente. Se não, uma opção é mesclar imagens ou cenas com gravações em primeira pessoa, por exemplo, na abertura e no fechamento do vídeo. “A dica é ser coerente com quem você é, com relação à roupas, à linguagem. O importante é se sentir bem, confiante”, destaca Percio.
Gostou? Confira algumas sugestões de apps e equipamentos:
- Microfone de lapela para celular;
- Tripé para estabilizar o aparelho;
- Canva: site e app para criar portfólios e apresentações;
- Videoshow, app para editar vídeos. Disponível na Google Store e App Store;
- Adobe Spark, site e app para editar vídeos.