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Da maneira como trabalhamos ao modo como nos divertimos. São raras as áreas que não sentiram os impactos da pandemia de coronavírus. O setor de eventos, por exemplo, foi impactado quase que em sua totalidade pela doença viral. Em abril, um levantamento feito pelo Sebrae mostrou que 98% das empresas dessa área sentiram os efeitos da crise. Apesar do dado pouco animador, 64% delas garantiram que iriam evitar a demissão de funcionários.
Na tentativa de suavizar o impacto da mais grave recessão financeira dos últimos anos, empresários da área inovaram em seus serviços que, agora, se encaixam nos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para controlar a doença. No “novo normal”, grandes festas de aniversário, por exemplo, foram substituídas por versões menores, em casa e para poucas pessoas, ou piqueniques intimistas, apenas para a família.
Novas oportunidades
Até março, o endereço ocupado pela A Garimpeira Festas, na W3 Sul, estava sempre movimentado. Com 10 anos de atividade na capital federal, a empresa colhia os frutos do trabalho criativo e consolidado da idealizadora, Anete Carrad, na produção, ornamentação e curadoria de itens decorativos para festas.
Quando a pandemia foi declarada e o setor de eventos se viu obrigado a recuar, tanto a proprietária quanto os colaboradores levaram um susto. “A parte de fazer festa praticamente parou. Tanto que a nossa primeira decisão foi dar férias coletivas para todos”, lembra Anete.
A pausa nos atendimentos não durou muito. Em poucos dias, quando muitos empresários previam apenas prejuízos financeiros e riscos de falência, Anete enxergou novas oportunidades. Ao perceber que datas especiais passaram a ter um significado ainda maior em meio às incertezas e à melancolia trazidas pela pandemia, ela adaptou os serviços oferecidos para atender comemorações intimistas, em família. Foi com essa “virada de chave” que a empresa conseguiu manter pelo menos 50% do faturamento e evitar demissões.
Rotina gratificante
“Minha meta não era ter lucro, mas manter o negócio. Grande parte dos comerciantes perdeu tudo e não está faturando nada. Conseguimos porque nos movimentamos rápido”, destaca Anete.
Os chamados Kits Festa Em Casa são contratados por Whatsapp e incluem desde itens para montar a mesa, seja ela de que tamanho for, ao bolo, que leva assinatura de pâtisseries locais. De acordo com Anete, piqueniques requintados ao ar livre, para poucas pessoas, estão entre os mais pedidos. “Vamos manter esse tipo de serviço após a pandemia com certeza”, adianta.
Aos poucos, o movimento da loja vai resgatando o modus operandi de meses atrás, mas com novos protocolos de segurança. O que também mudou foi a rotina de Anete que acabou ficando mais próxima de clientes e colaboradores.
“Eu estava responsável por burocracias, mas resolvi colocar a mão na massa e estou adorando. Além disso, não demitir funcionários e ver todo mundo unido e engajado é muito gratificante”, conclui.
Anete Carrad, proprietária da A Garimpeira Festas
Inovar para crescer
À frente da Lá Fora Piqueniques Criativos, Magna Gonçalves também soma a esse time de empreendedores brasileiros que precisou ter jogo de cintura na pandemia para dar sequência aos negócios. Dona de um business focado em grandes eventos ao ar livre, a moradora do DF de 47 anos se viu forçada a inovar para não ver a única fonte de renda da família ruir. “Me encontrei em uma situação em que ou mudava meu modus operandi ou declarava falência”, desabafa a empresária.
Para agravar o cenário já preocupante, as medidas de distanciamento social foram adotadas no país quando Magna voltava de um período naturalmente de baixa nos negócios, ou seja, o fluxo de caixa já estava praticamente no vermelho antes mesmo da crise começar.
“Todos os anos, entre novembro e fevereiro, época de chuvas em Brasília, minhas demandas caem. Por isso, sempre me planejo financeiramente para enfrentar essa fase, vislumbrando retomar o ritmo em março”, conta ela. “Com a chegada imprevisível do novo coronavírus, isso não foi possível e me vi no momento mais desafiador de minha carreira sem reserva financeira”, revela.Piquenique indoor e mais estratégias
Sabendo que precisava ser ágil para salvar a empresa, a empreendedora, logo nos primeiros dias de pandemia, estudou as ações de crise dos concorrentes e começou a bolar as próprias estratégias de sobrevivência no mercado. A primeira delas foi lançar uma campanha de incentivo para clientes remarcarem festas já programadas, em vez de optarem pelo cancelamento. Dessa maneira, evitou dezenas de reembolsos.
Outra solução fundamental para os negócios, segundo Magna, foi passar a vender vouchers com descontos para eventos pós-quarentena, destinando parte dos lucros a instituições de caridade. “Disparei essa ideia com cunho social em listas de transmissão no WhatsApp e o resultado foi puro sucesso”, comemora.
Como terceira e última manobra, Magna bolou táticas com o objetivo de levar os minieventos para dentro da casa dos clientes. A empresária passou a compartilhar, no Instagram, inspirações de piqueniques indoor e soluções para festas pequenas em família. Se antes ela fazia eventos para até 400 pessoas, hoje ela aluga peças para festas íntimas na sala de estar. “Ou planejo comemorações familiares em parques já reabertos, com todas as medidas de proteção cabíveis”, adiciona.
Crédito para seguir em frente
Seja qual for o crédito que você precisa, o BRB oferece cartões com vantagens exclusivas, seguros personalizados e diversas linhas de crédito. Do Agrário ao Imobiliário, para Pessoa Física e Jurídica também. Com condições especiais, para você se reinventar e seguir em frente.
Apesar dos pesares, ela diz enxergar a crise como um período frutífero para crescer. “A duras penas, aprendi muito, fidelizei clientes e, após o sucesso das estratégias adotadas, consegui recontratar minha assistente, demitida no início da pandemia por corte de gastos”.
Relações com fornecedores e equipe
De acordo com Ana Clevia Guerreiro, analista da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, é comum, em um processo de crise, o empreendedor fazer uma revisão do processo de gestão e usar da criatividade para se reinventar. Ao menos para gerar alguma receita enquanto o momento que afeta o segmento diretamente chegue ao fim.
Segundo o Sebrae, 35% dos empresários da área conseguiram negociar crédito para utilizar futuramente. Outro dado que vale destaque: 25,2% dos entrevistados estão fortalecendo a relação com o próprio mercado, como colegas de segmento ou fornecedores. “Eles observaram que podiam cortar despesas que não eram essenciais. Alguns, inclusive, remodelaram o modelo de negócio”, avalia Ana Clevia. A inovação deve estar na essência de qualquer medida adotada neste momento. “Existem muitos procedimentos que podem ser digitalizados”, emenda.
É hora, também, de exercer o papel de liderança e, paralelamente, implementar uma gestão mais humanizada. “Em um momento como esse, todas as margens de lucro têm que ser revistas”, complementa a representante do Sebrae. Além de posicionar-se bem nas redes sociais, é necessário trabalhar marca e conteúdo. “É fundamental manter o relacionamento com o cliente”, diz. Isso não se faz apenas nas redes sociais, mas também em reuniões e agendas que gerem proximidade, ainda que sejam feitas via chamadas de vídeo.
A analista enfatiza, ainda, que há um conjunto de negócios e toda uma cadeia produtiva que se beneficia da realização de eventos. As ações em drive-in, por exemplo, desde que seguindo protocolos de segurança, são outra possibilidade, para além das ações indoor, como piqueniques e pequenas comemorações.
Como divulgar seu produto ou serviço na internet
A web oferece um mundo de possibilidades para promover — em outras palavras, dar publicidade — seu produto ou serviço: sites, blogs, portais, redes sociais, aplicativos e anúncios dos tipos mais diversos. Qual o grande objetivo disso tudo? Atrair clientes.
O processo de atrair, gerar conversão e reter clientes por meio da geração de valor é conhecido como marketing. Uma das maiores referências no assunto é Philip Kotler. Segundo o estudioso, há cinco princípios indispensáveis para se ter sucesso no marketing digital. Todos começam com a letra “A”: atenção, atração, aconselhamento, ação e advocacia.
Porém, antes de colocá-los em prática, é importante que você conheça o seu cliente. Quem ele é? Quais plataformas utiliza? Feito isso, agora responda: quantas presenças digitais você consegue administrar bem? A pedido do Metrópoles, a professora, business intelligence e data marketing Karen Alberti reuniu algumas dicas de aplicação dos 5As de Philip Kotler:
1º A: consiga a atenção do cliente. “Nesta etapa você pode usar vídeos tutoriais, contratar influenciadores ou ainda fazer anúncios pagos direcionados exclusivamente para seu público”, sugere Karen.
2º A: atraia o potencial de consumo do usuário, para que ele use seu produto/serviço ou saiba para que ele serve. “Um teste de 30 dias, uma amostra para degustação ou um cupom de desconto são exemplos de estratégias para essa etapa do processo. O objetivo aqui é seu cliente dizer ‘eu gostei do que eu consumi’”.
3º A: disponibilize publicamente os feedbacks de outros clientes para futuros consumidores vejam. “Incentive avaliações, pergunte como foi o atendimento via WhatsApp e se possível, grave vídeos com os melhores clientes. O objetivo aqui é que ele pense ‘estou convencido, esse produto/serviço é para mim’”.
4º A: ação. Ao comprar, o cliente precisa ser bem atendido. Não adianta ter uma boa comunicação na internet se a empresa não prestar um bom serviço no mundo offline. A web, especialmente as redes sociais, é uma vitrine do que acontece fora dela.
5º A: Se você fez tudo certo até agora, parabéns. Terá advogados da sua marca que vão te recomendar e, assim, prospectar novos clientes. Um estudo da Gartner afirma que 89% das empresas irão competir com seus concorrentes, essencialmente, pela experiência do cliente. “Coisas simples, como uma embalagem bonita e/ou um bilhete de agradecimento pela compra daquele produto, dizendo que ele está incentivando comércio local, por exemplo, fazem toda a diferença na experiência de compra”, destaca a especialista.