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Recentemente, durante o 74° Congresso da Fifa, pela primeira vez na história do esporte o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2027. Entre os 10 estádios apresentados na proposta brasileira, a previsão é de que o jogo de abertura, no dia 24 de junho, e a final, em 25 de julho, ocorram no estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.
Além do peso simbólico do Maracanã, ele foi um dos estádios reconstruídos para receber a Copa do Mundo de 2014. E uma pessoa lembra com carinho desse momento, ou melhor, desse desafio iniciado há 14 anos, o baiano Gustavo Maia.
Formado em ciências contábeis pela Universidade Católica de Salvador e com uma vasta experiência em grandes empreendimentos, Maia encarou não apenas o desafio de ser o gerente financeiro da obra, mas também comandou os setores de recursos humanos e de administração.
Começo da trajetória
Ele iniciou a carreira em 2008, na Bahia, em uma das mais importantes e conhecidas empresas de construção do país, a Construtora Norberto Odebrecht, hoje reconhecida como Novonor. De imediato, já foi para São Luís, no Maranhão, onde participou de um grande projeto da Vale do Rio Doce como responsável financeiro do empreendimento.
“O primeiro projeto em que trabalhei para a Vale envolveu três grandes obras simultâneas: a Pera Ferroviária, a Laje de Fino e o Virador de Vagões. Esses projetos abrangiam uma obra ferroviária, uma marítima e uma civil”, relembra.
Maia conta que o projeto foi desafiador devido à mobilidade, à formação de uma nova equipe e às adaptações necessárias às culturas da empresa, do cliente, dos colegas de trabalho e da cidade. “Essa experiência foi fundamental para me preparar para futuros desafios em outros empreendimentos.”
Durante o período em São Luís, Gustavo Maia ainda participou de vários projetos como os estudos para a duplicação da Ferrovia Carajás e a construção do Píer IV, ambos da Vale.
Chegada ao Maracanã
Com o início das obras de ampliação e reforma dos estádios de futebol onde seriam disputados os jogos da Copa do Mundo de 2014, Maia foi transferido para a maior obra de todas elas, a reforma do Maracanã, em agosto de 2010.
Nessa obra no Rio de Janeiro, chegou como responsável financeiro e logo assumiu também o setor de Recursos Humanos. Em abril de 2012, acumulou ainda o cargo de responsável administrativo.
“Inicialmente, foi assustador assumir essas novas áreas, já que não tinha experiência prévia nelas. No entanto, eu já tinha muito contato com as pessoas desses setores, o que facilitou a adaptação”, ressalta. “Com o tempo, fui ficando mais confortável e acabei gostando muito, pois a dinâmica era bem diferente da área financeira.”
“Liderar uma equipe de milhares de trabalhadores em um projeto tão grande foi uma experiência desafiadora, mas extremamente enriquecedora.”
Gustavo Maia
Desafios da obra
Aos 35 anos, Maia encarou o maior desafio da carreira. Para ter uma ideia do tamanho da situação, em 2012 e 2013 havia em torno de 6.700 pessoas trabalhando na obra do Maracanã sem parar, 24 horas por dia, todos os dias da semana.
“Quando assumi o RH, enfrentamos nossa primeira greve. Felizmente, eu contava com o apoio de um líder muito experiente, com muitos anos de empresa. Juntos, trabalhamos nas demandas para as negociações”, conta. “Conseguimos chegar a um acordo e estabelecer uma convenção coletiva específica para os trabalhadores do Maracanã, diferenciada da convenção do estado do Rio de Janeiro. Isso foi fundamental para contornar a situação e manter o projeto em andamento.”
A questão dos direitos trabalhistas foi apenas um dos feitos de Maia na empreitada. “O movimento financeiro dessa obra era bastante elevado, então implementamos a política de realizar dois pagamentos semanais. Esse alinhamento envolveu as áreas de suprimentos e contratações para garantir uma maior eficiência. A única exceção era em relação aos benefícios dos trabalhadores.”
“Durante a execução da obra, eu desenvolvi e implementei um sistema de controle para melhorar as condições para a consolidação, aprovação e acompanhamento financeiro, garantindo que as metas da reforma fossem cumpridas dentro dos prazos estabelecidos.”
Gustavo Maia
No fim, a entrega foi um sucesso; e receber o Mundial foi uma festa por todo o país. Só não foi melhor porque quem levou o título não foi a Seleção Brasileira. A final foi entre Alemanha e Argentina, com vitória da seleção alemã.
Em águas internacionais
Após deixar a marca dele no Maracanã, Maia expandiu os horizontes, assumindo desafios internacionais. Devido ao sucesso do sistema de execução que implementou no Maracanã, foi convidado para uma empreitada internacional na Venezuela, em 2015, onde comandou o planejamento financeiro das obras da Odebrecht no país. Depois, em 2016 e 2017, assumiu os cargos de gerente administrativo e financeiro na obra da terceira ponte a ser construída.
“Na Venezuela, o principal desafio era cumprir os prazos rigorosos da empresa, alinhados às exigências do planejamento financeiro do país. Todos os meses, eu reportava a consolidação das realizações das obras e, a cada trimestre, realizávamos revisões e consolidações do planejamento financeiro”, explica.
Para ele, as entregas mais importantes incluíram a garantia do cumprimento das metas financeiras rigorosas, assegurando a continuidade e o sucesso dos projetos internacionais. “Vale lembrar que minha trajetória profissional já havia começado antes da Odebrecht, o que me deu uma base sólida para enfrentar esses desafios.”