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Débora Bráz passou por um período bastante conturbado em julho de 2016. Na época, a então empresária sofreu um acidente vascular cerebral e teve um aneurisma diagnosticado, o que a manteve por cinco meses em coma. O episódio fez com que perdesse a oficina no Rio de Janeiro e, consequentemente, praticamente todos os bens materiais pela falta de dinheiro. Contudo, depois de recuperar a saúde, Débora decidiu recomeçar a vida como motorista de aplicativo pela plataforma da 99. Hoje, voltou a ter estabilidade financeira, e até ganhou uma festa com a temática da empresa 99 para comemorar os 50 anos.
“Consegui mobiliar minha casa inteirinha, resgatei o meu direito de ter o carro próprio e agora tenho uma vida confortável, não de rica, mas bem confortável para mim. Supre todas as minhas vontades e vaidades”, assegura Débora. Ela conta que é apaixonada pelo que faz e que até hoje tem contato com os dois primeiros passageiros que atendeu.
Assim como Débora, milhões de brasileiras e brasileiros ingressaram na chamada nova economia, de matriz altamente tecnológica. Graças a essas plataformas, que geram renda para motoristas, entregadores, entre outros profissionais, é que eles poderão festejar o Dia do Trabalho fazendo parte da população economicamente ativa do país, aumentando a arrecadação de impostos.
“O trabalho com intermediação de aplicativos está presente em todo o mundo. Ele oferece inovação, ferramentas adicionais de segurança, flexibilidade e autonomia para trabalhar. E isso está começando a ser reconhecido pelas políticas públicas globais”, afirma Rodrigo Ferreira, gerente de Relações Institucionais da 99.
No Brasil, o governo federal está compondo uma comissão tripartite, envolvendo representações de trabalhadores, de empresas e da União para discutir como construir uma regulamentação que leve em conta as especificidades dessa nova relação de prestação de serviços. Um dos temas que devem ser debatidos é a Seguridade Social.
“A 99 defende um regime de proteção a esses parceiros autônomos por meio da Seguridade Social, pois são trabalhadores como os demais, só estão em um novo formato de modelo de exercício de atividade remunerada. Aí está o ponto crucial do debate: incluir essa importante parcela da população com isonomia e manter a segurança jurídica das empresas que facilitam o dia a dia e o aumento de ganhos dessas pessoas.”
Rodrigo Ferreira, gerente de Relações Institucionais da 99
Esse debate sobre o trabalho na nova economia impactará milhões de famílias brasileiras que hoje utilizam ganhos obtidos por intermediação dessas plataformas. O mais recente estudo sobre essa nova atividade econômica, divulgado dias atrás pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), analisou pela primeira vez dados de corridas e entregas fornecidos por 99, iFood, Uber e Zé Delivery, empresas associadas à Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia).
“Por isso, é importante que essa discussão seja conduzida de forma a atender a todas as partes envolvidas e reduzir possíveis efeitos negativos para a sociedade como um todo”, explica Ferreira. “Muito se fala sobre esses profissionais que trabalham com intermédio de aplicativos, mas pouco se sabia. São pessoas, em sua maioria, com Ensino Médio completo e que ganham mais de dois salários mínimos fazendo jornada menor.”
Segundo o estudo, a flexibilidade de horários é o principal atrativo da atividade em aplicativos para os trabalhadores, seguido dos ganhos. Atualmente, 48% dos entregadores e 37% dos motoristas têm outros trabalhos, dos quais cerca de 50% e 40% com carteira assinada, respectivamente.
Jornada e ganhos
A jornada média de trabalho de motoristas que conseguem corridas com a intermediação feita por aplicativos está entre 22 e 31 horas semanais, enquanto para entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais, segundo a pesquisa do Cebrap.
Atualmente, conforme o Cebrap, cerca de 1,660 milhão de pessoas no Brasil atuam somente no setor de transporte individual e delivery, sendo 1.274.281 motoristas e 385.742 entregadores. Quase a totalidade é do sexo masculino (97% dos entregadores e 95% dos motoristas). A média de idade é de 33 anos (entregadores) e de 39 anos (motoristas) e a maior parte possui Ensino Médio completo (cerca de 60% dos motoristas e entregadores).
A pesquisa revela que 71% dos motoristas que utilizam aplicativos para trabalhar apontam a flexibilidade como uma das principais vantagens e cerca de 60% deles querem continuar trabalhando com as plataformas.
Silvana Ribeiro, por exemplo, está há cinco anos e meio como motorista parceira da 99 em São Paulo. Formada em Administração de empresas, antes de começar a carreira como motorista de aplicativo, ela trabalhava com telemarketing em uma distribuidora de medicamentos.
Após um período no trabalho, acabou sendo demitida e, como forma de não ficar sem renda se cadastrou. “Mas o negócio deu super certo e hoje o que eu mais prezo na parceria com a empresa é a possibilidade de autonomia financeira.”
“Eu apadrinho uma média de 50 novos motoristas por mês. É muito bom passar a experiência para a frente, ver que posso ajudar outras pessoas a encontrarem uma forma de sobreviver com dignidade, explicar como utilizar as mais de 50 funcionalidades de segurança antes, durante e depois das viagens e ensinar que o respeito é a palavra-chave na relação entre motorista e passageiro. Para isso, temos até o Guia da Comunidade”, ressalta Jefferson da Silva Gonçalves, motorista de aplicativo em São Paulo há cinco anos e “Amigo Anjo” da 99, um grupo de profissionais que orienta novos parceiros que ingressam na plataforma.
No fim de 2022, Jefferson, inclusive, conquistou o prêmio de motorista mais bem avaliado do Brasil. De tanto rodar as ruas da cidade, ele acumula dicas que fazem parte do dia a dia e compartilha essa experiência com os demais parceiros, inclusive pela internet. “Olha, eu gosto do que faço e de passar para a frente o que aprendi nessa atividade.”