metropoles.com

Investir em política industrial é caminho para geração de empregos

Plano de Retomada da Indústria da CNI propõe investimentos em tecnologia, pesquisa, saúde e segurança sanitária no Brasil

Rob Lambert / Unsplash
Fotografia colorida de soldador-Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida de soldador-Metrópoles - Foto: Rob Lambert / Unsplash

atualizado

Após um período de desindustrialização acelerada no Brasil, investir em políticas industriais modernas é essencial para recuperar a força do setor e solucionar problemas socioeconômicos do país, além de expandir a importância brasileira no mercado exterior. A jornada não será fácil, mas é possível de se alcançar com um conjunto de ações que visam ao crescimento da nação por meio da industrialização.

O setor industrial brasileiro responde hoje por 69,3% das exportações de bens e serviços e representa 66,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento no país, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A cada R$ 1 produzido pela indústria, são gerados R$ 2,44 na economia brasileira. Esse valor é o maior em relação a outros setores, como a agropecuária, por exemplo, que gera R$ 1,75. Outro fator relevante é que as indústrias participam em 21,2% dos empregos formais no país e empregam mais de 10 milhões de brasileiros, conforme o Perfil da Indústria Brasileira, da CNI.

Contudo, o setor industrial brasileiro teve uma participação moderada no Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, que foi de 23,9%. Esse porcentual já chegou a 48%, em 1985, de acordo com estimativas da CNI, com base em dados do IBGE.

Uma das razões apontadas para essa queda é a ausência de uma política industrial efetiva e de longo prazo. Nos tempos atuais, as políticas industriais respondem a desafios relevantes da sociedade, sendo orientadas por missões. Também levam em conta as grandes transformações em curso no mundo, como a digitalização, o combate à crise climática, a busca por aumentar nossa resiliência e reduzir vulnerabilidades.

“Por meio de uma multiplicidade de ações, a indústria consegue diminuir a desigualdade social do Brasil e criar uma mão de obra qualificada, melhor infraestrutura e investimentos na educação e saúde.”

Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)

“É essencial que o país cresça para reduzir a pobreza e as desigualdades, melhorando a qualidade de vida da população, marca fundamental do verdadeiro desenvolvimento econômico, tecnológico e social que todos desejamos atingir”, completa Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.

Para apoiar a retomada do crescimento do País, a CNI projetou o Plano de Retomada da Indústria, com quatro missões prioritárias, que respondem a problemas sociais relevantes, além de apresentar 60 ações de alcance horizontal, para melhorar o ambiente de negócios brasileiro. A estratégia está construída em bases modernas, alinhada a um movimento que é mundial.

“Em meio à falta de um consenso na sociedade e uma estratégia estável de desenvolvimento de longo prazo, a indústria tem um papel fundamental, devido à sua importância em si e aos multiplicadores.”, pontua João Carlos Ferraz, ex-vice-presidente e diretor executivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e professor titular do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ).

Impactos da falta de uma política industrial de longo prazo no Brasil

Mais do que promover o crescimento socioeconômico, a necessidade de uma política industrial efetiva no Brasil vem, também, como uma forma de corrigir erros do passado. Em paralelo à industrialização tardia — em comparação aos Estados Unidos e à Europa —, desde a década de 1990 o país vem sofrendo uma desindustrialização, que é o processo de redução da força da indústria, como pontua Júlio Gomes de Almeida.

Uma das causas desse processo é o “Custo Brasil”, expressão que se refere ao “conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento do país”, como define a CNI. O “Custo Brasil” subtrai R$ 1,5 trilhão das empresas todo ano, conforme estudo do Movimento Brasil Competitivo.

“O Custo Brasil implica desvantagens competitivas e custos adicionais para as empresas industriais brasileiras. Este cenário não teria sentido em caso de um ambiente com estabilidade econômica de longo prazo e em um país em consenso sobre os seus rumos de desenvolvimento”, completa Ferraz.

Esse custo está refletido, por exemplo, no investimento para se instalar uma siderúrgica no Brasil, que é 10,6% mais alto do que em outros países. O número é resultado dos “impactos diretos e indiretos dos tributos sobre bens e serviços”, afirma pesquisa da CNI com a E&Y.

A reforma tributária, que visa a simplificação do formato de pagamento de tributos no Brasil, é um dos caminhos para a neoindustrialização brasileira, termo que se refere ao processo de reindustrialização do país na era digital.

Ao implementar uma política industrial efetiva, o Brasil pode conquistar maior integração no comércio internacional, com o aumento de exportações e influência. Outras economias já seguiram esse processo: os 84 países que representam mais de 90% do PIB mundial criaram, nos últimos 10 anos, políticas ativas de apoio às respectivas indústrias.

“Se a indústria voltar a crescer, o PIB cresce mais ainda, porque tem uma capacidade de puxar o crescimento econômico e social brasileiro mais do que os outros setores”, acrescenta o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida.

“As economias mais desenvolvidas têm desenhado estratégias de fomento ao desenvolvimento produtivo e tecnológico que moldam as bases da indústria do século 21”, garante Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. “As preocupações com a digitalização e a descarbonização da economia se materializam na forma de subsídios e incentivos fiscais à indústria e de medidas com viés protecionista, que podem se converter em concorrência desleal ou em novas barreiras ao comércio e aos investimentos.”

“É fundamental que o Brasil tenha uma clara e consistente estratégia de desenvolvimento industrial para enfrentar esse complexo cenário global.”

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

Plano de Retomada da Indústria da CNI

O Brasil está em busca da neoindustrialização, com estímulos para a renovação da indústria brasileira, para se tornar mais inovadora, sustentável e integrada ao mundo. Com o objetivo de contribuir para este movimento, a CNI apresentou o Plano de Retomada da Indústria, que contém propostas, de curto, médio e longo prazo, com incentivos à indústria, à inovação e à digitalização, seguindo também os preceitos de sustentabilidade, como descarbonização e energia limpa, entre outros.

O plano da CNI, já absorvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), contribui para o desenho das políticas focadas em missões, geralmente de longo prazo, que escolhem problemas sociais relevantes, e buscam resolvê-los, com metas .

“São as políticas estatais que induzem e direcionam prioridades para o investimento privado, aqui e em todo o mundo. A atração de investimentos, a maior integração internacional, o aumento das exportações e a ampliação do acesso das empresas brasileiras ao mercado externo requerem políticas de apoio, como o adequado financiamento e garantias públicas para operações não cobertas pelo mercado privado, assim como a criação de um ambiente regulatório que estimule o desenvolvimento tecnológico e a inovação”, conforme destaca o presidente da CNI.

Missões da CNI:

  • Saúde e segurança sanitária
    O objetivo é universalizar o acesso e promover o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e serviços.
  • Defesa e Segurança Nacional
    Tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de elos estratégicos das cadeias do complexo industrial da defesa e segurança nacional, com foco em tecnologias de uso dual.
  • Descarbonização
    Foca em desenvolver uma Economia de Baixo Carbono, com estímulos à descarbonização da indústria, à eficiência energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular.

 

  • Transformação Digital
    Objetivo de capacitar as empresas brasileiras, em especial as de pequeno e médio porte, para que possam ampliar a escala de mercado e, assim, habilitar-se a participar de cadeias globais de fornecimento.

CNI

Site | Twitter | Facebook | Instagram | Linkedin

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?