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“Projeta-se que o PIB per capita do Nordeste apresente crescimento superior a 50% até 2030, crescendo mais do que o do Brasil”, afirmou o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, no evento “Nordeste em Pauta: a importância da região para o desenvolvimento do país”, promovido pelo Portal Metrópoles, em parceria com o BNB, nessa terça-feira (26/3).
Além dele, estiveram presentes para debater as possibilidades de crescimento da região, a secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (SDR/MIDR), Adriana Melo Alves; a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; o diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); Aristides Monteiro Neto; e Luiz Esteves, assessor especial da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe).
O talk está disponível completo no YouTube do Metrópoles:
Antes do início do debate, a CEO do Metrópoles, Lilian Tahan, trouxe informações importantes para dar um norte ao evento. “O PIB nordestino representou 13,6% do PIB brasileiro na média de 2002 a 2020, de acordo com dados do Sistema de Contas Regionais do IBGE. Lembrando que, em 2003, essa participação chegou a menor da série histórica, com 12,8%. Mas, a partir de 2014, o crescimento voltou e bateu o maior percentual em 2017, com 14,5%.”
“Devemos reconhecer o papel crucial do Nordeste na história do Brasil. Foi nessa região que ocorreram eventos fundamentais que moldaram a trajetória do nosso país, desde os tempos coloniais até os dias atuais.”
Lilian Tahan, CEO do Metrópoles
Em seguida, tomou a palavra o presidente do BNB, Paulo Câmara, para explicar a importância da instituição para o Nordeste. “O Banco é responsável pelo financiamento de 54% do crédito de longo prazo da região. Ou seja, o financiamento de políticas públicas na região passam efetivamente pelo Banco do Nordeste, como também dos diversos setores produtivos.”
Câmara também enfatizou que mais de 60% dos financiamentos são focados em micro e pequenos empresários; e que as ações da entidade são planejadas pensando nas diferenças culturais e de bioma de cada um dos nove estados nordestinos.
“O Nordeste é uma região de oportunidades, e o governo federal, sob liderança do presidente Lula, colocou como prioridade. É só observar os programas lançados no ano passado, como o Plano Safra e o novo PAC. A região Nordeste está recebendo um olhar diferenciado. E o Banco do Nordeste foi alçado a trabalhar efetivamente para avançar nos investimentos da região.”
Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste
Após as falas iniciais, a jornalista Vanessa Oliveira convidou o colunista Guilherme Amado para mediar a conversa com os convidados.
Crescimento do Nordeste x desenvolvimento social
No debate, conduzido por Amado, foram discutidos temas como crescimento econômico, cenário de oportunidades, desenvolvimento social, seca, além da Reforma Tributária.
A respeito do desafio de equilibrar o crescimento econômico e o desenvolvimento social, Paulo Câmara afirmou que políticas públicas vêm sendo implantadas. “Com essa prioridade e governos estaduais bem alinhados, estamos vendo uma gestão diferenciada, uma gestão que pode fazer diferença nas políticas públicas. Então, há um otimismo de que isso vá melhorar, os números já mostram isso, de crescimento econômico maior do que o do país.”
Já sobre as oportunidades que a região pode oferecer, a governadora Fátima Bezerra destacou a importância do Consórcio Nordeste, do qual é presidente. “A partir de 2019, o modelo ganhou força trazendo um debate programático, um espaço de articulação de soluções conjuntas, em meio a um momento de falta de diálogo político com a região. Inclusive, o consórcio agora está cada vez mais motivado e preparado para exercer o seu papel de unidade política.”
A governadora ainda frisou o quanto o PAC está impulsionando o Nordeste, que recebeu cerca de R$ 700 bilhões para programas de acesso à água, transporte, logística, energias renováveis, entre outros, colocando a região no foco de agendas contemporâneas tanto nacionais quanto internacionais.
Já a secretária nacional do SDR/MIDR, Adriana Melo, trouxe ao debate informações sobre os lugares que mais precisam de ajuda social, como Maranhão e Alagoas. “Esses estados apresentam desigualdades intrarregionais, como alto índice de pobreza, baixa escolaridade e inacessibilidade ao crédito. Tudo isso afeta economicamente. Por isso, é preciso de políticas públicas de inclusão e socioprodutiva, como o PAC, Indústria Brasil e Pronav. Esses grandes pacotes de investimento necessitam de estimulação.”
Diretor do IPEA, Aristides Monteiro abordou a melhora das políticas públicas. “Apesar de a nossa região ter vivido por muito tempo uma decadência, o Nordeste cresceu 13,5% em pouco tempo. Isso não é pouco. Hoje, deixamos de ser um problema e começamos a fazer parte da solução, afinal, somos produtores e exportadores de energia renovável. Isso é atual e muito importante”, salientou.
Luiz Esteves, assessor especial da CAF, aproveitou o momento para falar sobre a importância do Nordeste como centro da solução climática. “Quando se falava de recurso na região, só se falava do problema da falta de água, hoje quase não se fala mais disso. Agora, o problema do Nordeste não é um recurso escasso, mas abundante. Hoje, ele está no centro das discussões da transição climática. Com um protagonismo mundial.”